Itália recorda hoje migrantes mortos em travessia do Mar Mediterrâneo
Da redação, com Rádio Vaticano
Em pouco mais de três anos mais de 15 mil pessoas morreram tentando atravessar o Mar Mediterrâneo. As vítimas da imigração são recordadas nesta terça-feira, 3, na Itália, “Dia da Memória e da Acolhida”.
A data foi instituída com a Lei n. 45 de 2016, com o objetivo de recordar aqueles que perderam a vida na tentativa de emigrar à Itália para fugir das guerras, das perseguições e da miséria.
O 3 de outubro foi escolhido devido à tragédia ocorrida na costa da Ilha de Lampedusa, onde 368 migrantes morreram afogados tentando chegar à Europa. Um dos mais trágicos naufrágios ocorridos no Mediterrâneo desde o início das ondas migratórias dos últimos anos.
Papa Francisco: “chorar os mortos que ninguém chora”
E em julho de 2013, como destino de sua primeira Viagem Apostólica, o Papa decidiu ir justamente a Lampedusa.
Francisco quis manter a sobriedade dos atos para “chorar os mortos” dos naufrágios de embarcações que transportam imigrantes do Médio Oriente e Norte de África – os mortos que ninguém chora, afirmou na ocasião.
Construir nova cultura da acolhida
Segundo comunicado da “Anistia Itália”, assim, mais do que recordação, esta data quer representar um momento de “construção ativa de uma nova cultura de acolhida, na convicção de que a ação de sensibilização e conhecimento sobre temas inerentes às migrações, seja um primeiro passo para buscar mudar a direção das atuais políticas europeias”.
Rota Líbia-Itália, a mais perigosa
Segundo a Fundação ISMU (Iniziative e Studi sulla Multietnicità), a rota mais perigosa para os migrantes era a Líbia-Itália. Com as novas medidas adotadas de maior controle, os desembarques e as mortes aumentaram na rota norte da África-Espanha.
Em 2015, 77% do total das mortes e desaparecimentos de imigrantes ocorreram na rota Líbia-Itália, revelam os pesquisadores da ISMU. Em 2016, este percentual chegou a 90%.
Aumenta número de mortes
As mortes, de fato, estão em constante aumento. Em 2014, perderam a vida em todo o Mediterrâneo – incluindo a rota oriental Turquia-Grécia e a rota ocidental norte da África-Espanha – 3.538 migrantes. Os desembarques foram superiores a 216 mil.
Em 2015 os mortos e desaparecidos foram 3.771, e mais de 1 milhão as chegadas. Já em 2016 as mortes foram 5.096, não obstante a diminuição no número de desembarques, que foram cerca de 362 mil.
Em 2017, até agora, perderam a vida 2.681 pessoas e 136.423 foram os desembarques.
Educar para uma mentalidade solidária
Neste contexto, desde 30 de setembro até este 3 de outubro, as novas gerações tiveram a oportunidade de participar de diversas iniciativas em favor do diálogo e do encontro com pessoas e histórias, capazes de criar uma rede solidariedade por aqueles que tiveram e têm a força de se tornarem cidadãos do mundo.
A programação foi organizada pela MIUR e Comitê “Tre Ottobre”, em colaboração com a RAI-Radiotelevisione Italiana e com o patrocínio das Prefeituras de Lampedusa e Linosa, com o apoio da UNHCR, Amnesty International, Save the Children, Médicos Sem Fronteiras, CISOM, Centro Astalli, OIM, Associação Carta de Roma, Legambiente Lampedusa e Associação Nacional Vítimas Civis de Guerra.