Angelus

Papa: Nem tudo está perdido, podemos sempre recomeçar

Antes do Ângelus, o Papa comentou o encontro entre Jesus e Zaqueu no centro da liturgia deste domingo, e sublinhou que os cristãos podem mesmo diante de qualquer erro, acreditar que podem recomeçar

Da Redação com Vatican News

Papa Francisco durante o Angelus / Foto: Vatican Media ­Handout via Reuters

Neste domingo, 30, o Papa Francisco refletiu com os fiéis presentes na Praça de São Pedro e demais cristãos de todo o mundo sobre a relação de Jesus e Zaqueu. Trazendo a imagem de Jesus que olha para o cobrador de impostos que ao saber que o Mestre se aproxima, sobe em uma árvore, o Pontífice advertiu:

“O olhar dos cristãos e da Igreja deve sempre abraçar de baixo e buscar aqueles que estão perdidos, com compaixão, como o de Jesus para Zaqueu, e não pode ser “um olhar de cima, que julga, despreza e exclui”. Um olhar que às vezes também voltamos para nós mesmos, quando nos sentimos inadequados e nos resignamos, e não buscamos o encontro com Jesus que olha com infinita confiança para o que podemos ser”.

O encontro entre Jesus e Zaqueu, sob o olhar da busca

O Papa destacou que no centro da história do evangelista Lucas está o verbo ‘procurar’. Zaqueu tentou ver quem era Jesus e Jesus, depois de conhecê-lo, afirmou: O Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido.

Há, portanto, para Francisco, dois olhares que se buscam: O olhar de Zaqueu que busca Jesus e o olhar de Jesus que busca Zaqueu. Analisando o primeiro, ele lembra que Zaqueu é um cobrador de impostos, um daqueles judeus que cobravam impostos em nome dos governantes romanos, um traidor da Pátria, e se aproveitavam de sua posição. Por isso, era rico, odiado por todos e apontado como pecador.

Nem tudo está perdido

Lucas descreve no Evangelho que ele era pequeno em estatura, e com isso, explicou o Pontífice, “talvez ele também alude à sua pequenez interior, à sua vida medíocre, desonesta, com o olhar sempre voltado para baixo. No entanto, Zaqueu quer ver Jesus e, para isso, subiu em uma árvore, porque o Mestre tinha que passar por ali”.

O Santo Padre olhando para o cobrador de impostos aludiu a imagem de Zaqueu ser de um homem que dominou tudo, optou por fazer o ridículo e foi pelo caminho do ridículo – para ver Jesus. “Pensemos no que aconteceria se, por exemplo, um ministro da economia subisse em uma árvore para olhar outra coisa: ele arrisca a zombaria. E Zaqueu arriscou a zombaria para ver Jesus”. Na sua pequenez, continua o Papa, sente a necessidade de procurar outro olhar, o de Cristo.

Jesus ainda não o conhece, mas Zaqueu espera que alguém o liberte de sua condição, que o tire do pântano em que se encontra. “Isso é fundamental: Zaqueu nos ensina que, na vida, nunca tudo está perdido. Sempre podemos abrir espaço para o desejo de recomeçar, de partir de novo, de converter”.

Deus olhou para nós de baixo, restaurando nossa dignidade

Por isso é decisivo o segundo olhar, o de Jesus, que “foi enviado pelo Pai para buscar os perdidos”. E quando chega a Jericó, passa mesmo ao lado da árvore onde está Zaqueu.

Lucas narra que “Jesus olhou para cima e disse-lhe: ‘Zaqueu, desce imediatamente, porque hoje tenho de ficar em tua casa'”. É uma imagem muito bonita, comenta o Papa Francisco, “porque se Jesus tem que olhar para cima, significa que ele está olhando para Zaqueu de baixo”.

“Esta é a história da salvação: Deus não nos olhou de cima para nos humilhar e julgar; pelo contrário, baixou-se para lavar-nos os pés, olhando-nos de baixo e restituindo-nos a dignidade. Assim, o cruzamento de olhares entre Zaqueu e Jesus parece resumir toda a história da salvação: a humanidade com suas misérias busca a redenção, mas sobretudo Deus com misericórdia busca sua criatura para salvá-lo”, afirmou o Papa aos presentes.

Jesus nos olha com amor, nos chama pelo nome e vem até nós

Francisco ainda recordou os presentes que o olhar de Deus nunca se detém ao nosso passado cheio de erros, mas que olha com infinita confiança para o que podemos vir a ser.

“E se às vezes nos sentimos pessoas de baixa estatura, não à altura dos desafios da vida e muito menos do Evangelho, atolados em problemas e pecados, Jesus sempre nos olha com amor: como com Zaqueu ele vem ao nosso encontro, chama-nos pelo nome e, se o acolhemos, vem à nossa casa”.

Diante de tal reflexão, enfatizou que “podemos nos perguntar: como olhamos para nós mesmos? Sentimo-nos inadequados e resignados, ou ali mesmo, quando nos sentimos deprimidos, buscamos um encontro com Jesus? E então: que olhar temos para aqueles que cometeram erros e lutam para se levantar do pó de seus erros? ”.

O Santo Padre lembrou que os cristãos devem ter o olhar de Cristo, que abraça de baixo, que busca os perdidos, com compaixão. “Este é, e deve ser, o olhar da Igreja, sempre, o olhar de Cristo, não o olhar de condenação”.
Rezou à Maria, cuja humildade o Senhor contemplou e pediu o dom de um novo olhar para todos.

 

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