Compaixão pelos que sofrem

Consistório: Papa cria 13 novos cardeais

Papa Francisco havia anunciado Consistório Ordinário Público no Ângelus do dia 1º de setembro

Da redação, com Vatican News

Papa criou 13 novos cardeais neste sábado, 5 / Foto: Vatican Media

O Papa Francisco presidiu, neste sábado, 5, na Basílica de São Pedro, em Roma, o Consistório Ordinário Público, com a criação de 13 novos cardeais. A celebração teve início com a saudação, a oração e a leitura de uma passagem do Evangelho de Marcos (Mc 6, 30-37a). Em sua homilia, o Papa centrou suas palavras na compaixão de Jesus pelas pessoas que sofrem.

“Quanto mais lemos, mais contemplamos e mais entendemos que a compaixão do Senhor não é uma atitude ocasional e esporádica, mas é constante; mais, parece ser a atitude do seu coração, no qual encarnou a misericórdia de Deus.”.

O pontífice lembrou que quando o evangelista se refere a Jesus, na ocasião em que purificou o homem e expulsou os demônios, o faz mostrando esta mesma compaixão. “Neste gesto e nestas palavras, temos a missão de Jesus, Redentor do homem: Redentor na compaixão. Ele encarna a vontade de Deus de purificar o ser humano doente da lepra do pecado; Ele é a ‘mão estendida de Deus’, que toca a nossa carne enferma e, fazendo-o, preenche o abismo da separação. Jesus vai procurar as pessoas descartadas, aquelas que já estão sem esperança.”, disse.

Papa Francisco e os 13 novos cardeais/ Foto: Vatican Media

A compaixão de Deus, disse Francisco, não aparece em certo ponto da história da Salvação, mas sempre existiu, gravada no seu coração de Pai.

“O amor de Deus pelo seu povo está todo impregnado de compaixão, a ponto de, nesta relação de aliança, o que é divino é compassivo, enquanto aquilo que é humano aparece, infelizmente, tão desprovido, tão longe da compaixão. (…) Muitas vezes, os discípulos de Jesus dão provas de não sentir compaixão, como no caso da multidão faminta. Basicamente dizem: ‘Que se virem!’ É uma atitude comum entre nós, seres humanos, mesmo em pessoas religiosos ou até ligadas ao culto. A função que desempenhamos não basta para nos fazer compassivos, como demonstra o comportamento do sacerdote e do levita que, vendo um homem moribundo na beira da estrada, passaram ao largo (cf. Lc 10, 31-32). Terão dito para consigo: ‘Não é da minha competência’. Há sempre justificações; às vezes até se tornam lei, dando origem a ‘descartados institucionais’, como no caso dos leprosos: ‘É certo que devem estar fora; é justo assim’. Deste comportamento muito humano, demasiado humano, derivam estruturas de não-compaixão.”

O Papa continuou sua homilia, e perguntou aos cardeais:

“Estamos conscientes – a começar por nós – de que fomos objeto da compaixão de Deus? Dirijo-me em particular a vós, irmãos já Cardeais ou próximo a sê-lo: está viva em vós esta consciência? A consciência de ter sido e continuar a ser incessantemente precedidos e acompanhados pela sua misericórdia? Em nós, está viva a consciência desta compaixão de Deus por nós? Não se trata duma coisa facultativa, nem – diria – dum ‘conselho evangélico’. Não! É um requisito essencial. Se não me sinto objeto da compaixão de Deus, não compreendo o seu amor. Não é uma realidade que se possa explicar. Ou a sinto, ou não. E, se não a sinto, como posso comunicá-la, testemunhá-la, dá-la? Concretamente: Tenho compaixão pelo irmão tal, pelo bispo tal, pelo padre tal? Ou sempre destruo com a minha atitude de condenação, de indiferença?”

Francisco encerrou sua homilia pedindo aos Cardeais que tenham a disponibilidade de dar até o próprio sangue pelo Evangelho, e que tenham a capacidade de ter compaixão, sempre.

“Muitos comportamentos desleais de homens de Igreja dependem da falta deste sentimento da compaixão recebida e do hábito de passar ao largo, do hábito da indiferença.”

Ao final, o Santo Padre recitou a fórmula da criação e proclamou solenemente os nomes dos novos cardeais, anunciando a ordem presbiteral ou diaconal. Após a profissão de fé dos novos Cardeais diante do povo de Deus e com o juramento de fidelidade e obediência ao Papa Francisco e seus sucessores, os cardeais se ajoelharam diante do Papa e receberam um abraço do Pontífice.

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Os novos cardeais

Os 13 novos cardeais criados neste sábado, são:

1. Dom Miguel Ángel Ayuso Guixott, mccj – Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso (Espanha)

2. Dom José Tolentino Calaça de Mendonça – Arquivista e Bibliotecário da Santa Romana Igreja (Portugal)

3. Dom Ignatius Suharyo Hardjoatmodjo – Arcebispo de Jakarta (Indonésia)

4. Dom Juan de la Caridad García Rodríguez – Arcebispo de San Cristóbal de la Habana (Cuba)

5. Dom Fridolin Ambongo Besungu, o.f.m. cap – Arcebispo de Kinshasa (República Democrática do Congo)

6. Dom Jean-Claude Höllerich, sj – Arcebispo de Luxemburgo (Luxembrugo)

7. Dom Álvaro Leonel Ramazzini Imeri – Arcebispo de Huehuetenamgo (Guatemala)

8. Dom Matteo Zuppi – Arcebispo de Bolonha (Itália)

9. Dom Cristóbal López Romero, sdb – Arcebispo de Rabat (Marrocos)

10. R.P. Michael Czerny, sj – Subsecretário da Seção de Migrantes – Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (República Tcheca/Canadá)

Juntamente a eles, o Papa uniu ao Colégio dos Cardeais dois arcebispos e um bispo que se destacaram por seu serviço à Igreja. São eles:

1. Dom Michael Louis Fitzgerald, m. fr. – Arcebispo Emérito de Nepte (Inglaterra)

2. Dom Sigitas Tamkevičius, sj – Arcebispo Emérito de Kaunas (Lituânia)

3. Dom Eugenio Dal Corso, psdp – Arcebispo Emérito de Benguela (Angola/Itália)

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