Padre Joãozinho comenta a devoção e o culto a São José ao longo da história da Igreja
Denise Claro
Da redação
Nesta sexta-feira, 19, a Igreja celebra a solenidade de São José. E neste ano, a celebração é potencializada por acontecer dentro do Ano dedicado ao santo. Trata-se de um Ano especial, para comemorar os 150 anos da declaração de São José como Patrono da Igreja.
São José foi o Pai adotivo de Jesus, o Patriarca da Sagrada Família e tem o título de Protetor da Igreja. Muitos papas já afirmaram que, depois da Virgem Maria, São José é o maior de todos os santos.
Padre Joãozinho explica que o culto a São José cresceu na história da Igreja, difundiu-se, e hoje tornou-se uma solenidade.
“Quase com a oitava de São José. Só não tem porque o dia 19 de março cai geralmente na Quaresma. Mesmo assim, é um dia solene, em que se canta o Glória, interrompe-se a discrição do tempo quaresmal para festejar São José.”
A importância do pai de Jesus é ressaltada na recente carta do Papa Francisco, Patris Corde, do dia 8 de dezembro de 2020. “Justamente um ano difícil de pandemia, em que o Papa recordou que a humanidade tem necessidade desse pai trabalhador, desse pai nutrício de Jesus. Este Jesus é reconhecido nos quatro Evangelhos como o filho de José, o humilde carpinteiro de Nazaré. Aquele que foi paterno com Jesus, que cuidou d’Ele, a quem Ele obedeceu, cuida também de nós.”
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Padroeiro Universal da Igreja
A carta apostólica do Papa Francisco comemora os 150 anos da declaração de São José como Padroeiro Universal da Igreja por parte do Papa Pio IX em 1870, com seu decreto Quemadmodum Deus.
O próprio Pio IX já havia lançado um decreto Inclytum Patriarcham, em 10 de setembro de 1847, estendendo a festa do Patrocínio de São José para toda a Igreja.
Padre Joãozinho lembra que, depois disso, muitos papas citaram e honraram São José. Depois de Pio IX, o Papa Leão XIII colocou todo o seu pontificado sob a proteção poderosíssima de São José, e lembrou a presença do santo em inúmeros documentos. Na encíclica Quamquam Pluries, de 15 de agosto de 1889, expôs toda sua doutrina sobre São José.
Depois dele, o Papa Pio X e também Bento XV, Pio XI e até mesmo João Paulo II e, agora, Papa Francisco, dedicam seus documentos a São José. O Papa Paulo VI, durante o Concílio Vaticano II, na constituição Lumen Gentium, incluiu um texto sobre São José, e logo no início do seu pontificado, na constituição Redemptor Hominis.
“São José está presente no Magistério da Igreja muito fortemente no século XIX, XX e agora no século XXI. Desde o início, por ser o pai nutrício de Jesus, por ter uma paternidade para com o nosso mestre Jesus de Nazaré, São José atravessa toda a história da Igreja sendo cultuado por sua paternidade, e hoje ele é reconhecido solenemente por nós todos como Patrono Universal da Igreja.”
O maior dos santos
Padre Joãozinho afirma que, de fato, depois de Maria, São José é o maior de todos os santos, porque junto com a Mãe do Senhor ele forma esse núcleo da Sagrada Família.
“Ele é único. Imagina a confiança de Deus em José ao colocar a proteção do Seu Filho nos braços deste carpinteiro de Nazaré. E ele foi fiel, mesmo não tendo os privilégios de Maria. Então, foi grande o mérito de José, porque Ele não era imaculado como era Maria. José não foi assunto aos Céus como Maria. E ele foi, como disse o Papa Francisco, uma sombra. Ele viveu num grande silêncio.”
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José nos Evangelhos
Apesar do conhecido e muito citado silêncio de São José, ele foi um santo muito presente nos evangelhos. O evangelho de Mateus, nos capítulos 1 e 2, é abundante no relato dos sonhos de José.
“São 4 sonhos maravilhosos. Quando ele recebe o anúncio do anjo, que aquele Menino era o Filho do Altíssimo, o Emanuel, Deus conosco. Depois, a necessidade de proteger Maria e o Menino, fugindo para o Egito. Depois, no terceiro sonho, quando estava no Egito, que agora sim ele poderia voltar para Israel. Mas quando vai chegando, tem um outro sonho em que um anjo lhe avisa: ‘Não fique perto de Jerusalém, vá para a Galileia, para o Norte’. E aí ele se estabelece com a Sagrada Família em Nazaré.”
Padre Joãozinho imagina a vida cotidiana de trabalho, oração e de santidade do carpinteiro de Nazaré. O José que, após os 5 anos da idade de Jesus, levava-o para a oficina, para o mercado, para a Sinagoga.
“José é uma figura única, ímpar na Palavra de Deus. Quantas coisas que José não foi ouvindo pela primeira vez da boca do menino Jesus! José foi o único que viu as descobertas de Jesus perante a vida. Inclusive na sinagoga, na Sagrada Escritura, os diálogos que só José ouviu da boca do jovem Jesus de Nazaré, um menino de 8, 9 anos, um perguntador! Se naquele dia no Templo, perdido, o menino perguntou para eles “Não sabíeis que eu devia estar na casa do Meu Pai?”, imagina quantos questionamentos ele não ouviu da boca de Jesus!”
O culto a São José na história
É importante dizer que o desenvolvimento do culto a São José foi permanente na história da Igreja. Padre Joãozinho explica que, desde os primeiros séculos, sempre houve registros dessa devoção. No ano 670, e depois na Europa a partir do século X, por exemplo, surgiram Basílicas, Oratórios, Igrejas, Capelas, Conventos, todos dedicados a São José.
“No século XIX, o fundador da nossa congregação, Padre Dehon, criou o Patronato São José. Hoje, é impossível contar o número de igrejas e paróquias dedicadas a São José. É impossível contar o número de pessoas com o nome de José. Tem até mulher que se chama Maria José. Então, não dá para desprezar, dizer que José foi um grande esquecido. Não foi”, salienta.
Devoção ao santo hoje
Hoje, São José é exaltado na liturgia além de tudo, como Padroeiro da Igreja Universal. Há várias formas de devoção popular dedicadas ao santo, como a ladainha a São José, o rosário de São José, a novena. As quartas-feiras são dedicadas a São José. Existem inúmeras músicas, pinturas. Há muitas congregações religiosas, o escapulário de São José, os 7 domingos de São José e as 19 quartas-feiras dedicadas ao santo. São José está na Ladainha de todos os santos e há um Ofício de São José.
“E tem orações, como a que o Papa Francisco elaborou para este Ano de São José. Na liturgia, também o nome de José, em 1921, foi incluído no prefácio da Missa de São José. O Papa João XXIII colocou depois o nome dele no Cânon da Missa, e o Papa Francisco incluiu o nome de São José na Oração Eucarística II. Existem indulgências vinculadas a orações de São José. Tudo isso para nos recordar o pai de Jesus e patrono universal da Igreja.”
O amor e a devoção a São José devem-se ao reconhecimento de sua importância nos Evangelhos e na vida da Igreja. Padre Joãozinho lembra que, no silêncio, o santo exerceu seu protagonismo.
“Assim como Maria, no capítulo 1 de Lucas, é a protagonista daquele Evangelho mariano, no Evangelho de Mateus, capítulo 1 e 2, José exerce um protagonismo silencioso. Se Maria fala e responde ‘Eis aqui a serva do Senhor’, José responde com gestos. Por isso a obediência silenciosa e determinada de José faz dele, depois de Maria, o maior santo da Igreja Católica.”