Meditações foram feitas na capela Redemptoris Mater aos membros da Cúria Romana
Da redação, com Vatican News
O padre Raniero Cantalamessa, capuchinho e pregador oficial da Casa Pontifícia, iniciou, na manhã desta sexta-feira, 15, na Capela “Redemptoris Mater”, no Vaticano, sua primeira pregação de Quaresma, sobre o tema: “Voltar para dentro de si mesmo”.
Participam das reflexões o Santo Padre e toda a Cúria Romana, que concluem, nesta manhã, os cinco dias de Exercícios Espirituais em Ariccia, nas proximidades de Roma, pregados pelo abade Bernardo Francesco Maria Gianni.
Voltar-se para dentro de si
Em sua primeira pregação de Quaresma, o Padre Raniero Cantalamessa meditou sobre tema: “In te ipsum redi: Voltar-se para dentro de si”, extraído do pensamento de Santo Agostinho – em continuação às reflexões do período do Advento – sobre o salmo “A minha alma tem sede do Deus vivo”.
Partindo deste Salmo, o capuchinho fez sua primeira pregação quaresmal, refletindo sobre “a condição essencial para se ver a Deus é a pureza de coração”. “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus”.
A “pureza” tem uma grande variedade de significados na Bíblia. O Evangelho insiste, de modo particular, em dois aspectos: “retidão de intenções e pureza dos costumes”.
Na esfera moral, a “pureza” refere-se, geralmente, a um comportamento na esfera da sexualidade. Não podemos entrar em contato com Deus, que é espírito, a não ser através do nosso espírito. O pecado não deixa ver o rosto de Deus, fazendo dele um antagonista ou inimigo.
Os puros de coração
Neste sentido, o Frei Cantalamessa falou, não tanto da pureza de costumes, mas insistiu na outra expressão: os “puros de coração”, ou seja, pureza ou retidão nas intenções, virtude contrária à hipocrisia.
É surpreendente, disse o Pregador, quanto o pecado da hipocrisia – o mais denunciado por Jesus nos evangelhos – quase não entra em nossos exames de consciência diários. Não parece, mas a hipocrisia quase domina nossas ações no dia-a-dia. A nossa vida é como um teatro público, uma máscara. Esta tendência inata do homem é aumentada muito pela cultura atual, dominada pela imagem: cinema, televisão, internet.
Hipocrisia
Um famoso moralista definiu a hipocrisia como “o tributo que o vício presta à virtude”, ameaçando, sobretudo, as pessoas piedosas e religiosas. Um rabino, do tempo de Jesus, disse que 90% da hipocrisia do mundo residia em Jerusalém.
A hipocrisia é mentira e esconde a verdade; é, essencialmente, falta de fé, uma forma de idolatria, que coloca o Criador em segundo plano; é também falta de caridade com o próximo, duplicidade de vida e insinceridade: “Hipócritas, tirai primeiro a trave do vosso olho para depois tirar o cisco do olho do irmão”.
A palavra de Deus não se limita em condenar o vício da hipocrisia, mas nos impele também a cultivar a virtude da simplicidade: “Sede simples como as pombas e prudentes como as serpentes”. A simplicidade é própria de quem é purificado por uma verdadeira penitência.
Por isso, o Padre Raniero Cantalamessa concluiu sua primeira pregação, pedindo ao Senhor que nos acompanhe, nesta Quaresma, no caminho da simplicidade e da transparência.