Aos Institutos Seculares

Papa: o estilo de Deus é a proximidade e amor pela humanidade

Francisco fez um discurso aos participantes do encontro promovido pela Conferência Mundial dos Institutos Seculares (CMIS)

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Francisco / Foto: Reprodução Vatican Media

Nesta quinta-feira, 25, o Papa Francisco recebeu, em audiência, os participantes do encontro promovido pela Conferência Mundial dos Institutos Seculares (CMIS). 

No discurso, Francisco acolheu a todos da Assembleia Geral. Francisco ofereceu algumas reflexões para ajudá-los a considerar a peculiaridade da vocação que lhes foi confiada, para que o carisma deles se torne mais incisivo no tempo em que vivemos.

Igreja em saída

O Pontífice ressaltou que o termo secularidade, que não é totalmente equivalente ao de laicidade, é o cerne da vocação dos Institutos Seculares, que manifesta a natureza secular da Igreja, povo de Deus, no caminho entre os povos e com os povos. É a Igreja em saída, não distante, não separada do mundo, mas imersa no mundo e na história para ser seu sal e luz, semente de unidade, esperança e salvação. “A vossa missão particular é estar no meio do povo, a conhecer e compreender o que se passa no coração dos homens e mulheres de hoje, a alegrar-vos e a sofrer juntos, com o estilo da proximidade, que é o estilo de Deus: a proximidade”.

Francisco ressaltou que este é também o estilo de Deus, que mostrou sua proximidade e seu amor pela humanidade ao nascer de uma mulher. É o mistério da Encarnação, origem daquela relação que nos faz irmãos de toda criatura e que continuamente pede para ser contemplado, para perceber e promover aquele bem que Deus pronunciou sobre as diversas realidades e que nem mesmo o pecado, enquanto o obscurece, é capaz de destruir completamente.

“O carisma que recebestes vos compromete, individualmente e como comunidade, a combinar a contemplação com aquela participação que vos permite partilhar as ansiedades e as expectativas da humanidade, captando as suas perguntas para iluminá-las com a luz do Evangelho”.

A beleza do absoluto na vida ordinária

“Sois chamados a viver toda a precariedade do provisório e toda a beleza do absoluto na vida ordinária, nas estradas onde os homens caminham, onde o cansaço e a dor são mais fortes, onde os direitos são desrespeitados, onde a guerra divide os povos, onde a dignidade é negada. É ali, como Jesus nos mostrou, que Deus continua a nos dar o dom de sua salvação. E você está lá, você é chamado a estar lá, a testemunhar a bondade e a ternura de Deus com gestos diários de amor”, afirmou o Pontífice.

Mas onde encontrar a força para colocar-se generosamente ao serviço dos outros? Esse foi o questionamento do Papa, que trouxe algumas indicações. “Vocês encontram essa força e coragem na oração e na contemplação silenciosa de Cristo. O encontro orante com Jesus enche o vosso coração com a sua paz e amor, que podeis dar aos outros. A busca assídua de Deus, a familiaridade com a Sagrada Escritura e a participação nos sacramentos são a chave para a fecundidade da vossa obra”, afirmou o Papa.

Vocação de fronteira

“A vossa é uma vocação de fronteira, que às vezes é mantida na discrição da reserva. Em várias ocasiões, o senhor observou que nem sempre é conhecido e reconhecido pelos pastores e essa falta de estima talvez o tenha levado a se afastar, a se afastar do diálogo, e isso não é bom. Mas a sua é uma vocação que abre fronteiras, para não ficar parado: abre caminhos. Penso nos contextos eclesiais bloqueados pelo clericalismo – que é uma perversão -, onde a vossa vocação fala da beleza de uma laicidade abençoada, abrindo a Igreja à proximidade de cada homem e mulher”.

Francisco ainda afirmou que “pensa nas sociedades onde os direitos das mulheres são negados e onde vocês, como aconteceu também na Itália com a Beata Armida Barelli, tem a força de mudar as coisas promovendo sua dignidade. Penso naqueles lugares, que são muitos, na política, na sociedade, na cultura, onde você desiste de pensar, se conforma à corrente dominante ou à sua própria conveniência, enquanto é chamado a lembrar que o destino de cada homem está ligado ao dos outros. Não há destino solitário”.

A Igreja é uma missão

“Não se cansem de mostrar o rosto de uma Igreja que precisa se redescobrir no caminho com todos, para acolher o mundo com todos os seus esforços e belezas. A Igreja não é um laboratório para se acalmar e descansar. A Igreja é uma missão. Somente juntos podemos caminhar como povo de Deus, como buscadores de sentido com todos os homens e mulheres deste tempo, guardiões da alegria de uma misericórdia que se fez carne em nossa vida”.

O Papa ainda afirma que esse caminho exige hábitos desequilibrados que não falam mais com ninguém, quebrando padrões que atrelam o anúncio, sugerindo palavras encarnadas, capazes de atingir a vida das pessoas porque elas se nutrem de sua vida e não de ideias abstratas. E ressaltou, “ninguém dá testemunho com ideias abstratas. Não. Ou você evangeliza com sua vida, e este é o testemunho, ou você não consegue evangelizar”.

Francisco concluiu o discurso com o convite a fazer a secularidade presente na Igreja com afabilidade, sem pretensão, mas com determinação e com aquela autoridade que vem do serviço. “Que o seu seja o serviço da semente, o serviço do fermento, o serviço oculto e, ao mesmo tempo, evidente que sabe morrer nos acontecimentos – mesmo eclesiais – para que possam mudar de dentro e dar frutos de bem. Escutem docilmente o Espírito Santo para compreender como tornar cada vez mais eficaz o vosso trabalho, também percorrendo novos caminhos que tornem visível a riqueza de que sois portadores”, afirmou o Papa.

 

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