Abertura do Sínodo

Papa: povos aguardam pela consolação do Evangelho e amor da Igreja

Na abertura do Sínodo para a Amazônia, Francisco recordou: “Muitos irmãos e irmãs na Amazônia carregam cruzes pesadas” 

Da redação, com Vatican News

Papa durante missa de abertura do Sínodo para Amazônia/ Foto: Remo Casilli – Reuters

“Reacender o dom no fogo do Espírito é o oposto de deixar as coisas correrem sem fazer nada; e sermos fiéis à novidade do Espírito é uma graça que devemos pedir na oração. Ele, que faz novas todas as coisas, nos dê a sua prudência audaciosa, inspire o nosso Sínodo a renovar os caminhos para a Igreja na Amazônia, para que não se apague o fogo da missão”.

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Foi o que disse o Papa Francisco na missa celebrada, na manhã deste domingo, 6, na Basílica de São Pedro, na abertura da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, evento eclesial que se realizará no Vaticano até o dia 27 deste mês, com o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

No início da celebração, a longa procissão de entrada com os 185 padres sinodais, 58 do Brasil. Na assembleia, também representantes de comunidades indígenas. A Eucaristia foi concelebrada com os treze novos cardeais, criados no Consistório presidido pelo Santo Padre neste sábado, 5.

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Dirigindo-se aos padres sinodais, bispos provenientes não só da região Pan-Amazônica, mas também de outras regiões, Francisco, referindo-se à segunda carta de São Paulo a Timóteo proposta nesta liturgia do XXVII Domingo do Tempo Comum, ressaltou que o apóstolo Paulo, o maior missionário da história da Igreja, ajuda a Igreja a ‘fazer Sínodo’. “Parece dirigido a nós, Pastores ao serviço do povo de Deus, aquilo que escreve a Timóteo”, observou.

“Um dom não se compra, não se troca nem se vende: recebe-se e dá-se de prenda. Se nos apropriarmos dele, se nos colocarmos a nós no centro e não deixarmos no centro o dom, passamos de pastores a funcionários: fazemos do dom uma função, e desaparece a gratuidade; assim, acabamos por servir a nós mesmos, servindo-nos da Igreja”, alertou o Pontífice.

Segundo o Santo Padre, a vida, dom recebido, é para servir. “Colocamos toda a nossa alegria em servir, porque fomos servidos por Deus: fez-Se nosso servo. Queridos irmãos, sintamo-nos chamados aqui para servir, colocando no centro o dom de Deus”, exortou Francisco. Para ser fiel ao chamado, à missão, o Papa enfatizou: “São Paulo nos lembra que o dom deve ser reaceso. O verbo usado é fascinante: reacender é, literalmente, ‘dar vida a uma fogueira’”, explicou. “O dom que recebemos é um fogo, é amor ardente a Deus e aos irmãos. O fogo não se alimenta sozinho; morre se não for mantido vivo, apaga-se se a cinza o cobrir”.

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“A Igreja não pode de modo algum limitar-se a uma pastoral de ‘manutenção’ para aqueles que já conhecem o Evangelho de Cristo. O ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial. Jesus veio trazer à terra, não a brisa da tarde, mas o fogo. O fogo que reacende o dom é o Espírito Santo, doador dos dons”, destacou Francisco.

O fogo de Deus, como no episódio da sarça ardente, arde mas não consome, sublinhou o Pontífice. É fogo de amor que ilumina, aquece e dá vida; não fogo que alastra e devora, completou. “Quando sem amor, nem respeito se devoram povos e culturas, não é o fogo de Deus, mas do mundo. Contudo quantas vezes o dom de Deus foi, não oferecido, mas imposto! Quantas vezes houve colonização em vez de evangelização! Deus nos preserve da ganância dos novos colonialismos”, rogou o Papa.

“O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazônia, não é o do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros”, afirmou o Santo Padre. Francisco exortou  homens e mulheres a reacenderem o dom; receberem a prudência audaciosa do Espírito, fiéis à sua novidade, acrescentando que o anúncio do Evangelho é o critério primeiro para a vida da Igreja.

Convidando a olhar juntos para Jesus Crucificado, para o seu coração aberto, o Santo Padre concluiu sua homilia com mais uma exortação: “Muitos irmãos e irmãs na Amazônia carregam cruzes pesadas e aguardam pela consolação libertadora do Evangelho, pela carícia de amor da Igreja. Por eles, com eles, caminhemos juntos”.

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