Desde início de abril, protestos na Venezuela já causaram 75 mortos
Rádio Vaticano
Responder à crise na Venezuela com uma negociação séria e sincera entre as partes. É o que defende a Santa Sé, por meio de seu Observador Permanente na ONU, Dom Bernardito Auza, na declaração dirigida à Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), reunida até esta quarta-feira, 21, em Cancun, no México.
A Santa Sé reitera desta forma a posição que vem adotando em relação à grave situação vivida na Venezuela. Em diversas ocasiões desde o início da crise, recorda Dom Auza, o Papa Francisco, o Secretário de Estado Pietro Parolin e a Conferência Episcopal venezuelana pediram às instituições e às forças políticas – superando interesses das partes e ideologias – para ouvir a voz do povo. A Santa Sé, sublinha o bispo, sempre exortou todos os líderes políticos a não medirem esforços para por fim à violência.
Condições para uma negociação séria
Dom Auza explica que o caminho para uma solução pacífica pode ser buscado por uma negociação a ser articulada com base nas indicações ilustradas na carta de primeiro de dezembro de 2016, escrita pelo secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin.
No documento, o purpurado pedia, entre outras coisas, que fosse adotado um caminho que levasse à eleições livres e solicitava medidas para fornecer ajudas humanitárias, alimento e remédios.
Na carta de 2016, o Secretário de Estado exortava também a serem tomadas medidas que levassem à libertação dos presos políticos.
Negociação apoiada pela comunidade internacional
Neste cenário de crise, marcado pela violência que atingiu também a Igreja venezuelana, existem ulteriores riscos. A recente decisão do governo de convocar uma Assembleia Constituinte – sublinha em particular Dom Auza – ao invés de ajudar a resolver os problemas, pode complicar a situação e colocar em perigo o futuro democrático do país.
Ao concluir, o Observador Permanente da Santa Sé afirmou que é bem vista a iniciativa de que um grupo de países da região e eventualmente de outros continentes – escolhidos quer pelo governo como pela oposição – acompanhem a negociação na qualidade de garantes.
Desde o início de abril, ao menos 75 pessoas morreram nos choques entre manifestantes e polícia e continua a faltar alimentos e remédios.