“É feio para a Igreja quando os Pastores se tornam distantes dos pobres e viram ‘príncipes’”, disse o Papa na catequese de hoje
Da Redação, com Rádio Vaticano
Que os pastores da Igreja não se afastem do povo, mas sigam o exemplo de Cristo que estava em meio aos pobres para dar a eles a salvação de Deus. Assim disse o Papa Francisco na catequese desta quarta-feira, 14, na Praça São Pedro.
Continuando o ciclo de catequeses sobre misericórdia, Francisco refletiu sobre o tema “Aprendam comigo”, a partir de um trecho do Evangelho de Mateus (Mt 11,28-30). Ele quis explicar o significado das expressões do evangelista: “vinde a mim”, “tomai o meu jugo” e “aprendei de mim”.
Vinde a mim
No primeiro caso, Jesus se dirige aos cansados e oprimidos oferecendo-lhes a sua misericórdia. Neste convite, os pobres viram finalmente uma resposta às suas expectativas. Eles não podiam contar com nenhuma amizade importante, mas tornando-se discípulos de Jesus, recebem a promessa de encontrar consolo para toda a vida. “Uma promessa que na conclusão do Evangelho é estendida a todos os povos”, disse o Papa.
Os fiéis de todo o mundo que atravessam as Portas da Misericórdia em suas catedrais e santuários, em tantas igrejas e hospitais, fazem o mesmo: vão encontrar Jesus, expressam a conversão do discípulo que se põe no seguimento de Jesus, a descoberta da misericórdia do Senhor, infinita e inesgotável.
Jugo é um vínculo com o povo
Com o segundo imperativo, “tomai o meu jugo”, Jesus quer que seus discípulos entrem em comunhão com Ele, se tornem partícipes do mistério de sua cruz e de seu destino de salvação. “É um vínculo que une o povo a Deus. O jugo que carregam os pobres e os oprimidos é o mesmo que carregou Cristo antes deles; e por isso, é um jugo leve”, completou Francisco.
Enfim, a exortação “aprendei de mim” feita aos humildes e pequenos, porque compreende os pobres e sofredores e Ele mesmo é pobre e provado pelas dores, tendo carregado sobre suas costas os pecados da humanidade inteira. “Nele, a misericórdia de Deus assumiu a pobreza dos homens, doando a todos a possibilidade da salvação”.
Pastores ‘príncipes’ são um mal para a Igreja
Improvisando, Francisco questionou: “Por que Jesus é capaz de dizer estas coisas? Porque Ele era um Pastor que estava em meio às pessoas, aos pobres. Trabalhava todos os dias junto com eles. Ele não era um ‘príncipe’. É feio para a Igreja quando os Pastores se tornam distantes dos pobres e viram ‘príncipes’. Estes pastores eram repreendidos por Jesus; este não é o espírito de Jesus. Ele dizia, sobre eles: “Façam o que dizem, mas não o que fazem!”.
Concluindo a catequese, o Papa consolou os fiéis, q ue tantas vezes passam por momentos de cansaço e de decepção, recordando as palavras de Deus que dão consolação. Francisco destacou que os fiéis são chamados a aprender com Deus o que significa ‘viver de misericórdia’ e ser ‘instrumentos de misericórdia’.
“Coragem! Não deixemos que nos tirem a alegria de ser discípulos do Senhor. Não deixemos que nos roubem a esperança de viver esta vida com Ele e com a força da sua consolação”.