Íntegra

Homilia do Cardeal Lajolo no Centenário de Schoenstatt

Homilia do Cardeal Giovanni Lajolo na Missa do Jubileu pelo centenário de Schoenstatt

Querida Família de Schoenstatt, estimados convidados, queridos peregrinos!

Há 100 anos um pequeno grupo de jovens se reuniu com o Padre Kentenich neste mesmo lugar e nesta mesma hora. Parecia ser uma reunião normal de início do ano escolar e, no entanto, aconteceu algo fora do comum. Esta reunião se tornou a hora da fundação de um novo Movimento para a Igreja, que em 100 anos se expandiu pelo mundo inteiro. Os senhores veem de mais de 50 países e estão reunidos aqui como representantes de suas nações e como testemunhas desta vida abundante.

Voltemos nosso olhar para a origem. No princípio estava somente a fé do padre Kentenich. “Anda na minha presença e sê perfeito” (Gen 17,1). A ordem de Deus a Abrão, o pai da fé, pelo visto se aplica também ao Fundador da Obra de Schoenstatt, pois a ele foi presenteado uma fé viva na Providência. Ele viu vida e mundo, vida cotidiana e guerra mundial, atualidade e história, sob a luz da condução de Deus e seu plano de sabedoria, bondade e poder. Seu passo ousado na fundação de algo novo foi dado à luz e à força desta experiência de fé.

Por meio do contato com os Santuários da Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt, muita gente recebeu o presente de unir seu caminho de vida com o Deus da História. Os 100 anos de história das pegadas do Movimento de Schoenstatt no século XX, século que se gravou profundamente nos povos da Europa e do mundo, se tornaram pegadas da condução de Deus através das quais se abriu um novo caminho espiritual na Igreja, um caminho que está inspirado por um carisma para esta época de nossa história.

A corrida da Tocha dos 100 jovens que saíram do Vale de Pompéia e chegaram a Schoenstatt, passando por Roma, nos recorda a inspiração de Deus que o Padre Kentenich experimentou aqui ao selar uma Aliança de Amor com a Mãe do Senhor. Isto se tornou realidade através do pedido a Maria de que Ela se estabelecesse neste lugar como educadora da juventude e do povo de Deus. Olhando para trás entendemos este sucesso no contexto dos “novos tempos”, que era relacionado ao tempo da Primeira Guerra Mundial.

No espírito do Magnificat, neste aniversário da fundação da Família de Schoenstatt, podemos constatar: A capelinha original da congregação se transformou em um lugar de graças e peregrinação. Maria se estabeleceu no Santuário de Schoenstatt e abriu o coração de muitas pessoas a Deus. Em aliança com Maria, à sombra do Santuário, cresceram abundantes frutos de santidade e de apostolado. Eles estão marcados pela realidade dos tempos modernos e dão forma à vida cotidiana. Unimos nossas vozes em um canto de gratidão a Deus que nos presenteou tanto. Ele abriu nossos corações na alegria de tantas graças e nos uniu fortemente uns com os outros. Fazemos isso em união com todos aqueles que se reúnem hoje nos Santuários de Schoenstatt do mundo inteiro e participam conosco desta festa por meio da transmissão ao vivo.

 Realmente se faz realidade a promessa que, no Documento de Fundação, está representada com a imagem bíblica do Tabor. A Aliança de Amor com Maria se amplia a uma Aliança com Jesus – nosso Redentor e guia – no Espírito Santo, a Deus e Pai de todas as pessoas, Criador e Condutor domundo.

Queridos irmãos, nos reunimos hoje, no dia da fundação do Movimento de Schoenstatt, para renovar esta primeira aliança com Maria. Seguimos o desejo de seu Filho: “Eis aí tua Mãe” (Jo 19,27). Maria nos oferece novamente sua mão e se une a nós e a todos os que nos acompanham neste caminho. Como Mãe da Igreja nos ensina a ser uma só Família de Deus dentro da variedade de povos e culturas.

O Movimento de Schoenstatt, com sua mensagem de Aliança de Amor, dá testemunho: Deus, que colocou um arco-íris no céu, permanece fiel à sua aliança com a humanidade. O Movimento presta um serviço importante à evangelização por meio da configuração de suas próprias vidas a partir da Aliança com a Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt e pelo convite que fazem às pessoas de todo o mundo a fazerem o mesmo.

O dom da Aliança nos chama a dar testemunho do amor e da fidelidade de Deus em uma cultura de encontro em cada ambiente em que nos encontremos. Com alegria e gratidão, a Igreja percebe que a imagem de graças da Mãe e Rainha de Schoenstatt que visita milhões de famílias mês a mês, as fortalece em suas relações humanas e religiosas. As palavras do Documento de Fundação: “quantas vezes, na história universal, fatos pequenos e insignificantes, converteram-se em grandes acontecimentos” podem ser comprovadas neste apostolado para e com as famílias.

Pensemos no objetivo e na visão de uma cultura da aliança em todos os aspectos da civilização humana. Essa cultura deve unir suas diversas tradições históricas e originalidade dos valores que originaram e alcançar uma integração. As crises atuais da comunidade internacional requerem

uma cultura da aliança deste tipo para a concepção de um futuro melhor. A Igreja, que tem grande esperança na família, sente-se unida a vocês no caminho de uma pedagogia familiar aplicada. A Igreja conta, cada vez mais, com famílias marcadas por Cristo, que entendem o matrimônio e a família como uma vocação. Que Deus os inspire no desenvolvimento de sua pedagogia a serviço da formação de um homem íntegro e do futuro da fé.

Queridos irmãos entrem com absoluta confiança no segundo século da fundação de Schoenstatt. A aliança entre Deus e o mundo no SIM de Maria tornou possível um novo “um com o outro”. Esta aliança alcançou um ambiente de relações no qual cresce luz, vida e amor. Sua tarefa agora é fazer crescer este ambiente. Orientem-se pelo programa de nosso Santo Padre, o Papa Francisco, que,

em sua exortação apostólica “Evangelii Gaudium”, pede a todos: “Esta dinâmica de justiça e ternura, de contemplação e de caminho para os outros faz de Maria um modelo eclesial para a evangelização. Pedimos-lhe que nos ajude, com a sua oração materna, para que a Igreja se torne uma casa para muitos, uma mãe para todos os povos, e torne possível o nascimento de um mundo novo.” (EG 288)

O Santo Padre também deixa ao movimento a opção missionária no coração, a qual significa uma partida para a evangelização. Ele diz: “Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação.” (EG 27)

Permaneçam e sejam cada vez mais “obra e instrumento de Maria”. Representem, de certo modo, Maria na força de sua fé e na riqueza das relações entre cada um, com todas as forças espirituais da Igreja. Levem Cristo às pessoas, assim como o fez e faz a Mãe de Deus. Que a juventude de Schoenstatt e de toda a Igreja acenda um fogo para o futuro da fé neste tempo de mudanças, para que os cristãos sejam sinal de esperança e lugar de refúgio para o caminho que temos pela frente.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

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