ESPECIAL - DIA DA MULHER

Mulheres relatam como intimidade com Deus ajuda a cultivar feminilidade

No Dia Internacional da Mulher, confira testemunhos de mulheres de fé que se confiaram a Deus e tiveram sua essência feminina cuidada por Ele em sua história

Fernanda Lima
Da Redação

Foto: Wesley Almeida

Nesta sexta-feira, 8, é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Na perspectiva bíblica, é possível compreender o que é ser mulher a partir da criação de Eva, quando Deus reconhece: “Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer-lhe uma auxiliar que lhe corresponda” (Gn 2,18). O termo “auxiliadora” deriva da palavra hebraica ezer, que significa “ajuda, socorro, aquele que ajuda”.

Neste contexto, a mulher tem a missão de ser o “socorro de Deus” onde ela vive. São João Paulo II ensina em sua Carta Apostólica Mulieris Dignitatem que “a dignidade da mulher está intimamente ligada com o amor que ela recebe pelo próprio fato da sua feminilidade e também com o amor que ela, por sua vez, doa”.

O coração de uma mulher é a sua essência e nele está a fonte da sua criatividade, coragem e convicções. Confira, a seguir, testemunhos de mulher de fé que souberam se confiar a Deus e experimentaram a plenitude da alma feminina em diferentes aspectos.

“O coração curado e convertido é um coração humilde e virtuoso”

Eliana Ribeiro / Foto: Arquivo Pessoal

Esposa, mãe, cantora e evangelizadora. Eliana Ribeiro apresenta a Palavra de Deus em todo o Brasil e contribui fortemente com a ação da Igreja no mundo. Ela partilha sua experiência como mulher que não abre mão da sua fé sem deixar de lado sua feminilidade.

“Tudo parte de um movimento que acontece de dentro pra fora. O amor próprio começa quando a mulher se conhece e ama as suas origens, quando se conhece e ama a sua história cheia de erros e acertos. Se isso não acontecer, a mulher estará fadada ao remorso e consequentemente à lamúria e às reclamações” destaca.

Neste processo de encontro consigo própria, a cura interior é essencial para a mulher. “É preciso haver uma reconciliação com a própria história. O coração curado e convertido é um coração humilde e virtuoso”, comenta. “Suas palavras e gestos, o jeito de se vestir, sua postura em casa ou no trabalho, na igreja ou com os amigos, refletirá do que está cheio o seu coração. É preciso estar disposta a viver o processo”.

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Na atualidade, torna-se cada vez mais desafiante viver com equilíbrio a feminilidade baseada nos valores cristãos. Eliana testemunha a importância de cuidar de si própria e como tem vivido isso na prática. “O meu autocuidado começa com um olhar especial para o meu interior: direção espiritual, vivência dos sacramentos e as práticas de piedade como vida de oração e penitência. Atualmente não faço terapia psicológica, mas houve fases na minha vida em que precisei”, comenta a cantora, citando situações exigentes como o luto, dificuldades nos relacionamentos, tomada de decisões e até mesmo doenças emocionais. 

Além disso, cita, há a necessidade de cuidado com o corpo. Entre elas, Eliana afirma priorizar o descanso, o lazer em família e momentos exclusivos com o esposo. “Também amo tomar um café da tarde com as amigas, gosto de cuidar dos cabelos, das unhas, da pele, amo estar perfumada… Tenho um zelo pela minha imagem, porque ela também é um meio de comunicação”, declara.

“Aprendi a me amar para hoje, poder amar outra pessoa”

Danusa Rego/ Foto: Arquivo Pessoal

Danusa Rego é missionária da Comunidade Canção Nova há 16 anos e partilha sobre o seu processo de “espera em Deus” e o quanto isso fortaleceu ainda mais sua essência feminina. “Entrei na Canção Nova com 23 anos e, sinceramente, imaginei que logo após meu tempo de formação inicial namoraria, casaria, teria filhos… mas, comigo, não foi tão simples assim. Meu ‘José’ não apareceu muito rápido”, partilha.

Ela conta que, em seu quarto ano de comunidade, foi remanejada para a missão em Roma. O anseio de encontrar alguém, ainda que sereno, esbarrou em uma menor probabilidade de encontrar um rapaz que fosse de dentro da comunidade.

A missionária viveu oito anos fora do Brasil. Em 2019, retornou ao país com a certeza de que Deus continuaria cuidando dos seus sonhos. “Entendi que estava vivenciando um combate espiritual e comecei a rezar nesta intenção. Lembro-me que me apeguei, inclusive, a São Miguel Arcanjo; além disso, minhas orações passaram a ser mais e mais sinceras com Deus, a respeito do meu estado de vida”, conta. Com o tempo, foi percebendo os sinais de Deus como resposta à sua oração.

Ela relata que, naquele mesmo ano, conheceu o missionário Vagno José em um dos intervalos das escalas durante o Hosana Brasil. “Não tivemos, a princípio, nenhum interesse além da amizade, da fraternidade, mas a Providência de Deus permitiu que nos encontrássemos mais e mais vezes. Começamos a partilhar, vivemos, como amigos, momentos de lutas, de provação, até chegar ao momento de identificarmos que existia um sentimento recíproco entre nós”, explica.

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Como fruto desse processo de uma confiança inabalável em Deus, Danusa comenta o aprendizado durante este percurso. “Aprendi a me amar hoje, para poder amar outra pessoa. O percurso não foi indolor. Chorei e sofri, mas sem deixar de confiar em Deus. Acredite, Deus tem um projeto de felicidade também para você “, conclui.

“Ele estava dentro de mim e me escutava”

Antonieta Sales / Foto: Arquivo Pessoal

Missionária da Comunidade Canção Nova desde 1997, Antonieta Sales também precisou viver seu próprio período de dores, diretamente relacionado ao seu autoconhecimento. Foi quando ela enfrentou a depressão.

“A falta de sentido em nada trouxe à tona todos os meus vícios e pecados, causando-me um profundo reconhecimento de minhas misérias”, afirma. “Estava tão mal que o médico psiquiatra passou um laudo me afastando de todas as minhas atividades. Na época tinha apagões que cheguei a esquecer como escrevia meu nome, e comecei ter pavor de todas as coisas que eu amava. A única coisa que vinha em minha mente era a frase: ‘Vinde Espírito Santo’, mas o restante da oração não vinha em minha memória”, partilha a missionária.

Movida apenas pela fé, Antonieta testemunha que a oração está além do sentimento. “Um dia consegui falar com Deus, porque tudo em mim estava mudo e em trevas. E esta foi a minha oração: ‘Senhor, se um dia eu perder a razão, não permita que do fundo de meu ser seja esquecido ou apagado que um dia te escolhi como meu Deus e Senhor’. E assim continuei falando, eu clamava a presença do Espírito Santo como se Ele estivesse longe e fosse inalcançável, mas Ele estava dentro de mim e me escutava, foi sua força que me tirou do abismo, do meu nada. Foi sua força me fez perseverar no tratamento médico, na terapia com a psicóloga e nas inúmeras confissões para lavar a alma”, declara.

Esse processo de fé exigiu a coragem de dar passos para que a cura acontecesse. “Assumi que estava doente e precisava de ajuda, busquei a cura interior e, a cada passo que eu dava, crescia o desejo de voltar a sorrir e a viver, a ser o que Deus criou para eu ser. Amadureci e entendi que o mistério da permissão de Deus nesta enfermidade me fez ser mais de Deus, ser mais gente e afirmar em tudo que Deus tem o controle de todas as coisas”, finaliza.

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