Texto dos participantes do Sínodo foi divulgado nesta quarta-feira, 25; para a próxima sessão, em 2024, o desejo é de continuidade da comunhão e da escuta
Da redação
A 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade será concluída neste domingo, 29. Diante da proximidade do fim dos trabalhos desta primeira sessão, os participantes divulgaram nesta quarta-feira, 25, uma “Carta ao Povo de Deus”. Nela, eles enfatizaram a experiência sinodal vivida com comunhão e sustentada pela oração de católicos do mundo todo.
Leia na íntegra
.: “Carta ao Povo de Deus” da 16ª Assembleia Geral do Sínodo
No texto, foi recordado o caminho sinodal trilhado até esta primeira sessão – dividido em três fases: diocesana, continental e universal. O processo, lê-se na carta, foi de escuta e discernimento.
Durante estes dias, homens e mulheres convidados pelo Papa Francisco, em virtude do seu batismo, participarem de debates e votações importantes.
“Juntos, na complementaridade das nossas vocações, carismas e ministérios, escutamos intensamente a Palavra de Deus e a experiência dos outros. Utilizando o método do diálogo no Espírito, partilhamos humildemente as riquezas e as pobrezas das nossas comunidades em todos os continentes, procurando discernir aquilo que o Espírito Santo quer dizer à Igreja hoje”, lê-se na carta.
Os participantes relatam que nestes dias foi possível palpar a importância de promover intercâmbios mútuos entre a tradição latina e as tradições do Oriente cristão.
Mundo em crise e oração pelas vítimas da violência
O contexto de um mundo em crise foi citado na carta. “Feridas e escandalosas desigualdades ressoaram dolorosamente nos nossos corações e conferiram aos nossos trabalhos uma gravidade peculiar, tanto mais que alguns de nós provinham de países onde a guerra deflagra”.
A oração também fez parte desta primeira sessão do Sínodo. Os participantes rezaram pelas vítimas da violência, “sem esquecer todos aqueles que a miséria e a corrupção atiraram para os perigosos caminhos da migração”. Todos se comprometeram a serem mais solidários na busca por justiça e paz.
A convite do Santo Padre, o silêncio foi vivido para favorecer a escuta respeitosa e o desejo de comunhão no Espírito. “Durante a vigília ecumênica de abertura, experimentamos o quanto a sede de unidade cresce na contemplação silenciosa de Cristo crucificado”.
Novas exortações e conversão pastoral
As novas Exortações Apostólicas do Papa Francisco, lançadas no dia 4 e 15 deste mês, também foram citadas – a Laudete Deum e “C’est la confiance”, assim como a necessidade de uma conversão pastoral e missionária.
“A vocação da Igreja é anunciar o Evangelho não se centrando em si mesma, mas pondo-se ao serviço do amor infinito com que Deus ama o mundo”, escreveram.
Próximos passos até a segunda sessão do Sínodo
Para os próximos meses, que separam esta sessão da segunda, prevista para acontecer em outubro de 2024, os participantes desejam que todos vivam “concretamente no dinamismo de comunhão missionária indicado pela palavra ‘sínodo’”.
“Não se trata de uma questão de ideologia, mas de uma experiência enraizada na Tradição Apostólica. Como o Papa reiterou no início deste processo, ‘Comunhão e missão correm o risco de permanecer termos abstratos se não cultivarmos uma práxis eclesial que exprima a concretude da sinodalidade (…), promovendo o envolvimento real de todos e de cada um” (9 de outubro de 2021).
Escutar a todos
Por fim, a carta defende que a Igreja precisa escutar absolutamente todos, a começar pelos mais pobres. “A Igreja do nosso tempo tem o dever de escutar, em espírito de conversão, aqueles que foram vítimas de abusos cometidos por membros do corpo eclesial e de se empenhar concreta e estruturalmente para que isso não volte a acontecer”, lê-se.
A Igreja, reforçam os participantes do Sínodo, precisa escutar também os leigos, mulheres e homens, todos chamados à santidade em virtude da sua vocação batismal. Foram mencionados também os catequistas, crianças, jovens, idosos, famílias, sacerdotes, bispos, consagrados. O ato de ouvir auxilia na progressão do discernimento sinodal, sublinharam.
Leia mais
.: A sinodalidade no centro do ministério do Papa Francisco
“O mundo em que vivemos, e que somos chamados a amar e a servir mesmo nas suas contradições, exige da Igreja o reforço das sinergias em todos os âmbitos da sua missão. É precisamente o caminho da sinodalidade que Deus espera da Igreja do terceiro milénio’ (Papa Francisco, 17 de outubro de 2015). Não tenhamos medo de responder a este apelo.”