Meeting Point

Bispos falam sobre migração e tráfico humano no Brasil

Dom Mário Silva e Dom José Sales comentaram ações da Igreja no Brasil frente a realidades de migração e tráfico humano

Julia Beck
Da redação

Dom Mário Silva, o jornalista Willian Bonfim e Dom José Sales durante o meeting point desta quarta-feira, 8/ Foto: Julia Beck – Canção Nova

A realidade, os desafios e ações da Igreja no Brasil quanto aos migrantes e refugiados foi pauta do penúltimo meeting point da 57ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Dom Mário Antônio, bispo de Roraima (TO), e Dom José Luiz Ferreira Sales, bispo de Pesqueira (PE), comentaram respectivamente sobre o Projeto Caminhos de Solidariedade e os trabalhos do Setor de combate ao Tráfico Humano da CNBB.

Um trabalho de cuidado com os pobres e os migrantes, assim definiu Dom José Sales as ações do Setor da CNBB de combate ao Tráfico Humano. O bispo explicou que o setor integra oito pastorais e diz respeito a mobilidade humana. Grupos grandes de bispos, sacerdotes e leigos desenvolvem trabalhos dentro do setor que também conta com o apoio da sociedade civil. “Acompanhamos a realidade do tráfico humano que é encontrada também pelos refugiados quando chegam no Brasil”, contou.

Dom José Sales recordou a missão realizada pelo setor em Roraima, e a qualificou como muito importante: “Foi uma oportunidade de contato com os migrantes, de ouvir suas denúncias e de dizermos palavras de conforto”. O apoio da atual presidência da CNBB também foi citado pelo bispo durante o meeting point. “Uma comissão como essa é muito pesada pelo tema, mas é também nela que a Igreja demonstra que está sempre aberta ao cuidado com a vida”, concluiu Dom José Sales.

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Dom Mário Silva – eleito durante a 57a AG o novo segundo vice-presidente da CNBB – comentou o crescente fluxo migratório dos venezuelanos no país, em especial no estado de Roraima (RR) que faz divisa com a Venezuela. O bispo lembrou que a fronteira entre os dois países está atualmente fechada, mas que isso não impediu a migração: aproximadamente dois mil venezuelanos chegaram nas últimas duas semanas no Brasil.

Ao todo 100 mil venezuelanos já foram acolhidos no Brasil, o que corresponde a 10% da população do estado de Roraima. No caso dos venezuelanos, a migração ocorre devido à crise humanitária na Venezuela. Diante da realidade do estado, Roraima conta atualmente com um serviço de acolhida aos refugiados e com o apoio de instituições, organizações e do governo federal.

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Sobre os trabalhos da diocese, Dom Mário relata que são realizadas ajudas com a documentação, ensino da língua portuguesa, alimentação e auxílio nos aluguéis. Segundo o bispo, apenas 58 mil venezuelanos conseguiram algum tipo de ajuda, enquanto o restante permanece em casas ocupadas e ao relento. O bispo de Roraima pediu que os brasileiros continuem acolhendo os venezuelanos e afirmou que todo apoio e ajuda serão bem-vindos.

Projeto “Caminhos de Solidariedade: Brasil e Venezuela”

O projeto “Caminhos de Solidariedade: Brasil e Venezuela”, desenvolvido pela diocese e pela Cáritas de Roraima, é realizado desde o ano passado, de acordo com Dom Mário, com 40% dos recursos do Fundo Nacional de Solidariedade da CNBB – decisão aprovada pelos bispos na 56a Assembleia Geral da CNBB.

Segundo Dom Mário, o projeto segue três eixos: o eixo do diálogo de intercâmbio entre a Igreja no Brasil e a Igreja na Venezuela, o eixo de vida para captação de recursos e o eixo de integração local em Roraima e no Brasil. “Somos muito agradecidos por todos que têm ajudado na integração de famílias e grupos. Que o Brasil consiga dilatar o coração”, frisou o bispo, que concluiu: “Solidariedade gera vida nova”.

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