“O que aparecia em João Paulo II era a sua profunda união com Deus”, diz Dom Fernando Guimarães sobre o primeiro Papa polonês da história
Monique Coutinho
Da redação
Nesta quinta-feira, 2, a Igreja faz memória dos dez anos de falecimento do Papa João Paulo II. O Sucessor de Pedro, que teve o terceiro pontificado mais longo da história e foi recordista em viagens – mais de 200, o que lhe rendeu o título de “Papa Peregrino” – agora é santo da Igreja.
Nascido no dia 18 de maio de 1920, na cidade de Wadovice, Polônia, Karol Wojtyla (nome de batismo) teve uma trajetória papal marcada pela determinação e pela fé, características indispensáveis para a sua canonização.
Em entrevista ao noticias.cancaonova.com, o arcebispo Militar do Brasil, Dom Fernando Guimarães, que foi professor de língua portuguesa do Papa João Paulo II, afirma que para a Igreja, a canonização representa o modelo de vida cristã e, portanto, a santidade dele é a resposta da convicção que o povo de Deus nutria a respeito dele.
“Creio que esta canonização seja isso, o reconhecimento da Igreja, da intensa vida espiritual vivida por João Paulo II e, ao mesmo tempo, a proposta de um modelo de santidade, muito próximo de nós, é nosso contemporâneo, conviveu conosco e podemos acompanhar a sua caminhada, o seu testemunho.”
Dom Fernando disse que o grande fio condutor não só do pontificado, mas de toda a vida do Santo Padre, foi o amor total e radical por Jesus Cristo e pela Igreja.
“O que percebia nele em qualquer momento, em qualquer circunstância, seja em situações boas, de problemas ou de crises, o que aparecia em João Paulo II era a sua profunda união com Deus, a sua busca constante de identificação com Jesus Cristo e seu total e radical amor pela Igreja”.
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O arcebispo acrescenta que tudo aquilo que João Paulo II conseguiu fazer foi consequência da sua profunda união com Deus, de forma que se deixou conduzir realmente pela graça divina.
Famílias
Considerado o Papa das famílias, JPII adorava estar cercado por elas. Falou incessantemente sobre este tema, participou de encontros mundiais relacionados às famílias e foi o responsável pelo primeiro sínodo dedicado a essa temática.
Dom Fernando ressalta que a visão de São João Paulo II sobre a realidade da família é algo que, apesar da passagem do tempo, mantém-se atual. “Ele parte de uma visão profunda da própria natureza do ser humano, a sua análise do amor humano, a análise do mecanismo do amor humano, na realidade do ser humano como racionalidade, como vontade, como opção e liberdade.”
Um documento importante do Papa polonês nesse âmbito foi a Exortação Apostólica Familiaris Consortio. Segundo Dom Fernando, nela se encontram os elementos fundamentais, as pistas pastorais para uma Igreja que se faz anunciadora da verdade revelada.
“Estes dados do magistério do João Paulo II permanecem, ao meu parecer, perfeitamente atuais e em sintonia com o magistério da Igreja, o magistério antes dele e o magistério posterior.”
Legado
João Paulo II deixou para a Igreja e o mundo um legado de obras, sendo 14 Encíclicas, 15 Exortações Apostólicas, 24 Constituições Apostólicas, 83 Cartas Apostólicas, cinco livros de sua autoria, o Catecismo da Igreja Católica, promulgado em seu pontificado, além de ricas reflexões em discursos e homilias.
A data recordada hoje foi lembrada também pelo Papa Francisco nesta quarta-feira, 1º. Após a tradicional catequese com os fiéis na Praça São Pedro, Francisco definiu João Paulo II como uma grande Testemunha de Cristo.
“Nós o recordamos como grande Testemunha de Cristo sofredor, morto e ressuscitado, e lhe pedimos que interceda por nós, pelas famílias, pela Igreja, para que a luz da ressurreição resplandeça sobre todas as sombras da nossa vida e nos encha de alegria e paz. O seu exemplo e seu testemunho estão sempre vivos entre nós”.