No Sínodo sobre a família, a principal observação dos Círculos Menores pede “menos crise e mais esperança”
Da redação, com Rádio Vaticano
Os trabalhos na Sala do Sínodo prosseguiram nesta sexta-feira, 9, com os relatórios dos treze Círculos Menores, relativos à primeira parte do Instrumento de Trabalho dedicada ao “Ouvir os desafios sobre a família”.
A principal observação dos Círculos Menores pede “menos crise e mais esperança”. Segundo os relatores dos Círculos, a beleza e a vitalidade da família, baseada no matrimônio indissolúvel entre homem e mulher, não são muito evidentes no Instrumento de Trabalho. Ao contrário, o que aparece em destaque são os desafios relativos aos núcleos familiares, “fazendo uma lista dos problemas, e esquecendo o olhar da fé, o olhar de Cristo”.
“O que deve emergir mais é a Igreja do sim, que doa confiança e esperança às famílias, sem embelezar ou negar as suas dificuldades objetivas”, sublinham os grupos linguísticos.
Uma segunda observação diz respeito à Pastoral familiar: se a família está em crise – e então os Padres sinodais também fazem uma autocrítica – talvez seja porque faltou a educação justa para a fé.
“A própria Igreja, num certo sentido, é responsável pela situação da família hoje, porque teve em relação a ela um pensamento não em sintonia com a realidade, muito normativo e sem uma visão integral. Os Padres sinodais exortam a recordar que a Igreja é servidora, não patroa, da família e que a ela deve muito, porque o seu futuro passa próprio por ali”, explicam os treze relatórios.
Os Círculos Menores refletem ainda sobre a estrutura e a linguagem do Instrumento de Trabalho, destacando os aspectos excessivamente ocidentais, ‘eurocêntricos’, que o caracterizam, o estilo pouco atrativo e os traços um pouco confusos, sobretudo ao individuar os destinatários aos quais se dirige.
A expectativa é que o documento final da assembleia seja escrito de maneira mais clara, não muito técnica, para ser de fácil entendimento para todos.
Os treze relatórios convergem em alguns pontos particulares como a “teoria do gênero” e os riscos de sua difusão, e às vezes, a sua imposição nos programas das escolas.
Outra questão é a dos migrantes e refugiados para os quais se deseja uma pastoral específica, tanto na Igreja de proveniência quanto na de acolhimento. A esse propósito, reitera o relatório, a questão migratória é um desafio no âmbito do confronto religioso e se convida a sublinhar não somente os direitos, mas também os deveres dos migrantes.
Os relatórios dos grupos linguísticos pedem uma maior reflexão sobre a importância dos idosos na vida familiar, em particular sobre o papel dos avós, como também sobre os desafios da deficiência cujos aspectos devem ser mais evidenciados e valorizados.
Alguns Círculos Menores dão propostas específicas: por exemplo, inserir no documento final da assembleia histórias de vida familiar ou de santidade que são exemplos para os fieis; acrescentar citações bíblicas; refletir mais sobre o tema da castidade e educação afetiva, sobretudo para os jovens; dar mais atenção para a influência da tecnologia sobre a vida familiar, sobretudo em relação a internet e a pornografia; e aprofundar o tema da bioética.
Dos grupos linguísticos, onde o debate direto entre os Padres sinodais que falam o mesmo idioma, mas vivem histórias, realidades e culturas diferentes em vários países, “é uma verdadeira experiência de catolicismo”.
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