Declaração oficial da Santa Sé apela ao diálogo e ao respeito por todas as partes, ao abrigo das leis internacionais
Agência Ecclesia
O Vaticano emitiu nesta terça-feira, 10, um comunicado oficial sobre a situação “extremamente delicada” na Ucrânia, manifestando o apoio do Papa e da diplomacia da Santa Sé em favor de um cessar-fogo no país.
“Perante a intensificação de um conflito que está provocando tantas vítimas inocentes, o Santo Padre Francisco reiterou em diversas ocasiões o seu chamamento em favor da paz”, refere a nota, apresentada em coletiva de imprensa pelo porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
O Papa vai receber a chanceler alemã, Angela Merkel, no próximo dia 21, tendo o diretor da sala de imprensa da Santa Sé considerado “natural” que a questão ucraniana esteja em cima da mesa.
A tomada de posição de hoje quis esclarecer as recentes declarações do Papa sobre este conflito, face às “diversas interpretações” que as mesmas mereceram, com manifestações públicas de descontentamento do Patriarcado Ortodoxo de Moscovo.
“O Santo Padre dirigiu-se sempre a todas as partes envolvidas, confiando no esforço sincero de cada uma delas para aplicar os acordos a que se chegou por consenso mútuo e recordando o princípio da legalidade internacional a que a Santa Sé se referiu muitas vezes desde o início da crise”, pode ler-se.
A Santa Sé diz “seguir com atenção a situações de crise” em várias partes do mundo, entre as quais o leste da Ucrânia e repete os apelos de Francisco para que se retomem as negociações “como único caminho possível para sair da lógica de um crescendo de acusações e reações”.
“Como repetia muitas vezes São João Paulo II, a humanidade deve encontrar a coragem de substituir o direito da força pela força do direito”, acrescenta a nota oficial.
O conflito armado no leste da Ucrânia já fez mais de 5000 mortos, desde que teve início em abril de 2014, segundo dados da ONU.
O Papa Francisco vai receber a visita dos bispos católicos ucranianos a partir do próximo dia 16, “para ser informado diretamente sobre a situação” do país, “oferecer consolo a essa Igreja e a todos os que sofrem”, procurando “analisar em conjunto caminhos de reconciliação e de paz”.
Recentes negociações
As mais recentes negociações internacionais envolveram os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da França, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel.
Hollande e Merkel tinham-se reunido antes em Kiev com o chefe de Estado ucraniano, Petro Perochenko.
A chanceler alemã encontrou-se depois com o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, o qual afirmou que se a via diplomática vier a “fracassar”, serão avaliadas “todas as opções” disponíveis, incluindo o envio de “armas defensivas letais” ao Governo da Ucrânia.