VIOLÊNCIA

Bispos da Nigéria pedem às autoridades: ‘parem a matança’

A Conferência dos Bispos Católicos da Nigéria (CBCN) expressa preocupação com a insegurança no país e clama o governo a “pôr um fim completo à matança de pessoas inocentes”

Da redação, com Vatican News

A Conferência dos Bispos Católicos da Nigéria (CBCN) pede o fim da violência, especialmente no norte do país / Foto: Reprodução CBCN

A Conferência dos Bispos Católicos da Nigéria (CBCN) lamentou o aumento nos níveis de insegurança e de atos de terrorismo no país por conta dos recentes atos violentos, especialmente na região norte da Nigéria.

“Continuamos a ouvir o aumento nos níveis de insegurança e atos de terrorismo inabaláveis no norte da Nigéria. Todos estamos cansados desta situação”, afirmaram os bispos em um comunicado oficial. “Nossos corações estão sangrando e ficamos ainda mais preocupados quando soubemos do massacre que está acontecendo no sul de Kaduna”, reiteraram.

Ainda no comunicado, o presidente da CBCN, Dom Augustine Obiora Akubeze, da cidade de Benin, disse que “é preciso haver uma resposta de todos e esta matança tem que parar”, advertiu no comunicado.

Contexto

Esta violência em forma de ataque parte de maneira suspeita da milícia Fulani, que aumentou recentemente no norte do país, especialmente no estado de Kaduna. Reportagens da mídia local atribuem pelo menos três ataques ao grupo Fulani somente em julho.

Cerca de 76 pessoas foram mortas em um ataque na área que compreende a região de Sabon Birni, no estado de Sokoto. No mês passado, cinco trabalhadores de ajuda humanitária foram violentamente assassinados por militantes do Boko Haram após serem sequestrados no estado de Borno.

Na quarta-feira, 5, pelo menos 33 pessoas, a maioria mulheres e crianças, foram mortas por pistoleiros desconhecidos em um ataque a cinco aldeias de Atyap, na área do governo local de Zangon Kataf, no estado de Kaduna. O governo estadual impôs recentemente um toque de recolher nesta região devido ao aumento das tensões.

Apelo aos governantes

Os bispos pediram ao governo federal, e também ao governo do estado de Kaduna, a colocar um fim à matança de pessoas inocentes. Também insistiram que os responsáveis devem “ser trazidos à justiça”.

“A perda da vida de qualquer nigeriano não ajuda a promover a agenda de nenhuma ideologia religiosa ou mesmo a ambição de qualquer político”, diz o comunicado. “Nunca haverá um desenvolvimento sustentável baseado no derramamento de sangue de pessoas inocentes brutalmente assassinadas por fundamentalistas religiosos sem qualquer recurso à justiça para as vítimas”, acrescentaram.

Promessas que não foram cumpridas

Os bispos recordam que os atuais governantes chegaram ao poder apoiados em promessas de que erradicariam a corrupção, garantiriam a vida e propriedade e estimulariam um crescimento rápido na economia.

“A criação de empregos e um ambiente propício que engendre o crescimento do setor privado; um aumento significativo no fornecimento de eletricidade aos nigerianos, cuidados de saúde acessíveis e de qualidade aos nigerianos e a renovação do setor da educação foram as promessas que o Governo continua a fazer”, disseram.
No entanto, observaram os bispos, “muitos nigerianos, independentemente da filiação a um partido político, afirmarão que essas promessas permaneceram um choro distante”.

Pedido por preces

Diante destas preocupações, os bispos convidam todos os católicos a se unirem em preces: um Pai-Nosso, três Ave-Marias e um Glória ao Pai “todos os dias, depois do Angelus, durante quarenta dias”.

Esta oração conjunta terá início de 22 de agosto a 30 de setembro de 2020 — véspera do aniversário do Dia da Independência da Nigéria. Em 1º de outubro (Dia da Independência da Nigéria), os fiéis devem rezar pelas cinco dezenas dos Mistérios Dolorosos do Rosário “para que Deus salve a Nigéria”.

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