Beato Artêmides Zatti será canonizado, neste domingo, junto com o beato João Batista Sacalabrini; conheça mais sobre a vida do futuro santo
Huanna Cruz
Da Redação
Além do beato João Batista Scalabrini, será canonizado, neste domingo, 9, o beato Artêmides Zatti, salesiano. Dando sequência à série de matérias sobre a vida e obra de ambos, a reportagem desta quarta-feira, 9, se concentra na biografia do futuro santo salesiano.
Leia também
.: Apóstolo dos Migrantes será canonizado: conheça o beato Scalabrini
.: Scalabrini mostra que o mundo é a pátria de todos, comenta padre
Nascido em 12 de outubro de 1880, em Boretto, província de Reggio Emilia, na Itália, Zatti veio de uma família pobre. Seus pais trabalhavam como arrendatários para outras famílias, porém, pressionados pela pobreza, decidiram emigrar para a Argentina. Chegaram a Bahía Blanca – onde a família tinha um tio – no dia 13 de fevereiro de 1897, e foi nesta cidade que o beato conheceu os Salesianos.
Zatti passava a maior parte do seu tempo livre na paróquia, que estava sob responsabilidade dos Salesianos. Visitava os doentes, acompanhava funerais e ajudava nas missas como sacristão. Com toda essa vivência, sentiu a vontade e o chamado a se tornar salesiano. Tinha 20 anos quando ingressou no aspirantado de Berbal, tendo sido aceito como aspirante por Dom João Cagliero. Queria ser sacerdote.
Segundo o padre Narciso Ferreira, salesiano, o beato Artémides Zatti foi um pedinte de esmola, de dinheiro, de ajuda para os pobres e doentes. Num banco, certa vez, lhe perguntaram: “Qual a garantia que o senhor dá? O que senhor tem?”. A resposta foi o número de tantos doentes para atender.
Padre Narciso narra que, faltando água no hospital, o beato Zatti foi resolver o problema ele mesmo. Caiu da escada, se machucou e foi o começo do fim. Durou um ano ainda uma gangrena na perna. Mas continuava trabalhando com sofrimentos terríveis aceitos com fé. Depois ficou de cama até ao seu fim terreno no dia 15 de março de 1951. Foi um homem de fácil relação humana, com uma grande carga de simpatia, alegre por poder entreter-se com a gente humilde. Mas foi, sobretudo, um homem de Deus, que irradiava a luz da sua presença.
Caminho de santidade
Segundo o salesiano Narciso, o itinerário de santidade de Artémides Zatti se dá no concreto do seu dia a dia. Levantava-se, às 3h, comia uma fatia de polenta e ia para os campos. Mas ao voltar para casa, no fim de semana, Artêmides levava sempre um bom pacote de doces e sua maior alegria era ver os sete irmãos, menores e maiores, devorando tudo alegremente.
Menino alto e magro, alegre e concentrado e frequentador da paróquia dirigida pelos salesianos, o jovem Artêmides encontrou no pároco da época, padre Carlos Cavalli, o seu diretor espiritual. Foi ele quem o orientou para a vida salesiana.
A graça da cura e vocação
Ao cuidar de doentes tuberculosos, contraiu também a doença. Pediu a Maria Auxiliadora a graça da cura, com a promessa de dedicar toda a vida ao cuidado dos doentes. Após uma consulta médica, os superiores decidiram mandá-lo para Viedma. Era ainda aspirante à congregação.
Com a saúde reestabelecida, Zatti começou a trabalhar na farmácia anexa ao Hospital Missionário de São José, que era dirigido pelo padre Evágio Garrone. Naquela época, não era possível aos salesianos professarem o voto caso tivessem alguma doença, assim, os superiores sugeriram que ele professasse como salesiano coadjutor. Após refletir sobre sua vida, Zatti compreendeu a vontade de Deus.
Segundo padre Narciso, o beato percebeu que, com a vocação de salesiano coadjutor, poderia cumprir mais diretamente a promessa que tinha feito a Nossa Senhora. Provavelmente, como sacerdote, não poderia doar-se de modo integral aos doentes, devido aos compromissos sacerdotais. Assim, em janeiro de 1908, fez os votos religiosos como salesiano coadjutor.
Missão
Zatti foi um trabalhador incansável. No hospital, foi administrador, cozinheiro, varredor e enfermeiro, sem nunca deixar de cumprir, com rigor, a vida religiosa comunitária. Quando os doentes não podiam deslocar-se ao hospital, Zatti ia ao seu encontro, numa bicicleta.
Todas as manhãs, durante a sua visita aos pacientes no hospital, cumprimentava-os com boa disposição: “Bom dia. Viva Jesus, José e Maria. Todos respiram?”. O humor e a atenção próxima a cada doente, dizia o salesiano, eram também os seus remédios.
O salesiano coadjutor – depois beato Zatti e, a partir deste domingo, santo Artêmides Zatti – foi um bom samaritano. A sua compaixão e a sua presença alegre curavam, o seu testemunho de fé e esperança, o seu zelo apostólico aos doentes, e o seu amor a Jesus levaram este servo de Deus à sua beatificação.
A sua vida é recordada no filme “Zatti, nosso irmão”, que foi apresentado no 8º Congresso Internacional de Maria Auxiliadora, em Buenos Aires, em 2019, e teve a ante-estreia durante o Capítulo Geral 28, em 2020.