SÍNODO

A Internet é um novo território de missão, destaca cardeal no Sínodo

Cardeal Relator Geral da Assembleia abriu a 8ª Congregação Geral introduzindo a discussão sobre a Seção B2 do Instrumentum laboris

Da Redação, com Vatican News

Itália, Roma, Vaticano, 2023/10/13.Papa Francisco durante os trabalhos da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, Vaticano / Foto: VATICAN MEDIA – Catholic Press Photo / Hans Lucas. (Foto de VATICAN MEDIA / ipa-agency.net/IPA/Sipa USA)

O arcebispo de Luxemburgo, relator geral do Sínodo sobre a sinodalidade, Cardeal Jean-Claude Hollerich, abriu os trabalhos da Oitava Congregação Geral na manhã desta sexta-feira, 13, na presença do Papa Francisco. Ele introduziu o terceiro módulo da assembleia, sobre a Seção B2 do Instrumentum laboris, dedicada ao trabalho missionário. 

“Co-responsáveis na missão. Como podemos compartilhar dons e tarefas a serviço do Evangelho?” é o tema da seção. O Cardeal ressaltou que a Internet para a Igreja não é apenas um instrumento de evangelização, mas é mais: um novo território de missão, “porque transforma o nosso modo de viver, de perceber a realidade, de experimentar as relações”.

O cardeal explicou que “muitos de nós não podemos ser guias nesses novos contextos de missão”, mas “precisamos ser guiados por aqueles que habitam o continente digital”. A maioria dos bispos, embora alguns sejam bons na Web, “estão aprendendo ao longo do caminho com os membros mais jovens do Povo de Deus”. Porque todos os batizados “têm uma contribuição insubstituível a dar” nos diferentes aspectos da missão da Igreja.

Missão e comunhão

O tema desse terceiro módulo é, portanto, missão. Hollerich lembra que “com grande clareza, em todos os níveis do processo sinodal, foi reafirmado que ‘uma Igreja sinodal é uma Igreja enviada em missão’. É o mandamento de Cristo aos Apóstolos que “se estende a todos os membros de nossa Igreja Apostólica”.

O cardeal destacou que o tema da missão emergiu continuamente no trabalho do segundo módulo, que foi dedicado à comunhão, porque esta “não está fechada em si mesma, mas é permeada pelo impulso em direção à missão”. Além disso, “o objetivo da missão é justamente ampliar o alcance da comunhão, permitindo que um número cada vez maior de pessoas encontre o Senhor e aceite seu chamado para fazer parte de seu povo”.

Missionários no “continente digital”

Do trabalho dos últimos dias, os participantes do Sínodo podem notar, segundo o relator geral, o exemplo da perspectiva do “continente digital”, já no centro de muitos discursos.

“Será que nós, como Francisco Xavier”, pergunta Hollerich, “estamos prontos e preparados para viajar para esse novo continente?” A maioria dos bispos e outros participantes, reconhece, “não podem ser guias nesses novos contextos de missão”, mas precisam “ser guiados por aqueles que habitam o continente digital”.

“Nós, bispos, pelo menos a maioria de nós, não podemos ser pioneiros nessa missão, mas estamos aprendendo ao longo do caminho aberto pelos membros mais jovens do Povo de Deus”.

Isso também, para o cardeal luxemburguês, ajuda a entender por que se fala de corresponsabilidade na missão: todos os batizados são chamados e têm o direito de participar da missão da Igreja, todos têm uma contribuição insubstituível a dar. Isso se aplica “ao continente digital”, mas “também a outros aspectos da missão da Igreja”.

Significado e conteúdo da missão

Em seguida, o relator geral analisou as cinco fichas relacionadas à Seção B2, lembrando que “cada grupo tratará apenas de uma, confiando no trabalho de outros círculos menores nas outras fichas, cujos frutos compartilharemos em plenária”.

A primeira ficha diz respeito “à necessidade de nos confrontarmos com o significado e o conteúdo da missão”, que em nossa Igreja “é transmitida por meio de uma pluralidade de linguagens e imagens”. Porque a missão de anunciar o Evangelho “não diz respeito apenas aos nossos lábios, mas deve envolver as múltiplas dimensões da nossa vida cotidiana”. E pertencem à missão da Igreja “o compromisso com a ecologia integral, a luta pela justiça e pela paz, a opção preferencial pelos pobres e pelas periferias, e a disposição de estar aberto a todos”.

A segunda ficha tem como tema “ministerialidade na Igreja”. A terceira ficha diz respeito a uma maior promoção da “dignidade batismal das mulheres”. O cardeal enfatiza que “o batismo das mulheres não é inferior ao dos homens”.  E questiona: “como podemos garantir que as mulheres sintam que são parte integrante de nossa Igreja missionária? Será que nós, homens, percebemos a diversidade e a riqueza dos carismas que o Espírito Santo concede às mulheres?”

Já a quarta ficha tem como tema a apreciação, a partir de uma perspectiva missionária, da relação entre o ministério ordenado e os ministérios batismais. “Todos nós conhecemos”, lembra Hollerich, “a imagem do corpo proposta por São Paulo. Estamos prontos para aceitar que todas as partes do corpo são importantes?” E para aceitar “que Cristo é a cabeça do corpo, e que o corpo só pode funcionar se cada parte estiver em relacionamento com a cabeça e com as outras partes? O corpo de nossa Igreja é capaz de agir harmoniosamente ou suas partes estão se torcendo em todas as direções?”

Um novo ministério dos bispos, sinodal e missionário

A quinta e última ficha diz respeito aos bispos, “cujo ministério, por vontade do Senhor, estrutura a comunhão da Igreja e deve ser renovado e promovido” para “ser exercido de maneira adequada a uma Igreja sinodal”. É uma pergunta que desafia grande parte dos padres sinodais, como bispos, “porque a resposta”, enfatiza o relator geral, “terá um impacto direto em nossas vidas concretas, na maneira como administramos nosso tempo, nas prioridades de nossa agenda, nas expectativas do povo de Deus em relação a nós e na maneira como concebemos nossa missão.

“Quando estamos profundamente envolvidos em uma questão”, aconselha o Cardeal Hollerich aos seus irmãos bispos, “precisamos ainda mais da coragem de dar um passo atrás para ouvir autenticamente os outros, para abrir espaço dentro de nós mesmos para a palavra deles e para nos perguntarmos o que o Espírito está nos sugerindo por meio deles”. Isso se aplica tanto à escuta “daqueles que não são bispos e que, portanto, são portadores de um ponto de vista diferente, mas também à forma como escutamos os outros bispos”, porque cada um “tem sua própria maneira de ser bispo”.

Ouvir e dar espaço para a palavra do outro

O cardeal luxemburguês concluiu sua introdução com algumas sugestões para o método da assembleia. Começando com o foco em “abrir espaço para a palavra do outro”, já que “o método da conversa no Espírito se torna mais familiar para nós”. E enfatizou o cansaço que os grupos dos círculos menores sentem durante a segunda rodada de intervenções, quando cada um deve “deixar de lado seu próprio ponto de vista, seus próprios pensamentos, para prestar atenção às ressonâncias que a escuta do outro desperta dentro de si”. De fato, não se trata de “uma extensão da primeira rodada, mas de uma oportunidade de se abrir para algo novo, que talvez nunca tenha sido pensado dessa forma”.

Sempre apresentem os pontos de convergência e divergência

Um dom do Espírito para todos e uma atenção à escuta que “deve continuar durante as Congregações Gerais”. Nelas, “as intervenções livres devem manifestar as ressonâncias do que os grupos compartilharam antes”. Por esse motivo, será importante, enfatizou Hollerich, que os relatórios dos grupos e os discursos dos palestrantes apresentem cada vez mais “os pontos de convergência e divergência, mas, acima de tudo, as questões a serem aprofundadas e as propostas de medidas concretas a serem tomadas” para a segunda sessão em 2024.

O convite final é para não dar “respostas precipitadas que não considerem todos os aspectos” de alguns dos pontos- chave do Sínodo, e para “consultar os teólogos que estão conosco”, para rezar e aprofundar as questões a serem levadas para 2024. 

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