O dia 15 de novembro é particularmente especial para o Brasil. Em 2011, a data recorda os 122 anos da Proclamação da República, que ocorreu em 1889.
A construção de um país é tarefa que diz respeito a todos os seus habitantes. Quando o assunto é colaborar para um país mais justo e solidário, os cristãos possuem uma missão específica. Ainda mais no Brasil, que carrega o título de ser a nação que possui o maior número de católicos em todo o mundo.
“Os cristãos não podem ser um sinal se eles estiverem escondidos. O sinal tem que ser visto. Jesus diz que não se acende uma lâmpada para colocá-la embaixo da mesa, mas sim bem no alto. A Igreja orienta os cristãos a mostrarem o seu rosto, a marcarem a sua presença no mundo e dentro do Estado”, explica o presidente da Comissão Episcopal para a Caridade, Justiça e Paz da CNBB e Bispo de Ipameri (GO), Dom Guilherme Werlang.
Nesse sentido, os cristãos leigos possuem uma tarefa particular, própria e oportuna para fazer acontecer a justiça e a paz. A Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, resume a peculiaridade do cristão leigo com a expressão “índole secular”, apontando que eles são chamados a evidenciar a missão da Igreja no mundo, sendo fermento no meio da sociedade. Também o Documento 62 da CNBB – Missão e ministério dos cristãos leigos e leigas – afirma que “os cristãos são no mundo portadores da esperança”.
“Por meio das pastorais, movimentos sociais, organismos, ONG’s, também nos partidos políticos, na luta pela organização do povo, exercendo com fidelidade as diversas profissões, sempre em favor do bem comum. São formas concretas de se viver esse apostolado”, complementa Dom Guilherme.
Já o presidente do Setor Leigos da Comissão Episcopal para o Laicato da CNBB e Bispo de Caçador (SC), Dom Severino Clasen, recorda que os leigos são cidadãos plenamente. “E cabe ao cristão, ao cidadão, construir uma pátria livre, onde prevaleça a dignidade, os valores humanos, éticos, a liberdade religiosa e de expressão, para que possamos ser um povo maduro, equilibrado. Nesse aspecto, a Igreja encontra uma grande força de contribuição junto ao laicato”.
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Outro fator importante é saber que o papel do Estado e o da Igreja são distintos, embora complementares. Assim, os cristãos devem saber quais são as maneiras mais eficazes, eficientes e éticas de agir no contexto político.
“A cidadania é própria do ser humano, é um compromisso de todos nós. E, a partir da fé cristã, nós temos um compromisso, que brota do Evangelho, de sermos os protagonistas, os construtores da paz, da justiça, do bem social de todas as pessoas. Como cidadãos e como cristãos, temos que saber unir as duas realidades. Nesse sentido, temos que assumir, como cristãos inseridos no mundo, compromissos políticos, especialmente os leigos e leigas que são cristãos”, reforça o presidente da Comissão Caridade, Justiça e Paz.
Testemunhar a fé na sociedade
O Papa Bento XVI, em diversos pronunciamentos desde o início de seu pontificado, tem destacado a necessidade de um testemunho corajoso da fé no âmbito das várias realidades sociais. No entanto, hoje propaga-se muito a ideia de que a fé é um fato privado, que não deve ter implicações na vida social. Esse é apenas um dos tantos desafios que surgem para os cristãos conseguirem concretizar seu testemunho no mundo.
Nessa perspectiva, há uma confusão no que diz respeito ao conceito de Estado Laico, como se, nesse, não se pudesse falar de Deus. No entanto, o Estado Laico apenas não possui uma religião oficial, mas não impede, pelo contrário, incentiva que cada um viva a sua fé.
“O Estado deve dar a garantia de que cada um possa viver plenamente a sua fé, por meio da sua igreja ou organização religiosa. Nós, cristãos, temos que mostrar o nosso rosto de católicos, de acordo com os ensinamentos e diretrizes que a Igreja nos dá. Devemos ser fiéis à nossa fé no trabalho, no esporte, no lazer, nas férias, na participação ativa na vida da Igreja, assumindo esses compromissos de uma forma pública”, afirma Dom Werlang.
“O leigo tem que ser protagonista da história, puxar a ‘carroça da história’, no sentido positivo, maduro, livre, onde os princípios cidadãos sejam preservados. Para isso, há um arsenal de pastorais e condições para que os leigos se aprimorarem no conhecimento e, assim, participem de maneira justa e ética na sociedade”, sublinha Dom Clasen.
Quando um leigo também atua na administração do poder público, deve ter a consciência da maturidade do que é justo, verdadeiro, nobre, para que o ser humano não seja substituído por outras tendências ou forças.
“Por isso, a Igreja tem um compromisso muito sério com a vida humana e com as instituições, para que o ser humano volte a ter o seu valor, para que se diminua a violência, a corrupção, os roubos, os assassinatos”, continua o presidente do Setor Leigos.