MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Estudo revela índice alarmante de aquecimento do Polo Sul

Dados mostram que a região desolada aqueceu três vezes mais que a taxa de aquecimento global nas últimas três décadas até 2018

Da redação, com Reuters

Estudos apontam que o Polo Sul aqueceu três vezes mais que a taxa global nos últimos 30 anos / Foto: Reprodução Reuters

No Polo Sul, considerado o ponto mais frio da Terra, as temperaturas estão subindo rapidamente. Tão rápido que Kyle Clem e outros pesquisadores do clima começaram a se preocupar e se perguntar se a mudança climática causada pelo homem está desempenhando um papel maior do que o esperado na Antártica.

Dados de temperatura mostram que a região desolada aqueceu três vezes a taxa de aquecimento global nas últimas três décadas até 2018, o ano mais quente do Polo Sul já registrado, relatam os pesquisadores em um estudo publicado nesta segunda-feira, 29, na Nature Climate Change. Analisando dados de 20 estações meteorológicas na Antártida, a taxa de aquecimento do Polo Sul foi sete vezes maior que a média geral do continente.

“O Polo Sul parecia estar isolado do que estava acontecendo no restante do mundo”, disse Clem, cuja pesquisa está centralizada na Universidade Victoria de Wellington, na Nova Zelândia, a fim de entender melhor o clima da Antártica. “Mas, de repente, tudo aumentou com o aquecimento rápido, um dos mais fortes do planeta”.

Clem e seus colegas queriam explicar por que o continente gelado começou a aquecer rapidamente após um período de resfriamento durante as décadas de 1970 e 1980: era algo natural? Ou foi parte da tendência mais ampla do aquecimento global causada pela atividade industrial humana?

A resposta, eles descobriram, são ambas as hipóteses. O aquecimento do Polo Sul está parcialmente ligado ao aumento natural das temperaturas no Pacífico tropical ocidental, sendo impulsionado para o sul por ciclones nas águas geladas do mar de Weddell, na península antártica.

Mas esse padrão, que se acredita ser parte de um processo natural de várias décadas, explica apenas algumas das tendências deste aquecimento. O que acontece mais perto das costas da Antártica tem mais influência neste derretimento do gelo. Mas esta nova descoberta “significativa” de que o ponto mais ao sul do mundo também é vulnerável ao aquecimento foi uma surpresa para Alexandra Isern, chefe de estudos antárticos da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos. “Uma área do planeta que achávamos estar muito isolada não é tão isolada quanto pensávamos”, disse Isern.

O novo estudo mostra que a Antártica está “acordando” para as mudanças climáticas, alertou Julienne Stroeve, que é professor em Manitoba, Canadá, enquanto trabalha no Data Center Nacional de Neve e Gelo em Boulder, no Colorado. “E isso, para mim, é alarmante”, finalizou.

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