Cardeal Gugerotti leva abraço e bênção do Papa Francisco aos católicos da Síria e mensagem de encorajamento aos fiéis
Da redação, com Vatican News
O prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, Cardeal Claudio Gugerotti, realiza, desde sexta-feira, 24, uma visita à Síria a pedido do Papa Francisco. Ele foi encarregado pelo Santo Padre de visitar o país e levar seu abraço e bênção aos católicos.
Neste domingo, 26, o enviado do Papa se reuniu com os fiéis de Damasco para participar das liturgias das Igrejas individuais e levar a bênção do Papa Francisco. Em seguida, ele partiu para Aleppo e Homs, estendendo ainda mais o abraço do Santo Padre à Síria.
“Os cristãos desse país querem contar ao mundo o que viveram”, enfatizou o secretário do Dicastério para as Igrejas Orientais, Dom Michel Jalakh, que é da Ordem Antoniana Maronita e acompanha o Cardeal Gugerotti na visita. “Eles precisam que o mundo os ouça. Por muitos anos, eles foram deixados à própria sorte. O povo sírio é resistente, mas sua capacidade de reagir nas condições mais difíceis não é infinita e deve ser apoiada”.
No noite de sábado, 25, na celebração da conversão de São Paulo, o Cardeal Gugerotti presidiu uma Missa com os fiéis de Damasco no Memorial de São Paulo, construído no local que a tradição atribui ao evento que marcou a vida do Apóstolo dos gentios.
Na ocasião, o prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, dirigindo-se aos presentes, disse: “precisamos acreditar que neste mundo até mesmo aqueles que estão contra nós se converterão, encontrarão o caminho, entenderão aonde leva o caminho que vai em direção do céu”.
Uma mensagem que, na Síria conturbada e sofrida de hoje, é um encorajamento contra o desânimo e o medo, mas também um carinho que o Papa faz em um povo inteiro para que não se sinta mais abandonado. Um gesto que o enviado do Santo Padre viu retribuído por centenas de mulheres, idosos e crianças, que, apesar da falta de tudo, quiseram dar tudo de si para demonstrar gratidão por essa atenção que vem de longe.
Chamado à fraternidade
A dignidade com que os cristãos da Síria enfrentam as dificuldades cotidianas em um país onde tudo parece suspenso e incerto, onde se torna inquietante até mesmo olhar nos olhos dos próprios filhos porque não se tem um futuro para oferecer a eles, é um forte apelo à Igreja e à sua unidade.
Há muitos que perceberam isso hoje em Damasco e muitos estão olhando para a estrada da unidade fraterna como a única maneira de enfrentar com segurança o caminho para a nova Síria. E foi exatamente sob a bandeira da fraternidade que ocorreu o encontro intenso e afetuoso entre o enviado do Papa e o patriarca sírio-ortodoxo, Aphrem II, assim como o encontro com os líderes religiosos do Patriarcado greco-ortodoxo, uma das Igrejas mais antigas do país.
Síria, um laboratório para experimentar a unidade
Ainda na celebração, o Vigário Apostólico Latino de Aleppo, Dom Hanna Jallouf, lembrou que, junto com a festa de São Paulo, também foi concluída a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos”. E afirmou: “Este é um lugar de conversão, onde tudo é possível, mesmo se pensarmos nos novos governantes. E certamente a Síria pode se tornar um laboratório privilegiado onde uma profunda unidade cristã pode ser experimentada”.
“Os cristãos da Síria não querem ser definidos como uma minoria”, reiterou o arcebispo armênio ortodoxo de Damasco, Armash Nalbandian, em encontro com o enviado do Papa, “e não querem ser protegidos. Em vez disso, eles querem um país onde possam viver como cidadãos, desfrutando dos mesmos direitos e deveres devidos a todos, garantidos por uma Constituição comum”.
“Precisamos de ajuda humanitária”
Dom Nalbandian disse que a comunidade internacional pode certamente apoiar a busca do povo sírio por justiça e segurança, e as Igrejas locais pretendem dar sua própria contribuição para a construção da nova Síria, “mas precisamos suspender as sanções”, refletindo o que é comumente pensado pelas pessoas.
“Também precisamos de ajuda humanitária”, explica o arcebispo armênio, “e é por isso que pedimos à comunidade internacional que envolva as estruturas organizacionais e de caridade das Igrejas para tornar essa ajuda à população o mais eficaz possível”.
A visita do cardeal Gugerotti à Síria prossegue até quarta-feira, 29.