Necessitados atendidos pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre foram vítimas da violência do grupo islâmico Boko Haram
Da redação, com AIS
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre vai doar uma ajuda de emergência de 70 mil euros para as viúvas e os órfãos vítimas da violência do grupo islâmico Boko Haram na Diocese de Maiduguri, na Nigéria.
“As milícias do Boko Haram chegaram à minha casa de manhã, muito cedo. Começaram a roubar tudo e logo ordenaram ao meu marido que se convertesse ao Islão e porque recusou cortaram-lhe a cabeça diante dos meus olhos”, contou Esther, em hausa, a língua local.
Agnes, com 40 anos, recorda que não a deixaram enterrar o marido que foi morto a tiro no local de trabalho, com outros colegas, quando os guerrilheiros do Boko Haram “cercaram todos”.
“Os terroristas não permitem que os cadáveres sejam recolhidos e, por isso, não foi possível enterrá-lo e não foi celebrado o seu funeral. Deixaram que o corpo apodrecesse ali mesmo”, lamenta a mãe de nove filhos.
O bispo da Diocese de Maiduguri disse que a maioria das pessoas assassinadas pelo Boko Haram “são homens”, por isso, “existem mais de 5000 viúvas e 15 mil órfãos”.
Neste contexto de emergência, a fundação pontifícia aprovou uma ajuda de 70 mil euros para a diocese nigeriana e uma parte vai ser destinada a “sessões de cura de traumas”.
Com a “ajuda de emergência”, as vítimas do grupo Boko Haram também recebem formação para aprender a cuidar das necessidades básicas, para si e para os filhos, “muitas têm mais de seis filhos para alimentar e educar”.
“A maior parte não quer voltar a casar porque ainda sente uma ligação emocional muito forte com os seus maridos assassinados”, refere a fundação.
D. Oliver Doeme criou a Associação das Viúvas de Santa Judit para adaptar melhor a ajuda recebida para as circunstâncias de cada uma destas mulheres e uma outra parte abrange “as taxas escolares e a comida” para os órfãos de pais ou para os que perderam apenas o pai.
“Serão sobretudo as crianças que vivem na parte oriental da diocese que se beneficiarão mais destas ajudas, pois elas são as mais afetadas e as mais pobres” acrescentou o prelado.
A Diocese de Maiduguri no nordeste da Nigéria está numa região que deu origem ao grupo Boko Haram e por isso é também a zona mais afetada pela sua ação.
Os estados de Borno, Yobe e Maiduguri estão no centro da atuação do grupo islâmico e a diocese católica envolve cerca de 80% do território.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre informa que “mais de 200 igrejas e capelas, casas paroquiais, 25 escolas, três hospitais, três conventos” e inúmeras lojas, casas particulares e escritórios foram destruídos, desde 2009.
Dos dados recolhidos pela fundação pontifícia, o Boko Haram assassinou mais de 20 mil pessoas; 26 milhões de pessoas sofrem de forma direta com este conflito; 2,3 milhões de crianças e jovens viram-se privados de acesso a educação.