Encontro “Fé e Ciência: rumo à COP26” será em outubro e terá cientistas e líderes religiosos discutindo a mudança climática
Jéssica Marçal, com Boletim da Santa Sé
Da Redação
“Fé e Ciência: rumo à COP26”. Esse será o tema do encontro promovido pelo Vaticano e pelas embaixadas do Reino Unido e da Itália junto à Santa Sé. Nesta quinta-feira, 17, uma coletiva de imprensa no Vaticano apresentou o evento.
O encontro está previsto para o próximo dia 4 de outubro no Vaticano e em Roma, com a participação de líderes religiosos e cientistas. Juntos, discutirão o tema da mudança climática e a necessidade de um compromisso global pelo cuidado da criação. A reunião antecederá a COP 26, conferência da ONU sobre o clima que será de 1 a 12 de novembro em Glasgow, Escócia.
“Temos a obrigação moral de proteger o planeta e os mais afetados pela crise climática, em particular os povos indígenas, pequenos Estados insulares em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos. Mas estamos ficando sem tempo”, destacou a embaixadora da Grã-Bretanha junto à Santa Sé, Sally Jane Axworthy, na coletiva.
Sally lembrou que as temperaturas globais já aumentaram em mais de um grau e caminham para aumentar mais de dois graus. Isso significaria, por exemplo, que 37% da população mundial seria exposta a fortes ondas de calor pelo menos uma vez a cada cinco anos. Na agricultura, o arroz e o trigo se tornariam menos nutritivos, além de danos também para a pecuária e a biodiversidade.
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Segundo a embaixadora, é fundamental manter o aumento da temperatura em 1,5 graus e a COP 26 será a chance para isso.
O papel da fé
De acordo com Sally, os líderes religiosos desempenharam um papel fundamental na construção do ímpeto para a COP21 em 2015. Citou como exemplo a encíclica Laudato si’, do Papa Francisco. Também mencionou o Documento sobre Fraternidade Humana para a Paz Mundial e a Convivência Comum. O documento foi assinado em conjunto pelo Pontífice e pelo Grande Imam de Al Azhar.
Ela informou que foram convidados cerca de 40 líderes das maiores religiões mundiais e dez importantes cientistas para somar no apelo da COP26. Os líderes e cientistas já se reuniram em seis reuniões virtuais ao longo dos últimos seis meses, expondo seus pontos de vista.
Aos líderes religiosos, é pedido o estabelecimento de sua própria teologia sobre o meio ambiente. Também que explanem as medidas que adotaram até agora para proteger o meio ambiente. Por fim, a articulação do que eles desejam para o futuro, incluindo o que gostariam de dizer aos líderes políticos da COP26.
Impulso inédito à COP26
Também presente na coletiva, o embaixador da Itália junto à Santa Sé, Pietro Sebastiani explicou a proposta do encontro de outubro. O evento quer trazer um impulso inédito à COP26, em um ano em que a Itália e a Grã-Bretanha têm, respectivamente, a presidência do G20 e do G7.
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De acordo com Pietro, será também uma ocasião para discutir os temas ecológicos relacionados com aqueles da justiça social. E além disso, refletir sobre um modelo de desenvolvimento que “não pode continuar a produzir um custo ambiental insustentável e a aumentar as desigualdades sociais e econômicas”. Tais efeitos, por sinal, agravados pela pandemia da covid-19, recorda o embaixador.
“A mudança climática é também uma questão moral: devemos intensificar com urgência o nosso agir para responder à ameaça da mudança climática, em particular pelas jovens gerações e pelos países e comunidades mais vulneráveis”.