DESLIGUE UM POUCO

Psicopedagoga cita riscos do uso excessivo de telas por crianças e jovens

Muito tempo em frente às telas de aparelhos, como smartphone, computador e televisão, pode impactar na imaginação, comunicação e socialização

Gabriel Fontana
Da Redação

Foto: Patricia Prudente via Unsplash

Com a chegada das férias escolares, crianças e adolescentes têm mais tempo livre para realizar outras atividades, além dos estudos. O mundo digital surge com muitos atrativos para o entretenimento, como filmes, séries e jogos, mas toda essa diversão pode constituir um risco. Afinal, muita exposição às telas dos celulares, televisões e outros dispositivos são prejudiciais em diferentes aspectos.

Viviane Baeza / Foto: Arquivo pessoal

Segundo a psicopedagoga Viviane Baeza, o contato por muito tempo com a luz de telas afeta especialmente a visão, podendo ocasionar, a longo prazo, perda da qualidade visual. Além disso, a exposição excessiva a dispositivos do gênero pode causar prejuízos na qualidade do sono que, por sua vez, prejudicam também outras áreas do corpo e do cérebro, que ainda se encontram em desenvolvimento nas crianças e adolescentes.

Viviane alerta também que, no caso de crianças que estão na primeira infância, o desenvolvimento da linguagem e da comunicação pode ser diretamente afetado. “A criança pequena aprende e sente o mundo através do movimento, e a inatividade causada pelo uso excessivo de celulares e tablets a afetam de maneira global”, explica.

Primeira infância sem telas

A psicopedagoga cita a Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda que crianças com até dois anos de idade não tenham nenhum contato com telas. Da mesma forma, a organização indica que crianças com idade entre dois e cinco anos tenham, no máximo, uma hora de contato com telas por dia – mas é melhor que esse tempo seja o mínimo possível.

Nos momentos de “sedentarismo”, ou seja, quando as crianças nesta faixa etária não estão realizando atividades físicas ou dormindo, é recomendado que o tempo seja gasto com leitura ou contação de histórias, de forma a estimular a criatividade. “Ao apenas visualizar vídeos e joguinhos, a criança deixa de brincar ativamente e usar a imaginação”, afirma Viviane.

Riscos do uso prolongado de telas

Em relação aos mais crescidinhos, ela lembra que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que as crianças com idade entre 6 e 10 anos tenham, no máximo, duas horas de contato com telas. Já para os adolescentes, o limite indicado é de três horas. “Crianças não têm noção de passagem do tempo, portanto cabe ao adulto fazer esse controle”, recorda a psicopedagoga.

Ela observa também que muito tempo no mundo digital inibe a interação e a criação de vínculos, o que a longo prazo causa distúrbios emocionais, inabilidade social, distração excessiva e perda de concentração e memória. “Esse atraso cognitivo pode causar prejuízos acadêmicos, uma vez que concentração, memória e atenção são habilidades essenciais para o aprendizado”, pontua.

Viviane acrescenta ainda que outros estudos relatam também que o excesso de dopamina liberado pelo uso indiscriminado de dispositivos digitais pode causar dependência física e emocional. Desta forma, a criança ou o adolescente, ao não receber a mesma quantidade de dopamina em outras atividades diárias, pode apresentar ansiedade, irritação, agressividade e pouca motivação quando está sem um aparelho em mãos, ou até mesmo desenvolver transtornos psiquiátricos.

Dessa forma, os pais e responsáveis devem estabelecer a melhor forma de utilização do aparelho, monitorando o conteúdo que está sendo consumido e supervisionando mensagens e conversas para evitar o contato com pessoas mal intencionadas. Além disso, precisam ser exemplo e manter o seu autocontrole ao usar os dispositivos eletrônicos, sinaliza a psicopedagoga.

A participação dos adultos em atividades infantis

Stella Azulay / Foto: Arquivo pessoal

A educadora parental Stella Azulay sublinha a importância da participação dos adultos também nas atividades com as crianças e adolescentes. Uma presença real, concentrada no momento de lazer entre as duas partes, para que seja estabelecida uma conexão verdadeira. Assim, a interação tem potencializado os benefícios proporcionados durante este momento juntos.

“A nossa presença real, participando da vida da criança, faz com que ela interaja conosco e a gente se conecte com ela”, comenta. Ela indica especialmente a realização de atividades ao ar livre, de forma a explorar o mundo ao redor, e que jamais sejam deixadas de lado brincadeiras como massinha, pintura, escrita e leitura, estimuladas de uma forma agradável.

Viviane reitera que, nesses momentos, a criatividade da família precisa ser colocada em prática para descobrir novas maneiras de todos se divertirem. Fazer um piquenique no parque, brincar de bola, empinar pipa, andar de bicicleta, entre outras brincadeiras são citadas pela psicopedagoga. Além disso, “durante as férias escolares muitas atrações culturais oferecem descontos e promoções, e a família pode aproveitar para visitar museus, teatros, cinemas, entre outros”, lembra.

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