ORIENTE MÉDIO

Missa recorda dois anos da explosão no porto de Beirute, capital do Líbano

Patriarca Maronita denunciou falta de transparência do governo nas investigações que estão paralisadas 

Da Redação, com Reuters e Vatican News

Dois anos da explosão em Beirute no Líbano

Momento em que o silo desmorona em Beirute/ Foto: Reprodução Reuters

O dia 4 de agosto entrou para a história do Líbano, em suas páginas mais sombrias. Hoje, o país recorda o aniversário de dois anos da explosão no porto em Beirute, que arrasou partes da capital libanesa e deixou pelo menos 220 pessoas mortas. Uma missa, presidida pelo patriarca maronita, Cardeal Bechara Boutros Al-Rai, recordou as vítimas desta que foi uma das maiores explosões não nucleares da história, causada por enormes estoques de nitrato de amônio mantidos no local e negligenciados desde 2013.

Durante a celebração, o principal líder cristão no Líbano denunciou a falta de ação e transparência do governo e reforçou o pedido de uma investigação internacional. O mesmo pedido foi feito pelas famílias das vítimas ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, que esperam que os processos judiciais em outros países possam esclarecer muitas perguntas não respondidas, incluindo quantos a explosão realmente matou.

O secretário-geral da ONU, Antònio Guterres, disse que a quinta-feira marcou “dois anos sem justiça” e pediu em um tweet “uma investigação imparcial, completa e transparente” – um apelo ecoado pela delegação da União Europeia em Beirute. Uma investigação interna sobre as causas da explosão está paralisada há mais de seis meses.

Vários altos funcionários foram acusados ​de responsabilidade, mas, até o momento, nenhum foi responsabilizado. Para críticos, a situação é reflexo de uma elite governante marcada pela corrupção e que levou o Líbano a uma profunda crise política e econômica.

O pedido do Papa por  “justiça e verdade”

No final da Audiência Geral desta quarta-feira,3, o Papa Francisco recordou a explosão do porto de Beirute e enviou uma mensagem ao povo libanês. Francisco afirmou que a justiça e a verdade nunca podem ser escondidas, e também pediu ajuda da comunidade internacional.

“Meus pensamentos vão para as famílias das vítimas desse evento desastroso e para o querido povo libanês. Rezo para que todos possam ser consolados pela fé, confortados pela justiça e pela verdade, que nunca pode ser escondida. Espero que o Líbano, com a ajuda da comunidade internacional, continue no caminho do renascimento, permanecendo fiel à sua vocação de ser uma terra de paz e pluralismo, onde comunidades de diferentes religiões possam viver em fraternidade.”

Danos ao país

Além das mais de 200 pessoas mortas, a explosão deixou 5 mil feridos e 300 desabrigados. A estimativa é que o prejuízo financeiro tenha sido de 15 bilhões de dólares. O Líbano, que já estava imerso em uma crise econômica, – com um dos maiores índices de endividamento do Oriente Médio – lutava para enfrentar a pandemia de coronavírus. Com a explosão, o país registrou novos índices de desemprego e viu o crescimento econômico recuar ainda mais.

Na semana passada, os restos de silos maciços fortemente danificados pela explosão, que se tornaram um símbolo sombrio do desastre, começaram a desmoronar e outros estão perto de se romper.  

 

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