Na Califórnia, deserto chegou a registrar 54ºC, enquanto degelo na Groenlândia atingiu ponto irreversível, apontam cientistas
Da redação, com Reuters
No ano em que a encíclica Laudato Si, assinada pelo Papa Francisco, completa cinco anos, os cientistas alertam para diversas mudanças climáticas que podem comprometer a vida no planeta Terra. Na Califórnia, no Deserto de Mojave, também conhecido como o Vale da Morte, neste domingo, 16, o Sistema Meteorológico estadunidense registrou 54.4ºC, alarmando os cientistas com relação ao aquecimento global. Enquanto isso, um estudo publicado pelo periódico científico Nature Communications Earth & Environment apontou que as camadas de gelo na Groenlândia encolheram num ponto irreversível.
“Uma vez que você começa a registrar índices de calor tão altos, o corpo humano simplesmente não consegue esfriar rápido o suficiente. Os mecanismos pelos quais nos esfriamos não funcionam. Portanto, não podemos ficar do lado de fora por longos períodos de tempo. Não podemos sequer nos esforçarmos em atividades físicas. É perigoso ou até mortal fazer isso”, explicou à Reuters o cientista Michael Mann, que coordena o Earth System Science Center, na Universidade Estadual da Pensilvânia.
Com relação ao estudo do degelo na Groenlândia, o dado mais preocupante é o de que ele ocorre independente da velocidade que o mundo reduz as emissões que causam o aquecimento global.
“Não veríamos essas temperaturas recordes ou qualquer um dos eventos climáticos extremos sem precedentes que temos visto ao redor do mundo nos últimos anos se não fosse pelo aquecimento do planeta devido à queima de combustível fóssil e outras atividades que estão aumentando a concentração desses gases de efeito estufa que causam o aquecimento”, disse o cientista da Universidade Estadual da Pensilvânia.
Segundo este novo estudo levado a cabo na Groenlândia, o manto de gelo do território agora ganhará massa apenas uma vez a cada 100 anos. Trata-se de um indicador muito perigoso de que dificilmente as geleiras crescerão novamente após derreterem.
Fogo na Amazônia
Os recentes índices de aumento de incêndio na Amazônia têm relação direta com as altas temperaturas registradas no deserto da Califórnia, segundo o cientista Michael Mann explicou à Reuters. “A queima da Amazônia coloca mais carbono na atmosfera. E quanto mais carbono na atmosfera, mais o planeta aquece”, afirmou o especialista.
As mudanças se fazem necessárias em caráter emergencial. De acordo com o cientista, o isolamento social imposto pela pandemia causada pelo novo coronavírus é a prova de que a diminuição da interferência do homem no meio ambiente é decisiva à sobrevivência do planeta.
“Se você olha o impacto das políticas de bloqueio e distanciamento social, menos uso do transporte, o que parecem mudanças massivas em nosso estilo de vida, em nosso comportamento, verá que até o fim do ano só terá reduzido emissões de carbono globalmente em cerca de 4% a 5%. Portanto, são boas notícias. As emissões de carbono estão diminuindo; é isso que precisamos fazer. Mas precisamos fazer isso pelo menos nesta quantia a anualmente para cada um dos próximos dez anos se quisermos permanecer no curso para limitar o aquecimento abaixo de níveis catastróficos”, adverte o cientista.
Plantando árvores
Em Bangladesh, os bispos católicos, cientes do quão grave é o problema do aquecimento global e da importante mensagem do Papa Francisco em sua Laudato Si, resolveram lançar uma campanha de plantio de árvores, segundo informa o Portal Vatican News. Os religiosos do país asiático esperam plantar 400 mil árvores durante este ano em que se celebra o quinto aniversário da encíclica.