Celebração faz parte do Jubileu que celebra os 350 anos das aparições de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, ocorrida entre os anos de 1673 e 1675 na França
Kelen Galvan
Da redação

Foto: Pintura de Carlo Muccioli no altar da Basílica de São Pedro
Foi em 16 de junho de 1675 que Jesus apareceu pela última vez a Santa Margarida Alacoque. Esta data celebrativa faz parte do Jubileu pelos 350 anos destas aparições do Sagrado Coração ocorridas em Paray-le-Monial na França. Este período jubilar começou em dezembro de 2023 e irá terminar no dia 27 de junho de 2025, dia da Solenidade do Sagrado Coração.
Santa Margarida recebeu inúmeras aparições de Jesus ao longo de um ano e meio, nas quais Ele lhe revelou o seu Sagrado Coração e pediu a devoção. De fato, essas aparições foram cruciais para que a devoção se propagasse.

Padre Eliomar Ribeiro / Foto: Arquivo Pessoal
“É do Coração de Jesus que brota toda a vida da Igreja. O alcance dessa devoção nos dias de hoje tem ainda um valor muito grande. Hoje a gente percebe que muitas pessoas têm uma grande devoção ao Coração de Jesus, muitas congregações religiosas nasceram dessa espiritualidade, que continua gerando e nutrindo toda a vida da Igreja”, destaca o diretor nacional do Apostolado da Oração, agora chamado de Rede Mundial de Oração do Papa, Padre Eliomar Ribeiro.
O Apostolado da Oração está intimamente ligado à devoção ao Sagrado Coração de Jesus, pois ao ser aprovado pelo Papa Pio IX como uma associação de fiéis, que nasceu para oferecer a vida e rezar pela missão da Igreja, o Santo Padre lhes pediu uma segunda missão: “cuidar da devoção ao Sagrado Coração de Jesus na Igreja”.
Padre Eliomar explica que, atualmente, a propagação desta devoção acontece de vários modos, sobretudo na consagração das famílias ao Coração de Jesus e a entronização nas casas, e também pela consagração pessoal.
“Isso pode acontecer no Apostolado da Oração, como também além do apostolado. As pessoas podem se consagrar ao Coração de Jesus e depois ir espalhando as estampas do Sagrado Coração para que outros possam crescer, cada vez mais, no amor, no desejo de viver a sua vida com mais mansidão e mais humildade”, exemplifica.
As três grandes aparições
Dentre tantas aparições a Santa Margarida, três ganharam destaque. A primeira foi a que deu início às aparições, no dia 27 de dezembro de 1673. Nesta ocasião, Jesus apareceu à religiosa, mostrou-lhe o seu coração dilacerado e revelou seu grande amor para com os homens. Ele explicou que esta devoção a seu coração é o “último esforço de seu amor” para levar a redenção aos homens e restabelecer seu Amor nos corações.
A data da segunda grande aparição não é especificada, mas segundo a tradição foi em uma primeira sexta-feira do mês, no ano de 1674. Nesta aparição Jesus revela que seu amor pelos homens não é retribuído, mas ofendido e desprezado. Por isso, pede à Santa Margarida o ato de reparação pela ingratidão dos homens. E deste pedido nasce a Hora Santa, celebrada em muitos lugares na primeira sexta do mês.
A terceira e última aparição foi em 16 de junho de 1675. Com o peito aberto e apontando o próprio coração, Jesus disse: “eis o Coração que tanto tem amado os homens, que nada tem se poupado até se esgotar e consumir para testemunhar-lhes o seu amor. E em reconhecimento não recebo da maior parte deles senão ingratidões por meio das irreverências e sacrilégios, tibiezas e desdéns que usam para comigo neste Sacramento de amor. E o que me custa é serem corações a mim consagrados os que assim me tratam”.
Foi nesta última aparição que Jesus pediu a Santa Margarida que fosse instituída uma festa especial para honrar seu coração: “Peço-te que a primeira sexta-feira depois da oitava de ‘Corpus Christi’ seja dedicada a uma festa especial, para honrar o meu Coração, comungando neste dia, e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de desagravo para reparar as indignidades que recebe durante o tempo que fica exposto sobre os altares. Eu te prometo que o meu Coração se dilatará, para derramar com abundância as influências do seu divino amor sobre os que lhe tributarem esta honra e procurarem que outros lha tributem”.

Destaque do Coração de Jesus / Foto: Pintura de Pompeo Batoni
Histórico da Devoção
O primeiro reconhecimento da Igreja ocorreu quando o padre João Eudes recebeu do Papa Clemente X, entre os anos de 1674-1675, a aprovação de confrarias ligadas ao Sagrado Coração de Jesus, o que significou uma aprovação indireta a esta devoção.
No ano de 1765, o Papa Clemente XIII aprovou uma festa litúrgica do Sagrado Coração para Roma e Polônia.
Em 1794, através da Constituição Apostólica “Auctorem Fidei” (O Autor da Fé), o Papa Pio VI contribuiu historicamente ao declarar que a devoção é algo essencial.
Depois em 1856, o Papa Pio IX aprovou a dedicação do mês de junho ao Sagrado Coração e a divulgação oficial da imagem segundo as revelações de Santa Margarida. E ampliou a festa litúrgica para toda a Igreja, em âmbito universal.
No dia 11 de junho de 1899, o Papa Leão XIII publicou a Encíclica “Annum Sacrum” (Ano Sagrado) sobre a consagração da humanidade ao Sagrado Coração de Jesus. Esta foi a primeira encíclica papal que falou sobre esta devoção.
Foi Leão XIII também que aprovou a Ladainha do Coração de Jesus e exortou a participação dos fiéis nas primeiras sextas-feiras de cada mês.
No dia 13 de maio de 1920, o Papa Bento XV canonizou Santa Margarida Maria Alacoque em Roma, e em 1921 aprovou a Missa e o ofício próprio para a festa litúrgica.
Outros documentos papais
Em 8 de maio de 1928, o Papa Pio XI promulgou a Encíclica “Miserentissimus Redemptor” (Misericordiossímo Redentor), a segunda na história, sobre a expiação que todos devem ao Sagrado Coração de Jesus.
Em 15 de maio de 1956, o Papa Pio XII escreveu a Carta Encíclica “Haurietis Aquas” sobre o culto e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
Em 06 de fevereiro de 1965, o Papa Paulo VI escreveu uma Carta Apostólica “Investigabiles Divitias Christi” (As Riquezas Inescrutáveis de Cristo), que ressalta a necessidade de os fiéis prestarem culto ao Sagrado Coração, tanto em práticas privadas de piedade quanto em manifestações públicas.
O Papa João Paulo II, durante o seu pontificado, referiu-se , várias vezes, referiu-se ao Coração de Jesus. Na Encíclica “Dives in Misericordia” (Deus rico em Misericórdia), publicada em 30 de novembro de 1980, o Pontífice afirmou que “a Igreja parece professar de modo particular a misericórdia de Deus e venerá-la, voltando-se para o Coração de Cristo”.
Em 2005, a primeira encíclica do Papa Bento XVI foi “Deus Caritas est” (Deus é Amor), que trata fundamentalmente do amor divino para com o ser humano.
Por fim, o Papa Francisco escreveu a Carta Encíclica “Dilexit nos” (Amou-nos”) sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus.
(Informações: Site da Associação Apostolado do Sagrado Coração de Jesus – AASCJ)