Durante a coletiva de imprensa de apresentação da mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, nesta quarta-feira, 8, presidente do Pontifício Conselho para os Migrantes e os Itinerantes, Cardeal Renato Raffaele Martino, deu seu parecer favorável à construção de mesquitas na Europa. Ele defendeu que os imigrantes não são invasores, mas colaboradores para o desenvolvimento da Europa.
"Os imigrantes que chegam aos nossos países e contribuem para a manutenção do nosso nível econômico, têm necessidade de lugares para rezar, e a isso ocorre prover de maneira decente", afirmou. "Eu sei que também as igrejas locais estão trabalhando neste sentido", completou.
Cardeal Martino assinalou que a Igreja não pode deixar de trabalhar para que a dignidade humana das pessoas seja respeitada, pois todos, residente, refugiado ou imigrante temos os mesmos direitos, porque todos pertencemos à raça humana. "Os direitos não são uma concessão de nenhuma autoridade", advertiu.
"A Europa está vivendo uma fase de crescimento zero. Se os países europeus desejam manter o seu desenvolvimento eles têm necessidade de braços: porém, atrás dos braços existe uma pessoa, uma família, um todo. A Europa deve aceitar o todo, e não pode ver os imigrantes como invasores, mas sim como colaboradores", acrescentou.
"Certamente é necessário exigir que os imigrantes aceitem a cultura e as leis do país onde chegam. É, porém, importante que exista colaboração cultural, e naturalmente, se há pessoas de cultura e religião diversas, é necessário prover também às suas exigências".
Já o Secretário do Pontifício Conselho para os Migrantes e os Itinerantes, Dom Agostino Marchetto, precisou que também é tarefa da Igreja católica "ajudar os irmãos imigrantes a conservar a dimensão transcendente da vida"."Isto significa também respeitar a sua fé, e dar a eles a possibilidade de manifestar a sua dimensão transcendente", explicou.
Comentando as palavras do Cardeal Martino, favoráveis à abertura de novas mesquitas na Europa no respeito também das suas exigências religiosas, o presidente dos Intelectuais Muçulmanos da Itália, Ahmad Giampiero Vincenzo, disse que "neste momento em que se verifica o aumento do racismo na Itália e na Europa, a Igreja demonstra ter as posições mais avançadas e deveria ser ouvida por todos".
"De fato, certos lugares de oração na Itália são verdadeiramente indignos, contrariamente àqueles para os cristãos nos países islâmicos, da Turquia à África, que são apropriados", afirmou.
Somente na Arábia Saudita não existem igrejas, destaca Vincenzo, e isso, segundo Dom Martinho, "por uma antiga tradição islâmica para a qual, na região de Medina e Meca não podem existir outros templos". "Limitação que se estendeu a todo o território somente em tempos recentes", concluiu.