Papa Francisco falou da importância se encaminhar para “outra margem”, como testemunhas e evangelizadores, na homilia da missa no Estádio Esportivo em Bangui
Denise Claro
Da redação
O Papa Francisco celebrou na manhã desta segunda-feira, 30, a Santa Missa no Estádio Esportivo Barthélémy Boganda, em Bangui, na República Centro-Africana.
O Papa iniciou a homilia falando dos tempos difíceis que vive o país atualmente e que nesta situação, se deve voltar os olhos a Deus: “é bom reunir-se ao redor do Senhor, como fazemos hoje, rejubilando pela sua presença, pela vida nova e a salvação que nos propõe, como outra margem para a qual nos devemos encaminhar.”
Francisco afirmou que esta outra margem é o Céu, para onde olham os cristãos desde sempre, e disse que esta perspectiva os anima. Porém, lembrou que há uma margem mais imediata, que já transforma a vida presente e o mundo em que se vive.
Agradeceu pelos esforços realizados pelos cristãos no país: “Quero dar graças convosco ao Senhor de misericórdia por tudo aquilo que vos concedeu realizar de bom, de generoso, de corajoso nas vossas famílias e nas vossas comunidades, durante os acontecimentos que há muitos anos se têm verificado no vosso país.”
E lembrou que, por outro lado, ainda não se chegou à meta, encorajando o povo centro-africano: “de certo modo estamos no meio do rio, e devemos decidir-nos com coragem, num renovado compromisso missionário, a passar à outra margem. Cada baptizado deve romper, sem cessar, com aquilo que ainda há nele do homem velho, do homem pecador (…) Sabemos quanta estrada têm ainda de percorrer as nossas comunidades cristãs, chamadas à santidade. Todos temos, sem dúvida, de pedir perdão ao Senhor pelas numerosas resistências e relaxamentos em dar testemunho do Evangelho. Que o Ano Jubilar da Misericórdia, agora iniciado no vosso país, seja ocasião para isso!”
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.:Na íntegra: Homilia do Papa no Estádio Esportivo em Bangui
Olhar para o futuro
“Vós, queridos centro-africanos, deveis sobretudo olhar para o futuro e, fortes com o caminho já percorrido, decidir resolutamente realizar uma nova etapa na história cristã do vosso país, lançar-vos para novos horizontes, fazer-vos mais ao largo para águas profundas.”
O Papa lembrou que os apóstolos André e Pedro deixaram tudo para seguir a Jesus e levou a cada um a se perguntar o que já aceitou ou recusou em relação ao apelo de Cristo, reforçando a necessidade de ser um evangelizador e uma testemunha do Evangelho:
“O grito dos mensageiros ressoa mais forte do que nunca aos nossos ouvidos, precisamente quando os tempos são duros (…) E ressoa aqui, hoje, nesta terra da África Central; ressoa nos nossos corações, nas nossas famílias, nas nossas paróquias, em qualquer parte onde vivemos, e convida-nos à perseverança no entusiasmo da missão; uma missão que precisa de novos mensageiros, ainda mais numerosos, ainda mais generosos, ainda mais jubilosos, ainda mais santos. E somos chamados, todos e cada um de nós, a ser este mensageiro que o nosso irmão de qualquer etnia, religião, cultura espera, muitas vezes sem o saber. De facto, como poderá este irmão acreditar em Cristo – pergunta-se São Paulo –, se a Palavra não for ouvida nem proclamada?”
Francisco concluiu sua homilia afirmando que a exemplo de Paulo, os cristãos devem estar cheios de esperança e entusiasmo pelo futuro, pois tem ao seu lado o Cristo ressuscitado:
“A outra margem está ao alcance da mão, e Jesus atravessa o rio conosco. Cristãos da África Central, cada um de vós é chamado a ser, com a perseverança da sua fé e com o seu compromisso missionário, artesão da renovação humana e espiritual do vosso país.”