Dom Gallagher visitou o Vietnã e se encontrou com estudantes do Seminário Maior; o arcebispo motivou os seminaristas a serem alegres, enviados ao mundo para ouvir o grito dos pobres
Da Redação, com Vatican News
Nesta sexta-feira, o Secretário para Relações com Estados e Organizações Internacionais, Paul Richard Gallagher, encontrou-se com estudantes do Seminário Maior da arquidiocese de Huếno Vietnã. Durante a reunião, Dom Gallagher motivou os seminaristas a serem pessoas alegres e missionários da caridade, enviados ao mundo para ouvir o grito dos pobres.
Alegria é a palavra que mais se repetiu no discurso que o arcebispo Gallagher dirige aos estudantes do Seminário Maior da arquidiocese de Huế, no Vietnã, como parte de sua visita ao país asiático, que terminará no dia 14 de abril. “Alegria, em primeiro lugar, por estar com vocês nesta minha primeira visita oficial ao Vietnã, porque viemos para nos encontrarmos e construirmos um relacionamento”, declarou.
Gallagher recordou que o Papa Francisco também falou sobre a alegria quando dirigiu-se aos seminaristas logo após sua eleição. “É uma marca registrada do sacerdote que deve ser compreendida em sua profundidade e que deve ser vivenciada”, continuou. O secretário do Vaticano acrescentou que “ser alegre não significa não experimentar tristeza ou sofrimento, momentos de dificuldade e dúvida”. Sobre esse tema, citou as fortes reflexões de São Paulo Le-Bao-Tinh, mártir vietnamita.
O santo escreveu: “A prisão aqui é uma verdadeira imagem do inferno eterno: às torturas cruéis de todos os tipos — correntes de ferro, algemas — somam-se o ódio, a vingança, a calúnia, o discurso obsceno, as brigas, as más ações, as imprecações, as maldições, bem como a angústia e a dor. (…) Em meio a esses tormentos, que geralmente aterrorizam os outros, estou, pela graça de Deus, cheio de alegria e regozijo, porque não estou sozinho. Cristo está comigo.”
Sacerdotes, missionários da caridade
“Essa é a verdadeira alegria”, comentou dom Gallagher, oportunidade em que convida todos a questionarem sua própria capacidade de serem pessoas alegres. E é uma alegria missionária: um exemplo é Madre Teresa de Calcutá que, segundo o arcebispo, por mais de 50 anos experimentou a aridez espiritual, ou seja, a ausência de Deus em sua vida. “No entanto”, continua, “ela estava sempre sorrindo, sempre cheia de alegria em seus olhos! Com seu sorriso, levava essa alegria a todos que encontrava: leprosos, sem-teto, abandonados, pessoas com vícios e doenças.”
Essa é a tarefa confiada aos sacerdotes, diz Gallagher, para serem “missionários da caridade, enviados ao mundo, cheios daquela alegria que os leva a dizer ‘sim’ a Jesus Cristo”, mesmo em meio a renúncias e dificuldades.
A importância da formação para os seminaristas
Viver dessa maneira, enfatizou o secretário vaticano, não é automático, mas “requer esforço constante e preparação séria”, e é por isso que a formação de padres é tão importante para a Igreja. “Seus pastores”, completa, “não devem apenas viver a fé, mas devem ser capazes de transmiti-la e ensinar outros a vivê-la autenticamente”.
O arcebispo recomendou que os seminaristas leiam a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Pastores dabo vobis, na qual o Papa João Paulo II indicou, em 1992, os quatro pilares da formação sacerdotal, oferecendo também “reflexões sobre a identidade do sacerdote, sobre seu relacionamento com Jesus Cristo e sobre alguns desafios específicos que devem ser enfrentados na vivência da fé cristã no mundo moderno”.
Por fim, dom Gallagher deixou espaço para perguntas por parte dos seminaristas presentes. “Que vocês permaneçam sempre cheios de zelo corajoso, esperança alegre e caridade ardente”, foi a saudação e o conselho que concluiu o encontro.