Após 25 anos do massacre, violência e superlotação continuam sendo problemas do sistema carcerário
Da redação
No dia 2 de outubro de 1992, o Brasil enfrentava um grande massacre na história do seu sistema prisional. Hoje, a chacina do Carandiru completa 25 anos e traz à reflexão uma vez a situação do sistema prisional brasileiro.
Em artigo publicado no dia 29 de setembro no site da arquidiocese de Passo Fundo, o arcebispo local, Dom Rodolfo Luís Weber, comentou a complexidade do sistema prisional e sua falência, e fez um alerta para a violência e a fragilidade dos meios de punição e correção de infratores no país.
“A busca de soluções para a questão da violência não é proporcional ao problema existente” apontou o bispo, que admite não existirem soluções fáceis para amenizar o quadro trágico do Brasil. “Somente um conjunto de ações coordenadas produzirá o efeito necessário. Na verdade, é um problema que envolve toda sociedade começando pelo cidadão individualmente, passando pela sociedade civil organizada até chegar às esferas estatais” afirmou Dom Rodolfo Weber
O embate entre 320 policiais e prisioneiros do Carandiru deixou 111 presos mortos. A casa de detenção, que tinha capacidade para 3.500 detentos, chegou a contabilizar o dobro deste número, o que aponta problemáticas do sistema carcerário, como a superlotação. A Pastoral Carcerária da Igreja no Brasil, na busca de soluções para estes e outros problemas, propôs uma “Agenda Nacional pelo Desencarceramento”.
Segundo Dom Weber, essa Agenda é “um instrumento de debate e de aprofundamento do tema em vista de construção de uma política pública sólida para a grande chaga do sistema penal”. A proposta está baseada em alguns fatos importantes: o Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, apresenta caráter seletivo dentro do sistema penal, criminaliza as mulheres e demora na condenação efetiva dos detentos.
Em entrevista ao CN Notícias (assista à reportagem completa abaixo), o coordenador nacional da Pastoral Carcerária, padre Valdir Silveira, acredita que a resposta do Estado, para o massacre, tem apresentado resultado inverso, visível aumento à violência e encarceramento em massa.
Diante da precariedade das prisões brasileiras, a Pastoral Carcerária, deposita no investimento em Educação o começo da solução desta problemática. “O presídio é o fim da linha social, se nós quisermos realmente mudar essa realidade de encarceramento, quisermos mudar essa realidade de violência, temos que investir sistematicamente na base, na Educação”, concluiu padre Valdir.