O tratamento, ainda em testes , será estendido a todos os infectados do Congo; para os cientistas, a expectativa é o fim da epidemia que assola o país
Da redação, com Vatican News
Novos tratamentos contra o ebola, considerados ainda experimentais, atingiram 90% de eficácia nos testes realizados República Democrática do Congo. Os medicamentos conhecidos como REGN-EB3 e mAb-114 são anticorpos monoclonais que usados por aplicação intravenosa no sangue se ligam à parte externa do vírus, impedindo que ele atinja as células.
Leia também
.: República do Congo declara novo surto de ebola no país
O tratamento, ainda em testes , será estendido a todos os infectados do Congo e, segundo os cientistas, a expectativa é o fim da epidemia que assola o país. Em um ano, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença atingiu cerca de 2.800 pacientes e ocasionou a morte de mais de 1.800.
Segundo o Instituto Nacional Americano para alergias e doenças infecciosas, responsável pelas pesquisas, a medicação alcançou 90% de sucesso ao ser administrada na fase inicial da doença. O REGN-EB3 e o mAb114 foram desenvolvidos utilizando anticorpos coletados de sobreviventes do ebola. São as primeiros fármacos, em um estudo cientificamente válido, que mostraram uma redução significativa na mortalidade
A importância da descoberta
“Uma descoberta de grande importância à qual se chegou graças a anos de estudos realizados também sobre o território por colegas que demonstraram grande capacidade técnica”, disse o virologista Fabrizio Pergliasco, deixando claro que “esses estudos estão em fase de testes e, portanto, de resultados provisórios que ainda não nos permitem declarar que o Ebola não é mais uma emergência internacional. O Ebola continua a ser uma doença muito grave, com uma elevada taxa de mortalidade, que está se alastrando em vastas camadas da população”.
Mortalidade reduzida a 6%
“Até hoje, não havia uma terapia adequada. Os únicos tratamentos possíveis eram de reidratação e de redução da febre. Havia também uma vacina disponível, mas a vacinação é uma ação preventiva que deve ser e é complementar à batalha travada para reduzir a difusão”, explica o especialista, ressaltando que a importância da descoberta está “na eficácia desses dois anticorpos monoclonais que atuam – e parece que com excelentes resultados – reduzindo o número de mortes”. Graças a estes novos tratamentos, a taxa de mortalidade, que atualmente varia entre 30% e 80%, diminuiria para 5-6%.
A difícil situação no Congo
Entre as nações mais afetadas pelo vírus está a República Democrática do Congo, onde, no ano passado, o vírus matou cerca de 2.000 pessoas. “No Congo – explica o virologista, professor da Universidade de Milão – é muito difícil combater a doença, sobretudo devido às condições culturais e socioeconômicas do país. A população local tem pouca confiança nos tratamentos e no pessoal médico”.
Leia também
.: Ebola já matou mais de 2.800 pessoas e número tende a crescer
.: Vaticano dará 3 milhões de euros para combate do vírus ebola
De fato, houve ataques contra estruturas de saúde e médicos por parte dos habitantes. “Nestas condições, é difícil trabalhar e atuar intervenções de prevenção e informação. Agora, com as taxas de recuperação mais elevadas, é provável que também seja mais fácil persuadir as pessoas a procurarem tratamento, reduzindo assim a propagação do vírus. E é também por esta razão que, como declara Pergliasco, a empresa que produz os novos medicamentos decidiu distribuí-los gratuitamente em todo o país. Uma escolha ética porque, mesmo com base em dados incompletos, permite que muitas pessoas sejam tratadas”.
Os próximos passos
Enquanto o medicamento será distribuído gratuitamente no Congo, ao mesmo tempo a investigação prosseguirá porque, explica o virologista, “em todos os estudos para registro e distribuição em grande escala de medicamentos deve ser feita uma análise mais aprofundada sobre a oportunidade e eficácia do tratamento e, especialmente, sobre possíveis eventos adversos, que se evidenciam somente aumentando o número de pacientes submetidos ao tratamento”. De fato, neste momento, o tratamento só foi testado em cerca de 700 pessoas. Não é um número muito elevado, mas permite-nos reacender a esperança para milhões de pessoas.