Audiência

Em encontro com educadores, Papa reflete sobre crises de hoje

Não podemos silenciar as verdades que dão sentido à vida das novas gerações, afirma o Papa em encontro com os participantes de Congresso Educacional

Da redação com Vatican News

Foto: Daniel Ibanez – CNA

Na manhã desta quarta-feira, 1°, o Papa Francisco se encontrou no Vaticano com os participantes do Congresso “Linhas de desenvolvimento do Pacto Educativo Global”. Após saudar o presidente da Congregação, Cardeal Giuseppe Versaldi, Francisco recordou a proposta de 2019, do Pacto Educativo Global, e refletiu sobre as crises atuais, reiterando a necessidade de aprender com elas. 

“Alegro-me que a proposta lançada em 2019 de um Pacto Educativo Global tenha recebido atenção de muitas partes e que também as universidades estejam colaborando. Fazem isso através de aprofundamentos sobre diversas temáticas, como a dignidade da pessoa e os direitos humanos, a fraternidade e a cooperação, a tecnologia e a ecologia integral, a paz e a cidadania, as culturas e as religiões.”

Ao tratar do tema sobre as crises, o Pontífice recordou o encontro que teve há pouco tempo com reitores de universidades da região do Lácio. “Nós devemos aprender e ajudar para que os outros aprendam a viver as crises, porque as crises são uma oportunidade para crescer. As crises são gerenciadas e devemos evitar que elas se transformem em conflito. As crises tiram você da zona de conforto, te fazem crescer; o conflito te fecha, é uma alternativa; uma alternativa sem solução, sem resolução. Educar para as crises. Isso é muito importante. Deste modo, ela pode se tornar um kairos, as crises são um momento oportuno que nos provoca a trilhar novos caminhos”.

A importância da história e das novas gerações

Para ilustrar a dinâmica da superação de uma crise, o Pontífice recorreu à mitologia grega, citando a figura de Enéias. Em meio às chamas da cidade incendiada, Enéias carregou em suas costas o seu velho pai Anquises e tomou pelas mãos seu jovem filho Ascânio, salvando os dois.

“Enéias se salva, mas não sozinho, junto a ele estava seu pai, que representa a sua história e com o filho que é o seu futuro. E assim vai adiante. Esta figura pode ser significativa para a missão dos educadores, que são chamados a valorizar o passado – o pai carregado nas costas – e a acompanhar os jovens rumo ao futuro. Isso nos ajuda a recordar alguns princípios fundamentais do pacto educativo global”.

Leia mais:

.: Papa convida educadores para “reconstrução do pacto educativo global”

.: Íntegra da mensagem do Papa para o lançamento do Pacto Educativo

Tratando ainda sobre a temática da tradição, o Papa disse: “O ancião Anquises representa a tradição que deve ser respeitada e preservada; Lembro-me do que disse Gustav Mahler sobre a tradição: “A tradição é a garantia do futuro”, não uma peça de museu. Ascânio representa o amanhã que deve ser garantido; Enéias é aquele que age como uma “ponte”, que garante a passagem e a relação entre as gerações. A educação, de fato, está sempre enraizada no passado, mas não paralisada: exige “um planejamento de longo prazo”, onde o velho e o novo se unem na composição de um novo humanismo (…). A verdadeira tradição católica, cristã e humana é o que aquele teólogo – do século IX – descreveu como um crescimento contínuo, que ao longo de toda a história cresce, continua”, acrescentou Francisco.

A crise e a cultura do descarte

Continuando sobre a temática da crise, Francisco refletiu acerca da cultura do descarte. Aqui reforçou que, nesta cultura, quando algo não funciona mais bem, deve ser jogado fora e mudado. “Isso é feito com produtos de consumo e, infelizmente, isso se tornou uma mentalidade e acaba também com as pessoas. Por exemplo, se um casamento não funciona mais, você o altera; se uma amizade não vai mais bem, ela se corta; se um idoso não é mais autônomo, ele é descartado… Ao contrário, a fragilidade é sinônimo de preciosidade: os idosos e os jovens são como vasos delicados a serem guardados com cuidado. Ambos são frágeis.”

O incentivo

O Pontífice incentivou ainda os educadores a irem avante com a sua missão. Reiterou que a crise pode se tornar um momento propício para evangelizar, mais uma vez, o sentido do homem, da vida, do mundo; recuperar a centralidade da pessoa como criatura que em Cristo é imagem e semelhança do Criador. “Esta é a grande verdade de que somos portadores e que temos o dever de testemunhar e transmitir também nas nossas instituições educativas. ‘Não podemos silenciar as verdades que dão sentido à vida das novas gerações’. É parte da verdade”.

“No campo educacional, calar a verdade sobre Deus, por respeito a quem não crê, seria como queimar livros por respeito a quem não pensa, apagar obras de arte por respeito a quem não vê, ou a música por respeito a quem não ouve (…). Encorajo-vos a seguir em frente e vos acompanho com a minha bênção. E por favor, não se esqueçam de rezar por mim. Obrigado”, concluiu o Papa Francisco.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo