Congregação para a Doutrina da Fé publica nota com resposta negativa à possibilidade de bênção para uniões homossexuais
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
A Igreja não tem o poder de conceder a bênção para uniões homossexuais. Essa é a resposta da Congregação para a Doutrina da Fé publicada nesta segunda-feira, 15, a um “dubium” que tinha sido apresentado. O Papa Francisco foi informado sobre o documento e deu seu consentimento à publicação.
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.: Íntegra do documento em língua portuguesa
O documento é assinado pelo prefeito da Congregação, Cardeal Luis Ladaria, e pelo Secretário, Dom Giacomo Morandi. A nota explica que, em alguns âmbitos eclesiais, estão se difundindo projetos e propostas de bênçãos para uniões de pessoas do mesmo sexo. E isso com o desejo de acolher e acompanhar pessoas homossexuais.
Juntamente com o documento, a Santa Sé publicou um artigo (leia aqui a íntegra em português) comentando a nota explicativa. Ressalta-se a fundamental e decisiva distinção entre as pessoas e a união. “Deste modo, o juízo negativo sobre a bênção de uniões de pessoas do mesmo sexo não implica um juízo sobre as pessoas”, destaca o artigo.
Os motivos da resposta negativa
A nota explicativa pontua três motivos, ligados entre si, para a negativa quanto à benção para as uniões homossexuais.
O primeiro deles é a verdade e o valor das bênçãos. Elas pertencem ao gênero dos sacramentais, que são “ações litúrgicas da Igreja”. Requer-se consonância de vida àquilo que elas significam e geram. E aquilo que é abençoado deve estar ordenado a receber e exprimir o bem que dela é dito e que lhe é doado.
O segundo motivo é que a ordem que torna aptos a receber o dom é dada pelos “desígnios de Deus inscritos na Criação e plenamente revelados por Cristo Senhor”. Relações, ou mesmo parcerias estáveis, que implicam prática sexual fora do matrimônio não respondem a esses desígnios.
O terceiro motivo seria o erro de assimilar a benção das uniões de pessoas do mesmo sexo àquela da união matrimonial. “(…) não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família”, frisa o documento, citando a exortação Amoris laetitia, do Papa Francisco.
Acolhimento e respeito aos homossexuais
A Congregação para a Doutrina da Fé enfatiza que essa declaração de ilicitude das bênçãos para uniões homossexuais não é e não quer ser uma injusta discriminação. O objetivo é lembrar a verdade do rito litúrgico e do quanto corresponde profundamente à essência dos sacramentais.
O documento frisa ainda a necessidade de acolher com respeito e delicadeza as pessoas com inclinação homossexual. E isso sabendo encontrar as modalidades mais adequadas para anunciar a elas a totalidade do Evangelho.
“A resposta ao dubium proposto não exclui que sejam dadas bênçãos a indivíduos com inclinação homossexual, que manifestem a vontade de viver na fidelidade aos desígnios revelados de Deus, assim como propostos pelo ensinamento eclesial, mas declara ilícita toda forma de bênção que tenda a reconhecer suas uniões.”