12 de outubro no Santuário Nacional

“N. S. Aparecida nos mostra que é possível a unidade”, afirma padre

No dia dedicado a Padroeira do país, padre João Batista reforçou necessidade de união diante do atual cenário de “separação” vivido no Brasil e no mundo

Julia Beck
Da redação

Imagem de Nossa Senhora Aparecida saudada pelos fiéis durante missa solene realizada no Santuário Nacional nesta sexta-feira, 12/ Foto: Canção Nova/ Wesley Almeida

A Igreja no Brasil celebra nesta sexta-feira, 12, o dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do país. No Santuário Nacional, a solenidade que marca o festejo foi presidida por Dom Orlando Brandes, e a homilia realizada pelo reitor do local, padre João Batista de Almeida. Com o tema da Novena 2018, “Em Jesus, com Maria, restauramos a vida”, o sacerdote fez uma analogia do primeiro restauro da imagem de Aparecida, que uniu o corpo e a cabeça da imagem — encontrados separadamente pelos pescadores —, com a relação de Jesus e os cristãos.

“O corpo é o povo e a cabeça é Jesus. É preciso unir o corpo e a cabeça para que o povo se torne verdadeiramente o corpo místico de Jesus, a Igreja”, frisou padre Batista. Para o reitor do Santuário, o primeiro restauro da imagem, realizado pelos pescadores, é um ensinamento sobre a unidade que uma restauração é capaz de proporcionar. “Após ser restaurada e reconstruída, toda a unidade foi refeita. Este ato nos mostra que podemos sempre reconstruir a unidade”, sublinhou.

Para o sacerdote, a mensagem de unidade é pertinente à realidade enfrentada pelo mundo atual, apelidado pelo padre como “mundo das separações”, onde os casais se separam, os partidos políticos separam o povo, a família se separa. “Ela [Nossa Senhora Aparecida] nos mostra que é possível a unidade”.

Leia também
.: Papa aos brasileiros: “Busquem a Virgem Aparecida em seus corações”

O canto popular “Ave-Maria”, foi usado pelo padre para explicar a importância da festa de Nossa Senhora Aparecida: “É por isso que estamos aqui, para saudar Maria, a mãe de Jesus”. Para o reitor do Santuário, as diferenças entre os fiéis se somam, quando todos se unem ao redor do altar. “Formamos essa grande família!”, comentou. Padre Batista fez memória aos 300 anos de Aparecida, celebrados no ano de 2017, e falou sobre a importância do olhar do romeiro para a imagem exposta na Basílica.

“A imagem é um ícone, um símbolo, algo que nos faz imaginar, nos transporta para uma realidade. A imagem de Aparecida nos faz imaginar uma mulher que recebeu uma missão especial de ser a mãe de Jesus, a mãe do filho amado de Deus. Essa mulher foi dada como mãe a todos aqueles que acreditam em Jesus quando, aos pés da cruz de Cristo, ouviu dEle: ‘Eis aí teu filho’. Hoje, Ele fala a ela, se referindo a todos que estão em volta do altar: ‘Eis aí os teus filhos’”, afirmou o sacerdote.

Leia mais
.: Fieis chegam para expressar agradecimentos a Nossa Senhora Aparecida
.: Devotos contam suas experiências com Nossa Senhora Aparecida
.: Cresce a expectativa de romeiros para o Dia de Nossa Senhora Aparecida

A força é Jesus, confirmou  padre Batista, mas Maria é aquela que leva até Jesus. “É isso que viemos buscar em Aparecida, ao contemplar esta imagem. ‘Aparecida’ não é uma aparição de Nossa Senhora, e sim um encontro de Deus com um povo pequeno, humilde e sofrido”, recordou. O reitor do Santuário rememorou a história dos pescadores que lançavam as redes e não conseguiam peixes, mas encontraram o corpo e a cabeça da imagem de Aparecida.

“Os pescadores restauram a imagem e restauraram muitas vidas”, frisou o sacerdote. A devoção dos pescadores atraiu mais e mais pessoas, confirmou padre Batista, que apontou algumas reflexões a cerca da história de Nossa Senhora Aparecida.

Clero reunido durante solenidade de Nossa Senhora Aparecida no Santuário Nacional/ Foto: Canção Nova/ Wesley Almeida

Segundo o reitor da Basílica Nacional, Nossa Senhora Aparecida traz aos cristãos, Jesus. “É a escultura da Imaculada Conceição. Ela está grávida, e no ventre de Maria está Jesus. Ela não traz o menino no colo, pois o colo precisa estar livre para acolher todos nós que precisamos experimentar Jesus em seu ventre”, refletiu. De acordo com padre, a união dos pedaços da imagem suscita a comunidade. A canoa, onde a imagem foi colocada pelos pescadores, após ser encontrada, é, segundo o sacerdote, símbolo da Igreja. “Ela [Nossa Senhora Aparecida] nos convida a entrar na canoa de Jesus”, frisou.

A solenidade é também um alerta, de acordo com padre Batista, para a necessidade de restauro do rosto de uma Igreja fiel aos princípios, à palavra, à tradição, e não ao tradicionalismo, uma Igreja missionária. O sacerdote seguiu citando o convite de Nossa Senhora Aparecida à oração. “Na imagem, Maria está com as mãos postas. Em 1968, quando a imagem foi atentada, as mãos não se quebraram, indicando que pela oração tudo se restaura”, interpretou.

O tamanho da imagem de Aparecida, que mede 36 cm, ensina sobre humildade, segundo o reitor da Basílica Nacional. “É preciso ser humilde, pequeno, para que o Senhor possa fazer grandes coisas em nossas vidas. Quem é grande não tem espaço para Deus!”, alertou. As águas, onde a imagem foi encontrada, foi recordado pelo padre como o elemento da vida, da purificação, símbolo também para os cristãos católicos do batismo, sinal de filiação a Deus, de identidade que se renova e purifica através do sacramento da confissão.

Veja
.: Dramaturgia na Canção Nova reconta os milagres e a história de Nossa Senhora Aparecida

A solidariedade de Nossa Senhora Aparecida também foi reconhecida por padre Batista, que destacou seu particular carinhos pelos pobres e negros. “El,  na sua cor negra, traduz sua solidariedade com os negros, denuncia o pecado do preconceito social, e a esperança de libertação. Na Casa da Mãe não pode haver exclusão, a dignidade é a mesma para homens e mulheres, ricos e pobres, pois não podemos criar cercas e sim pontes, como diz o Papa Francisco”, sublinhou.

Por fim, o sacerdote assinalou a alegria como mais um ensinamento da Virgem de Aparecida. “Sua imagem é a de Deus sorrindo para nós. Quando contemplamos a imagem, vemos um leve sorriso que nos mostra que apesar do sofrimento, da dor, de uma certa melancolia que a vida nos proporciona, é possível sorrir, é preciso sorrir!”. Padre Batista encerrou a homilia com uma prece a Deus, para que coloque o povo brasileiro debaixo do manto sagrado de Nossa Senhora, e os dê força na reconstrução da nação, e recuperação da confiança no país.

Durante a celebração também foram recordadas as crianças. Os membros do clero presentes na solenidade rezaram pelos pequenos, para que tenham o direito de estudar, ter uma casa, um lar, longe do trabalho infantil, chaga social que explora milhares de meninos e meninas no mundo do trabalho.

Ao final da Santa Missa, como prometido, o Santuário Nacional divulgou o tema da Novena 2019: “Com Maria, escolhidos e enviados em missão”.

Apresentação do tema da Novena da Padroeira 2019/ Foto: Canção Nova/ Wesley Almeida

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo