20 de fevereiro

Santuário de Fátima recorda aniversário de morte de Santa Jacinta Marto

A mais nova vidente das aparições de Fátima, a pastorinha Jacinta Marto, morreu aos nove anos e fez da vida um exemplo de entrega a Deus

Da redação, com Agência Ecclesia

Santa Jacinta Marto, a mais nova pastorinha de Fátima / Foto: Santuário de Fátima

O Santuário de Fátima, Portugal, recorda nesta quinta-feira, 20, o 105º aniversário da morte da mais nova vidente das Aparições de 1917, ressaltando “a menina que fez da vida um exemplo de entrega a Deus”.

“Jacinta interiorizou, desde o primeiro momento, os pedidos e a mensagem que Nossa Senhora comunicou nas aparições, expressando, desde logo, uma inclinação consciente para o sacrifício e para a penitência”, refere uma citação retirada do livro “memórias da Irmã Lúcia”.

Jacinta Marto morreu no dia 20 de fevereiro de 1920, no Hospital de D. Estefânia, Lisboa, vítima de uma infeção pulmonar, “consequência da gripe espanhola que a debilitou profundamente”. Esta data foi escolhida para a festa litúrgica dos Santos Francisco e Jacinta Marto, canonizados pelo Papa Francisco em 13 de maio de 2017, na Cova da Iria.

O programa das celebrações começou com a recitação do rosário, na Capelinha das Aparições, às 10h (hora local), seguindo-se uma procissão com os ícones dos Santos até à Basílica da Santíssima Trindade, onde é celebrada a Missa da festa litúrgica.

Nesta basílica, a partir das 14h (hora local), está agendado um encontro com os alunos do 2.º ciclo das escolas de Fátima, a quem será oferecida uma catequese sobre a vida dos santos Pastorinhos, seguida da recitação do rosário.

Perfil de Jacinta Marto

O Santuário de Fátima traçou um perfil de Santa Jacinta Marto, a partir de dez citações retiradas do livro “As memórias da Irmã Lúcia”, através das quais pode-se compreender a personalidade, sensibilidade e a profundidade espiritual da pequena vidente.

“A menor contenda, das que se levantam entre as crianças, quando jogam, era bastante para a fazer ficar amuada, a um canto, a prender o burrinho, como nós dizíamos.”

A pequena Jacinta tinha um temperamento sensível e melindroso. Ficava magoada com pequenas contrariedades nas brincadeiras de crianças, perante as quais virava as costas e não brincava mais. Esta atitude demonstra uma imaturidade natural de uma criança de 7 anos, mas também uma personalidade resoluta, característica que, mais tarde, se viria a expressar mais explicitamente na forma como aceitou os pedidos da “Senhora mais brilhante que o sol”.

“Tinha, no entanto, já então, um coração muito bem inclinado, e o bom Deus tinha-a dotado dum carácter doce e meigo que a tornava, ao mesmo tempo, amável e atraente.”

Em contraponto à sua teimosia infantil, Jacinta tinha uma doçura que era reconhecida pelos amigos e familiares. Mesmo numa zanga, a sua bondade natural cativava aqueles que estavam ao seu redor. Num episódio, é a pequena Jacinta que assume pela prima a responsabilidade por estarem a segurar um crucifixo, perante a repreensão eminente da irmã mais velha de Lúcia para que “não tocasse nos santinhos”. “Maria, não ralhes! Fui eu, mas não torno mais”, disse Jacinta. Esta doçura corajosa desarma Maria dos Anjos, que lhe responde com uma carícia.

“Coitadinho de Nosso Senhor! Eu não hei de fazer nunca nenhum pecado. Não quero que Nosso Senhor sofra mais.”

O episódio relatado no parágrafo anterior acontece num dos momentos em que Lúcia contava aos primos a Paixão de Cristo, que ouvia com frequência da sua Mãe. A história do sofrimento de Jesus tocava profundamente o coração da pequena Jacinta, que chegava a não conseguir conter as lágrimas pela profunda compaixão e amor que tinha por Cristo crucificado. Talvez tenha sido esta consciência do sacrifício pascal do Filho de Deus que a levou a tentar evitar sempre com firmeza o pecado e, mais tarde, a oferecer o próprio sofrimento pela conversão dos pecadores.

“Então eu vou para o meu pátio com o Francisco.”

A assertividade para evitar o pecado é notória num episódio narrado por Lúcia nas suas Memórias, no qual Jacinta, perante uma brincadeira onde uma das crianças proferia palavras indecentes, decide afastar-se e brincar sozinha com o Francisco. Este momento expressa claramente o desejo que esta criança assumiu em perseverar na pureza do coração, virtude que viria a cultivar com as aparições de Nossa Senhora.

“E os sacrifícios como os havemos de fazer?”

Jacinta interiorizou, desde o primeiro momento, os pedidos e a mensagem que Nossa Senhora comunicou nas aparições, expressando, desde logo, uma inclinação consciente para o sacrifício e para a penitência. Um dia, ao chegarem os três à pastagem, sentou-se introspetiva numa pedra a pensar na melhor forma de obedecer a Mãe de Deus. “E os sacrifícios, como os havemos de fazer?”, pergunta a Lúcia e Francisco. O irmão sugere que dessem a merenda às ovelhas, hipótese que é prontamente aceita por todos.

“Então, depois de muitos, muitos anos, o inferno ainda não acaba?”

Após a visão do inferno, durante a aparição de 13 de julho de 1917, Jacinta demonstra uma compaixão e preocupação extrema pelas almas que teriam de passar por tamanho sofrimento. Esse entendimento levou a pequena vidente a assumir, de forma ainda mais consciente, o espírito de sacrifício, com vista à salvação das almas. Num momento em que os três decidem oferecer o sacrifício de passar sede, no auge do verão, Jacinta, apesar da condição débil, permanece firme. “Diz aos grilos e às rãs que se calem! Dói-me tanto a minha cabeça!”, pede, ao irmão, que a questiona de seguida: “Não queres sofrer isso pelos pecadores?”, “Sim, quero. Deixa-as cantar”, responde, prontamente.

“Se eles te matarem, diz-lhes que eu e mais o Francisco somos como tu e que também queremos morrer.”

A fidelidade à mensagem de Nossa Senhora era para Jacinta inegociável, sobretudo nos momentos de maior apreensão e incerteza. Quando Lúcia é chamada pelas autoridades para ser interrogada, a prima temeu que ela fosse ameaçada de morte na pressão a que seria sujeita para negar as aparições. Não se deixando intimidar, Jacinta demonstra uma solidariedade e coragem inabaláveis e não expetáveis numa criança de 7 anos, assumindo de forma destemida que estaria disposta a aceitar o sacrifício máximo pela sua fé. Essa disposição demonstra um alinhamento irredutível com as orientações dadas por Nossa Senhora.

“Quem me dera ver o Santo Padre! Vem cá tanta gente, e o Santo Padre nunca cá vem.”

A frase foi proferida por Jacinta após perceber, pela explicação de dois sacerdotes, quem era o Santo Padre. A partir desse momento, a pequena vidente passou a nutrir um carinho especial pelo Papa, por quem passou a rezar com frequência, expressando grande amor e preocupação pelo Sucessor de Pedro. Uma tarde, numa visão, Jacinta viu o Santo Padre numa “casa muito grande, de joelhos, diante de uma mesa, com as mãos na cara, a chorar”, com gente, de fora, a atirar-lhe pedras e a rogar-lhe pragas. A partir deste momento, a sua preocupação genuína pelo Sumo Pontífice intensificou-se.

“Eu, agora, já não bailo mais”

Nas suas Memórias, Lúcia refere que Jacinta tinha um gosto particular pela dança, caracterização que é exemplificada no relato do episódio em que, na prisão, a pequena vidente dança com um recluso, ao toque de uma harmônica. No entanto, Jacinta renunciava a este prazer, sobretudo nas alturas do Carnaval e do São João. “Eu, agora, já não bailo mais”, dizia, nestas ocasiões festivas, oferecendo o sacrifício a Nosso Senhor.

“Eu ofereço por todas, porque gosto muito de todas”

Jacinta tinha um coração profundamente generoso e não conseguia escolher uma intenção particular, quando rezava o Terço. A frase é dita, segundo Lúcia, no contexto da prisão, quando os três Pastorinhos resolvem rezar cada um por uma das intenções. Interrogada sobre qual rezaria, a pequena Jacinta recusa-se a escolher apenas uma e resolve oferecer a oração por todas as intenções.

(informações: Santuário de Fátima)

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