Amizade e colaboração

Em entrevista inédita, Bento XVI fala sobre João Paulo II

“João Paulo II me sustentava com uma fidelidade e uma bondade absolutamente incompreensíveis”, revela Bento XVI

Tradução: Liliane Borges
Da Redação, com Rádio Vaticano

Em entrevista, Papa emérito fala sobre João Paulo II

Ratzinger esteve ao lado de João Paulo II, na liderança da Congregação para a Doutrina da Fé, por 24 anos / Foto: Rádio Vaticano

“Somente a partir de sua relação com Deus  podemos entender Karol Wojtyla” afirma  o Papa emérito Bento XVI em entrevista sobre a vida de João Paulo II. Em uma longa conversa com o  jornalista Wlodzimierz Redzioch, a primeira após a sua renúncia, Ratzinger conta sua relação com o Papa polonês, quando era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

A entrevista será publicada em abril,  no livro “Ao lado de João Paulo II”, de autoria do jornalista, por ocasião da canonização do Papa.

Bento XVI recorda que a amizade com  Karol Wojtyla teve início em 1978 no Conclave que elegeu o Papa polonês. Embora os dois já se conhecessem desde o tempo do Concílio Vaticano II,  na década de 60, o contato frequente ocorreu depois que Karol tornou-se Papa.

“Percebi (na época do Concílio) o fascínio humano que dele emanava, e da maneira como  ele pregava, pude ver o quanto era profundamente unido a Deus”, conta Ratzinger.

A liderança da Congregação para Doutrina da Fé foi entregue ao então Cardeal de Munique em  1981, caracterizando  a admiração de João Paulo II por  sua sabedoria e intelectualidade. Ratzinger conta que o trabalho com o Papa sempre foi marcado pelo afeto e colaboração.

O Papa Emérito afirma que o primeiro grande desafio foi a Teologia da Libertação e recorda a postura de Karol Wojtyla. “João Paulo II nos guiou, por um lado a desmascarar uma falsa ideia de libertação, e por outro, a expor a autêntica vocação da Igreja na libertação do homem”, explica.

Ratzinger revela que por algumas vezes desejou deixar a prefeitura da Congregação para a Doutrina da Fé, mas sempre foi convencido por João Paulo a permanecer. “(…) Me sustentava com uma fidelidade e uma bondade absolutamente incompreensíveis”, conta.

No final da entrevista, o Papa Emérito afirma que sempre conta com a intercessão do futuro santo.

“Eu não podia  e não deveria tentar imitá-lo, mas eu tentei continuar a sua herança e o seu trabalho, o melhor que pude. Estou certo de que ainda hoje a sua bondade me acompanha e ele me protege com a  sua bênção”, conclui.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo