Deus é misericórdia

Papa no Angelus: Deus sofre com as nossas distâncias

O Pontífice recordou no Angelus deste domingo, que Deus sempre nos espera de braços abertos, qualquer que seja a situação de vida em que nos perdemos. “Como diz um Salmo, ele não adormece, ele sempre vela por nós”

Da Redação com Vatican News

Papa Francisco durante o Angelus / Foto: Vatican Media ­Handout via Reuters

No Angelus deste domingo, 11, o Papa Francisco, inspirado no Evangelho de Lucas, liturgia do dia, convidou todos os fiéis católicos, a prestar atenção na “inquietação pela falta”, aspecto comum aos protagonistas das parábolas refletidas: um pastor que procura a ovelha perdida, uma mulher que encontra a moeda perdida e o pai do filho pródigo.

Olhando para a Parábola do ‘Pai Misericordioso’, o Pontífice afirmou que um Deus com coração de Pai e Mãe, que sofre quando nos distanciamos dele, quando nos perdemos, mas que continuamente vela por nós, espera o nosso retorno para nos ter em seus braços.

Partindo do início do Evangelho, quando Jesus faz a refeição com os pecadores, Francisco disse ser escândalo para os fariseus e escribas, mas ao mesmo tempo revelação de que Deus não exclui ninguém, deseja todos em seu banquete porque ama a todos como filhos.

Um Deus que vai ao encontro dos que se perderam

A liturgia de hoje apresenta três parábolas da misericórdia que resumem o coração do Evangelho que assume a paternidade de Deus que sempre vem ao encontro daqueles que se perdem.

O Santo Padre explicou que as três personagens, se fizessem alguns cálculos poderiam ficar tranquilos. “Ao pastor falta uma ovelha, mas tem outras noventa e nove; à mulher uma moeda, mas tem outras nove; e também o Pai tem outro filho, obediente, a quem se dedicar. Por que pensar no outro que se foi, para viver uma vida desregrada?”. Mas em seus corações, “existe uma inquietação por aquilo que falta: a ovelha, a moeda, o filho que foi embora”.

Com isso, o Papa acredita que quem ama se preocupa com que aqueles que faltam, sente saudades de quem está ausente, procura quem se perdeu, espera por quem se afastou, para que justamente ninguém se perca.

Um Deus que sofre às ausências

Francisco disse aos fiéis que Deus é assim: “Ele não fica ‘tranquilo’ se nos afastamos d’Ele, ele sofre, treme no seu íntimo; e sai a nossa procura, até que nos traga de volta em seus braços. O Senhor não calcula as perdas e os riscos, tem um coração de pai e de mãe, e sofre com a falta dos filhos amados. ‘Mas por que sofre se este filho é um desgraçado, se foi embora’? Sofre, sofre. Deus sofre com a nossa distância e, quando nos perdemos, espera o nosso retorno. Recordemo-nos: Deus sempre nos espera, Deus sempre nos espera de braços abertos, qualquer que seja a situação de vida em que nos perdemos. Como diz um Salmo, ele não adormece, ele sempre vela por nós”.
O ‘ir ao encontro’ de cada um de nós”.

Como costuma fazer em suas reflexões, o Papa fez o convite para olharmos para nós mesmos e nos perguntarmos se imitamos Deus nessa ação, se temos a inquietação pela falta. “Temos saudades de quem está ausente, dos que se afastaram da vida cristã? Carregamos essa inquietação interior ou permanecemos calmos e imperturbáveis entre nós? Em outras palavras, quem falta em nossas comunidades, realmente nos faz falta ou fazemos de conta e não toca o coração? Quem falta na minha vida, realmente faz falta? Ou estamos bem entre nós, tranquilos e felizes em nossos grupos”, questionou.

Ainda indagando os presentes, Francisco trouxe a imagem daqueles que vão a grupos apostólicos considerados ‘bons’ mais não nutrem compaixão por quem está distante. “Não se trata somente de estar ‘aberto aos outros’, é Evangelho! O pastor da parábola não disse: ‘Já tenho noventa e nove ovelhas, quem me faz ir procurar a perdida, a perder tempo’? Ao invés disso Ele foi”.

Homens e mulheres inquietos

Olhando para as relações interpessoais dos cristãos, o Pontífice exortou a todos perguntando se rezamos por quem não acredita, por quem está longe, por quem está amargurado? Se atraímos os distantes pelo estilo de Deus que é proximidade, compaixão e ternura?

“O Pai pede que estejamos atentos aos filhos que mais lhe fazem falta. Pensemos em alguém que conhecemos, que está ao nosso lado e que talvez nunca tenham ouvido alguém dizer: ‘Sabe? Tu és importante para Deus’. ‘Mas, por favor, eu estou em situação irregular, fiz isto errado, mais isso…’. Tu és importante para Deus: dizer isso. Tu não o buscas, mas Ele te busca”.

Ao final, confiando à Nossa Senhora, mãe que não se cansa de nos procurar e de cuidar de nós, pediu aos presentes na Praça de São Pedro e a cada um de nós que permitamo-nos inquietar. “Sejamos homens e mulheres de coração inquieto, deixemo-nos inquietar por estas interrogações”.

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