Padre Gabriel Romanelli é pároco da Paróquia de Rito Latino da Sagrada Família, em Gaza
Denise Claro
Da redação, com colaboração de Danusa Rego
Na última semana, Jerusalém tem sido palco de novos conflitos. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, a nova escalada de tensões resultaram em pelo menos 83 mortos (incluindo 17 menores de idade), e mais de 487 feridos.
A comunidade internacional pediu calma no conflito militar entre Israel e Hamas; e os países muçulmanos expressaram indignação com o que é considerado o pior momento de conflito em anos entre o movimento islâmico, no poder na faixa de Gaza, e Israel.
O exército israelense afirmou que, desde segunda-feira, 10, grupos palestinos lançaram mais de 1600 foguetes contra Israel. Quase 850 foram interceptados pelo sistema de defesa ou caíram em Israel, segundo o porta-voz israelense Jonathan Conricus. Outros 200 caíram dentro da Faixa de Gaza – território palestino na fronteira entre Israel e Egito disputado pelos israelitas.
Nesta terça-feira, 11, um prédio de 12 andares em Gaza, onde importantes figuras do Hamas tinham seus escritórios foi derrubado após bombardeio.
Os conflitos são alimentados em grande parte por uma tentativa de colonos judeus de reivindicar a posse de casas de famílias palestinas em Jerusalém Oriental anexada a Israel, um problema que se arrasta há anos.
O Ministro da Defesa de Israel afirmou que vai mobilizar forças em cidades de Israel onde também há população árabe. Conselho de Segurança da ONU vai fazer uma terceira reunião em uma semana para discutir os conflitos.
No último domingo, o Papa Francisco citou os conflitos na região e pediu paz.
Igreja em Gaza
Pároco da Paróquia Sagrada Família em Gaza, Padre Gabriel Romanelli, comentou sobre o drama vivido na região, em uma entrevista para a Canção Nova nesta quarta-feira, 12:
“A situação está ruim. Há dois dias temos constantemente foguetes, bombardeios… Muitas pessoas morreram aqui na faixa de Gaza (…). Estão bombardeando edifícios do Governo, escolas, Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente, centros das Nações Unidas.”
A Paróquia em que Padre Romanelli atua é de rito latino, tem acolhido cerca de mil cristãos, dentre eles 130 católicos. A respeito de sua vida e dos fiéis, ele afirma:
“Nós estamos bem. Os paroquianos também. Mantenho contato com eles constantemente. Aqui na paróquia ouvimos os barulhos, mas nenhum edifício da igreja foi bombardeado. Apenas alguns danos na escola das Irmãs do Rosário no quarteirão de Tel al-Hawa. Ali bombardearam os arredores das escola do convento das Irmãs do Rosário das Irmãs de Jerusalém.”
O sacerdote conta que vitrais, janelas, muros, a entrada, a parte da energia solar foram danificadas, mas que as religiosas estão fora de perigo. Padre Romanelli espera que a paz aconteça na região:
“A situação é dramática. Esperamos que façam ao menos uma trégua para começar um diálogo mais sereno entre as duas partes, seja a parte israelense, seja a parte palestina. Precisamos rezar e trabalhar muito pela paz que se fundamente sobre uma verdadeira justiça. Para isso é preciso um espírito de reconciliação e reparação. Reconciliação, perdão, reparação, para que assim a justiça possa florir e com ela a paz. Parece um trabalho difícil, quase impossível, mas não há nada impossível para Deus. Um passo seria uma trégua, que parem de se atacar e, assim, salvar vidas humanas.”