A partir do relato bíblico da cura do leproso, Papa enfatizou aos fiéis a necessidade de acolher o pobre e o excluído, pois ali está Jesus
Da Redação,
com Rádio Vaticano
A catequese do Papa Francisco, nesta quarta-feira, 22, foi centralizada no trecho do Evangelho que narra o milagre da cura do leproso. Trazendo a reflexão para os dias de hoje, o Papa destacou que não se deve ter medo de tocar o pobre e excluído.
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.: Íntegra da catequese
A lepra, naquela época, era considerada uma maldição, uma impureza e, portanto, o leproso tinha de ficar afastado, longe do templo, de Deus e dos homens. Na narração de Lucas, o leproso não aceita essas leis e entra na cidade, procurando Jesus.
“Ao ver Jesus, ele caiu com o rosto em terra e suplicou-lhe: ‘Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me”. Descrevendo o episódio, Francisco explicou que, com esse gesto, o homem reconhece o poder de Jesus. E a sua fé dizia que Jesus podia curá-lo. Essa súplica mostra que, com Jesus, são suficientes poucas palavras, mas acompanhadas pela confiança em sua onipotência e bondade.
“Entregar-nos à vontade de Deus significa confiar em sua infinita misericórdia”, disse o Papa, que fez uma revelação aos fiéis: antes de dormir, reza cinco Pai-Nosso, pensando nas chagas de Jesus, e pede que o purifique.
Quando o leproso pede a purificação, Jesus faz algo inconcebível: estende a mão e toca o leproso. O Papa fez então uma comparação com o que acontece nos dias de hoje.
“Quantas vezes encontramos um pobre e, mesmo sendo generosos e sentindo compaixão, não o tocamos. Oferecemos uma moeda, mas evitamos tocar sua mão. Esquecemos que aquele é o corpo de Cristo! Jesus nos ensina a não ter medo de tocar o pobre e o excluído, porque Ele está neles. Tocar o pobre pode nos purificar da hipocrisia e nos preocupar por sua exclusão.”
Refugiados com o Papa
Francisco aproveitou a deixa para apresentar alguns jovens que estavam com ele na tribuna de onde realiza a catequese. São jovens refugiados que participaram hoje da audiência geral.
“Muitos pensam que seria melhor que eles tivessem permanecido em suas terras, mas ali eles estavam sofrendo. São os nossos refugiados, mas muitos os consideram excluídos. Por favor, eles são nossos irmãos!”
Sem sensacionalismos
Depois de curar o leproso, Jesus recomendou que não o contasse para ninguém. Para o Pontífice, essa ordem demonstra três coisas. A primeira é que a graça do Senhor não quer sensacionalismo; age com discrição e sem clamor. A segunda é que, ao apresentar oficialmente a sua cura e celebrar um sacrifício, o leproso foi readmitido na comunidade e na vida social. A sua reintegração completa a cura. Enfim, apresentando-se aos sacerdotes, o leproso dá testemunho do poder e da compaixão de Jesus. A fé do homem se abre à missão. “Ele era um excluído e se tornou um de nós.”
“Pensemos em nós, nas nossas misérias com sinceridade. Quantas vezes as cobrimos com a hipocrisia das ‘boas maneiras’! É preciso estar a sós, ajoelharmo-nos diante de Deus e rezar: ‘Senhor, se quiseres, podes purificar-me!’”.