O governo do Sudão do Sul e a Aliança do Movimento de Oposição anunciaram a assinatura um acordo de cessar-fogo alcançado graças aos esforços de mediação internacional
Da redação, com Vatican News
Um novo compromisso entre as partes beligerantes do Sudão do Sul para silenciar suas armas pode ser um farol de esperança para uma nação devastada.
Graças aos seus esforços incansáveis e à experiência na mediação de conflitos, a Comunidade de Santo Egídio, sediada em Roma, anunciou nesta quarta-feira, 15, um avanço nas negociações entre o governo do Sudão do Sul e a Aliança do Movimento de Oposição, que concordou em um cessar-fogo e também em seguir adiante com o diálogo na busca pela paz na nação mais jovem do mundo.
Os próximos passos
Também foi anunciado que a Comunidade de Santo Egídio está organizando reuniões entre representantes militares e políticos de ambos os lados a fim de garantir que a oposição seja incluída nos mecanismos estabelecidos para monitorar as violações do cessar-fogo.
Essas reuniões estão programadas para serem organizadas em Roma, de 9 a 12 de novembro e, mais tarde, no dia 30 do mesmo mês.
O primeiro encontro prevê uma oficina com a participação de representantes militares, enquanto o segundo tem como objetivo a assinatura de uma declaração de princípios de natureza política. Federalismo, constituição, segurança, alocação de terras e reconciliação estão entre as questões que serão apreciadas neste acordo.
Paolo Impagliazzo, Secretário-Geral da Comunidade de Santo Egídio, presidiu a coletiva de imprensa que anunciou o acordo de cessar-fogo junto a Benjamin Barnaba, que representa o governo do Sudão do Sul, e o general Thomas Cirillo Swaka, líder do movimento de oposição do Sudão do Sul (SSOMA), uma coalizão de forças que não aderiram aos acordos de paz firmados em Adis Abeba 2018.
Apesar dos esforços de outros grupos rebeldes, a Frente de Salvação Nacional não assinou o acordo de paz de setembro de 2018 e, embora o líder do grupo rebelde tenha concordado com um cessar-fogo no início deste ano, houve inúmeras violações.
“Hoje foi possível reconstruir a confiança entre as partes após a pausa da pandemia, que infelizmente resultou na retomada dos confrontos”, disse Impagliazzo, referindo-se às negociações de cessar-fogo em janeiro e fevereiro.
Barnaba lembrou o convite do Papa Francisco às partes em conflito para se concentrarem “no que une e não no que divide”.
O General Swaka assegurou que as forças da oposição “estão empenhadas em dialogar com o governo para encontrar uma solução para o conflito na região”.
O apelo pela paz do Papa Francisco
O Papa Francisco rezou e apelou repetidamente pela paz no Sudão do Sul. Em abril de 2019, o Santo Padre organizou um retiro no Vaticano com os líderes beligerantes do país. Naquela ocasião, o Papa levou a cabo um gesto sem precedentes de se ajoelhar para beijar os pés dos líderes dos países e exortá-los a não voltarem à guerra civil.
Mais de 380 mil pessoas foram mortas e 4 milhões, um terço da população do país, estão deslocadas, em uma guerra civil que já dura sete anos.