Festa Litúrgica

Padre: Maria Madalena é referência de conversão e fidelidade a Deus

Na Festa Litúrgica de Maria Madalena, devotas comentam impacto da história da santa em suas vidas; sacerdote a define como “discípula fiel”

Huanna Cruz
Da Redação

Vitral de Santa Maria Madalena /Foto: Rottonara – Pixabay

A Igreja celebra nesta segunda-feira, 22, a festa litúrgica de Santa Maria Madalena – ela que foi testemunha da Ressurreição de Jesus, como relata os evangelhos, e cooperou com os discípulos na missão de anunciar a Palavra de Deus.

O missionário da Comunidade Canção Nova, padre Leonardo Ribeiro do Nascimento, recorda que no papado de Francisco, em 2016, a Memória Litúrgica de Maria Madalena passou a ser Festa. “Isso para ressaltar a importância desta discípula fiel de Cristo”, complementa. O sacerdote frisa que a santa é referência de alguém que decidiu por uma vida nova de pobreza, austeridade, fidelidade e, sobretudo, demonstrou concretamente com sua entrega, um grande amor por Deus.

No Decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, responsável pelo documento que instituiu a festa da santa, é declarado que a Igreja, tanto no Ocidente como no Oriente, reservou sempre a máxima reverência a Santa Maria Madalena, primeira testemunha e evangelista da Ressurreição do Senhor, celebrando-a contudo de modos diversos.

“Na nossa época, dado que a Igreja é chamada a refletir de forma mais profunda sobre a dignidade da mulher, a nova evangelização e a grandeza do mistério da misericórdia divina, pareceu oportuno também que o exemplo de Santa Maria Madalena fosse mais convenientemente proposto aos fiéis. Com efeito, esta mulher, conhecida como aquela que amou Cristo e foi também muito amada por Cristo, chamada por São Gregório Magno ‘testemunha da misericórdia divina’ e por São Tomás de Aquino ‘apóstola dos apóstolos’, hoje pode ser vista pelos fiéis como paradigma da missão das mulheres na Igreja”, lê-se no texto.

Patrícia Oliveira Cabral / Foto: Arquivo Pessoal

Devoção

“Maria Madalena chegou na minha vida no tempo do meu noviciado (discipulado) em 2002. Quando entrávamos na comunidade, tínhamos a graça de sermos atendidos pelo Padre Jonas, no início e no final do noviciado. Em um desses atendimentos, o padre me pediu para conhecer Maria Madalena e pedir a intercessão dela. Na época não dei muita importância, mas ela, aos poucos, foi entrando em minha vida, mas quem primeiro me falou dela foi Padre Jonas”, conta a celibatária da Comunidade Canção Nova, Patrícia Oliveira Cabral .

A missionária recorda que no processo de descoberta do seu estado de vida, pediu muito a intercessão da santa. Ao olhar para Maria Madalena, ela conta que sempre visualizava a história da mesma: alguém que encontrou o Amado da sua alma, não o deixou nunca mais e o acompanhou até os pés da cruz.

“Maria Madalena depois de sua conversão, do seu encontro pessoal com Jesus, viveu uma vida de dedicação a Ele. Isso gritava em meu interior. Por isso eu a considero madrinha do meu celibato e fiz meu primeiro compromisso em 22 de julho de 2019”, lembra.

A devoção a Maria Madalena ensina sobre esperança, conversão e que a vida pode ser transformada em meio aos demônios que existem dentro de todos, opina a também missionária da Canção Nova, Adriana de Jesus. “Todos somos chamados a, assim como ela, ser testemunhas da Verdade que é Cristo Jesus”.

Adriana de Jesus Santos / Foto: Arquivo Pessoal

“Minha experiência com Maria Madalena, Mada, carinhosamente como eu a chamo, é que na minha adolescência eu procurava preencher um vazio que sentia dentro de mim e preenchia com vícios, álcool, vaidades, mendigando amor supérfluo na amizade, namoro. Quando ouvi aquele Evangelho em que Jesus não a julgou, mas a acolheu e olhou com aquele olhar penetrante, ali eu senti o verdadeiro amor que toca a alma e devolve a dignidade de ser amada, de ser perdoada, de ser olhada como única”.

Maria Madalena com o ressuscitado

Padre Leonardo sublinha que o próprio Jesus enviou Maria Madalena para anunciar aos discípulos a Boa Nova: “o Mestre ressuscitou!”. E, com alegria, ela declarou: “Eu vi o Senhor!”.

“No relato segundo São João, (…) depois que os discípulos Pedro e João foram ao túmulo e confirmaram que estava vazio, Maria Madalena permanece ali, em lágrimas. Aqui, podemos perceber o zelo de Maria, o seu coração triste, mas, ao mesmo tempo ardente, pois não estava mais ali o corpo de seu Mestre”, reflete o presbítero.

Quem foi Maria Madalena?

Sobre a santa, o sacerdote pontua que seu segundo nome deriva de Magdala, cidade onde nasceu (uma aldeia de pescadores situada às margens ocidentais do Lago de Tiberíades). O evangelista Lucas fala sobre ela, no capítulo 8: “Jesus andava pelas cidades e aldeias anunciando a Boa Nova do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios”.

Padre Leonardo Ribeiro do Nascimento / Foto: Arquivo Pessoal

O presbítero explica que alguns estudiosos bíblicos, e a tradição, defendem que Maria Madalena era uma prostituta, porque, no capítulo 7 do Evangelho de Lucas, narra-se a história de conversão de uma anônima pecadora da cidade. Por fim, ele ressalta que, além do relato de Maria Madalena sendo testemunha do Ressuscitado, ela aparece nos Evangelhos no momento da crucificação de Jesus, junto a outras mulheres.

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