Francisco frisou que um mundo dividido como o atual ameaça a capacidade de sonhar, importante para a abertura ao diálogo e na busca de um mundo melhor
Da Redação, com Vatican News
“Não percam a capacidade de sonhar com um mundo melhor”. Esta foi a exortação do Papa Francisco aos membros do DIALOP (“Transversal Dialogue Project”), grupo empenhado em promover o bem comum por meio do diálogo, ao recebê-los em audiência nesta quarta-feira, 10, antes da Audiência Geral.
No início de sua fala, o Pontífice recordou um escritor sul-americano que disse que “os homens têm dois olhos, mas um de carne e outro de vidro: com o primeiro, eles veem o que olham, e com o outro, o que sonham”. Ele frisou que, em um mundo tão dividido por guerras e polarizações quanto o atual, corre-se o risco de perder a capacidade de sonhar.
“Não recuem, não desistam, não parem de sonhar com um mundo melhor. Pois é na imaginação que a inteligência, a intuição, a experiência e a memória histórica se unem para criar, aventurar-se e arriscar”, declarou o Santo Padre.
Abertura ao diálogo
Ele destacou que, ao longo dos séculos, grandes sonhos de liberdade e igualdade, de dignidade e fraternidade, um espelho do sonho de Deus, levaram a humanidade a avanços e progresso. Diante disso, Francisco recomendou três atitudes: a coragem de romper os esquemas, a atenção aos mais fracos e a promoção da legalidade.
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Primeiramente, a “coragem de romper com os moldes” deve levar à abertura ao diálogo e novos caminhos. O Papa citou a necessidade de cultivar, com o coração aberto, o confronto e a escuta, para que todos possam contribuir positivamente nos processos de mudança aos quais o futuro está relacionado, nos mais diversos níveis.
Atentar-se aos mais vulneráveis
Em relação à atenção aos mais fracos, o Pontífice afirmou que uma civilização pode ser medida pela forma com que trata pobres, desempregados, sem-teto, imigrantes, explorados e “todos aqueles que a cultura do descarte transforma em lixo”. Ele reiterou que uma política a serviço do homem não pode se deixar ditar pelos mecanismos financeiros e de mercado.
“A solidariedade, além de ser uma virtude moral, é uma exigência de justiça”, afirmou o Santo Padre, adicionando que ela “requer a correção das distorções e a purificação das intenções de sistemas injustos, inclusive por meio de mudanças radicais de perspectiva no compartilhamento de desafios e recursos entre pessoas e povos”.
Por fim, a promoção da legalidade relaciona-se ao compromisso de combater a corrupção, o abuso de poder e a ilegalidade. “Somente com honestidade é possível estabelecer relacionamentos saudáveis e cooperar com confiança e eficácia na construção de um futuro melhor”, concluiu Francisco.