"Bem-aventurados os MISERICORDIOSOS, porque eles alcançarão MISERICÓRDIA" (Mt 5,7)

No tema da JMJ

Jovens se empenham em ações de misericórdia, como pede o Papa

Papa propõe aos jovens, no tema da JMJ 2016, a misericórdia; muitos deles já atenderam a esse chamado e, com pequenas ações, fazem a alegria de quem sofre

Jéssica Marçal
Da Redação

“Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.” Esse é o tema que o Papa Francisco propõe aos jovens nessa Jornada Mundial da Juventude 2016. Um convite a praticar a misericórdia e ser agraciado por ela.

O convite está em plena sintonia com o Ano Santo que a Igreja católica vivencia: o Ano da Misericórdia, instituído por Francisco de 8 de dezembro de 2015 até 20 de novembro de 2016. Um período para experimentar a misericórdia divina e levá-la àqueles que mais sofrem, como pede o Papa.

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.: Mensagem do Papa Francisco para a JMJ 2016

A jovem Maria Amélia Saad tem 29 anos, é jornalista da Ordem dos Advogados do Brasil e resolveu atender a esse chamado misericordioso. Em meio a tantos afazeres, ela dedica parte de seu tempo aos mais necessitados. Tudo começou em um grupo de partilha de profissionais, dentro do Ministério “Universidades Renovadas”, da Renovação Carismática”, em Anápolis (GO). O grupo procura fazer ações que retribuam a Deus um pouco daquilo que os jovens conseguiram conquistar com sua profissão e as ações sociais são vistas com grande zelo pelos participantes.

Maria Amélia começou a acompanhar o grupo em visitas à Casa Bethânia, local que cuida de portadores de HIV, muitas vezes abandonados pelas famílias. As visitas acontecem, normalmente, uma vez por mês e a jovem continua participando dos encontros mesmo após ter se mudado de cidade. “É uma coisa tão simples, a gente vai lá para ouvi-los, levar um lanchinho, conversar, participar da vida com eles ali. É uma coisa muito simples, sabe”, relata.

A recompensa da misericórdia

Muito se engana quem pensa que os atendidos são os maiores beneficiados. “Todas as vezes que eu vou lá (na Casa Bethânia), acho que estou fazendo alguma coisa, mas não! Eu que sou tocada. Quando a gente se deixa levar pela misericórdia de Jesus, na verdade o grande beneficiado é a gente”.

A jovem conta ainda que, a partir do seu trabalho, já conheceu várias realidades difíceis, como a dos presídios e centros de reinserção para menores. Ela acredita que é preciso que cada um enxergue, dentro do seu dia a dia uma forma de exercer a misericórdia para com aqueles que mais precisam. Ela mesma já teve uma experiência assim.

“Nesse caso do centro de reinserção, eu fiquei me perguntando o que eu poderia fazer. E aí eu me juntei a alguns amigos e a gente arrecadou livros e entregou para as meninas que são menores detidas. Fiquei muito feliz quando eu soube que todas estavam com os livros, pegando pra ler. São iniciativas pequenas e eu acredito que você tem que deixar o seu coração ser tocado pela misericórdia de Jesus.”

Semeadores da Alegria

Semeadores da Alegria no HGG/ Foto: SES-GO

Semeadores da Alegria no HGG/ Foto: SES-GO

Outro exemplo de juventude misericordiosa é o projeto “Semeadores da Alegria”. Padre Maximiliano Costa é diretor espiritual do setor juventude da arquidiocese de Goiânia (GO) e lidera o projeto em que jovens fazem visitas a hospitais da região para levar alegria e conforto a pessoas doentes.

A iniciativa surgiu em 2013, após apelo do Papa durante a JMJ no Rio de Janeiro, para que os jovens fossem missionários nos locais onde vivem e também nas “periferias existenciais”. O projeto, segundo o padre, é um intercâmbio de missões, pois ao mesmo tempo em que leva a misericórdia de Deus aos mais necessitados, proporciona a evangelização dos jovens.

Como um dos frutos, padre Max cita a aproximação dos jovens da Igreja, uma vez que muitos deles estavam afastados. “Muitos vêm ao projeto, porque querem fazer o bem, não vieram de paróquias ou de grupos de jovens”, relata o padre.

Ele diz que, antes, levava-se o jovem para a catequese, para os sacramentos e, depois, eles seguiam para missão. Hoje, acontece o contrário: uma vez engajados na missão, porque querem fazer o bem, eles mesmos passam a buscar os sacramentos, a Igreja, e isso também é uma forma de evangelização, observa o sacerdote.

Convite à misericórdia

Padre Max e os jovens reunidos em momento de formação / Foto: Setor Juventude da Arquidiocese de Goiânia

Padre Max e os jovens reunidos em momento de formação / Foto: Setor Juventude da Arquidiocese de Goiânia

Padre Max vê como um “sinal profético” essa opção do Papa de propor aos jovens o tema da misericórdia, tendo em vista um mundo atual tão marcado pela indiferença. “Às vezes, a gente desanima – ‘ah, tão pouquinha gente… as ações são pequenas…’ – mas se a gente vai entendendo que a nossa ação, que seja pequena, se soma com a outra, que é pequena, e com a outra, vai se tornando uma grande obra de misericórdia. A gente vai muito por essa via, não deixando que o desânimo tome conta e entendendo que o pouco que a gente faz, somado com o pouco que o outro faz, pode se multiplicar”.

O padre conclui com uma mensagem aos jovens: “Não tenham medo de dar o seu ‘sim’ a Cristo, buscando cada vez mais esse convite que a Igreja nos faz, por meio do Papa Francisco, para nos envolvermos com as obras de misericórdia. Entendam que, tomando essa decisão, os maiores beneficiados somos nós e, ao mesmo tempo, por meio do nosso sim, temos a possibilidade de ajudar muitas pessoas com atitudes pequenas, mas que são capazes de fazer a diferença na vida das pessoas, levando-as a experimentar o amor que Cristo tem por elas”.

 

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