SOLIDARIEDADE

Papa agradece hospital Bambino Gesù por cuidar de ucranianos

O Santo Padre agradeceu e expressou sua proximidade à esquipe técnica do hospital pediátrico por cuidar de 50 crianças ucranianas

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco no Hospital Menino Jesus / Foto: Reprodução Twitter Bambino Gesù

À medida que a invasão russa à Ucrânia interrompe os cuidados médicos de rotina em grande parte do país, o hospital pediátrio Bambino Gesù [Menino Jesus, em português] interveio para ajudar crianças que precisam de tratamento.

Cerca de 50 crianças chegaram da Ucrânia ao hospital do Papa — 18 das quais estão hospitalizadas — para receber cuidados de qualidade.

O Papa Francisco expressou gratidão por este serviço em uma breve mensagem escrita à mão para Mariella Enoc, presidente do hospital.

O médico Mario Zama, chefe de Cirurgia Plástica e Maxilofacial do Bambino Gesù, está ajudando a tratar as crianças e falou ao Vatican News sobre o trabalho de sua equipe para curar corpos e corações. Zama disse que há 4 meninas cujas vidas foram alteradas para sempre pela guerra na Ucrânia. Dois sofreram a amputação de um membro superior, enquanto outros dois ficaram com traumatismo craniofacial grave.

Vatican News — Como médico que se encontra operando e tratando vítimas de guerra, que sentimentos você tem sobre essa situação?
Mario Zama — Desta vez, estou vivendo um estado de espírito bastante peculiar, pois já estive em contato com vítimas de guerra: durante a invasão russa do Afeganistão, a guerra na ex-Iugoslávia e o massacre de tutsis e hutus em Ruanda, alguns dos que haviam sido trazidos como refugiados ao nosso hospital para tratamento de feridas sofridas na guerra. Esperava nunca mais ter que testemunhar essas situações novamente, mas infelizmente aqui estamos novamente com os mesmos problemas em um quadro sociopolítico completamente diferente, absolutamente desprovido de qualquer justificativa, se de alguma forma um conflito de guerra pode ser justificado.

Vatican News — Em seu relacionamento com as famílias dessas crianças, você acha que essas vítimas da guerra se sentiram acolhidas e cuidadas? Em certo sentido, isso deve ser algum outro lado de sua experiência dramática…
Mario Zama — Absolutamente. São crianças que sofreram traumas absurdos. Há garotinha que estava fugindo com o pai e o irmãozinho no carro e foi atingida por balas. Seu irmãozinho morreu em seus braços, e ela mesma foi atingida na cabeça. São situações absolutamente indescritíveis e inconcebíveis. O que fizemos assim que eles chegaram — além das investigações necessárias para entender as condições clínicas e estabelecer nossos próximos passos — foi tentar fazer com que eles se sentissem seguros. Por isso, eles foram atendidos por psiquiatras, e então todos ao seu redor tentam ajudá-los a brincar. No início não conseguiam falar, mas agora estão começando a falar, sorrir, desenhar e brincar; em suma, eles estão retornando a uma espécie de “normalidade”. Claro, não tenho certeza de como o trauma psicológico que eles sofreram pode ser tratado.

Vatican News — Este tipo de atividade médica faz parte da missão do Hospital Infantil Bambino Gesù…
Mario Zama — Certamente. O acolhimento é uma das pedras angulares da missão do hospital: é o hospital do Papa. Todos esperamos que as palavras do Santo Padre, que pediu o fim deste massacre, sejam realmente ouvidas. Meu medo é que mais dessas crianças cheguem e mais morram. É difícil então voltar para casa e olhar para seus próprios filhos; essas situações marcam você para a vida.

Desenhos de pacientes jovens

Apesar de suas próprias situações difíceis, outros pacientes jovens do hospital Bambino Gesù expressaram solidariedade com seus irmãos e irmãs ucranianos à sua maneira. Muitos desenharam imagens que retratam as cores da bandeira da Ucrânia, o sinal da paz e até o sangue e as lágrimas de jovens vítimas da guerra, uma realidade que o Papa Francisco diz que deve “abalar nossa consciência”.

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