Participantes do curso para reitores e formadores de seminários da América Latina se encontraram hoje com o Papa e puderam ouvir dele orientações sobre a vocação ao sacerdócio
Da Redação, com Vatican News
O Papa Francisco voltou a falar sobre a necessidade de uma formação de qualidade para os sacerdotes, lembrando que se educa mais com a vida do que com as palavras. O Pontífice trouxe essa tônica em seu discurso nesta quinta-feira, 10, em audiência com os participantes do Curso para Reitores e Formadores de Seminários da América Latina.
Segundo o Pontífice, toda formação sacerdotal está no centro da evangelização. Isso considerando que, nas próximas décadas, serão eles que animarão e guiarão o santo Povo de Deus. “É necessária uma formação de qualidade para aqueles que serão a presença sacramental do Senhor no meio de seu rebanho, alimentando-o e cuidando dele com a Palavra e com os Sacramentos”.
Leia também
.: Aos seminaristas, Papa pede oração, estudo e comunhão
.: Papa indica quatro “proximidades” que são pilares para a vida sacerdotal
.: Papa: examinar bem os candidatos ao sacerdócio, considerar fragilidades
Documento sobre dom da vocação presbiteral
O Papa recordou, nesse sentido, a Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis, documento sobre o dom da vocação presbiteral publicado pela Congregação para o Clero, no fim de 2016. Segundo Francisco, o documento preserva a contribuição dada pela Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis, de João Paulo II, que completa 30 anos em 2022.
“Essa exortação oferece explicitamente uma visão antropológica integral, que leva em conta, de forma simultânea e equilibrada, as quatro dimensões presentes na pessoa do seminarista: humana, intelectual, espiritual e pastoral”. Por outro lado, a Ratio fundamentalis reafirma a perspectiva do Papa Bento XVI, que, com o motu proprio Ministrorum institutio, “destacou que a formação dos seminaristas continua, de forma natural, na formação permanente de sacerdotes, ambos constituindo uma única realidade”.
O Papa disse ainda que a atual Ratio fundamentalis descreve o processo de formação dos sacerdotes, desde os anos de seminário, como única, integral, comunitária e missionária.
O caráter comunitário da vocação
Francisco enfatizou que a formação sacerdotal tem um caráter eminentemente comunitário desde sua origem. “A vocação para o sacerdócio é um dom que Deus dá à Igreja e ao mundo um caminho para santificar-se e santificar os outros que não deve ser seguido de maneira individualista, mas sempre tendo como referência uma porção concreta do Povo de Deus”.
Segundo o Papa, um dos desafios mais importantes que as casas de formação sacerdotal enfrentam hoje é o de serem verdadeiras comunidades cristãs. Isso implica não só um projeto formativo coerente, mas também um número adequado de seminaristas e formadores que garantem uma experiência realmente comunitária em todas as dimensões da formação. “Uma tarefa que os bispos devem assumir sinodalmente, em particular no nível de conferências episcopais regionais ou nacionais, tarefa para a qual vocês são chamados a colaborar com lealdade e proatividade”.
Formar homens humildes, não “super-homens”
Concentrando-se nos reitores e formadores de seminários, o Papa destacou que a missão deles não é formar “super-homens” que pretendem saber e controlar tudo e ser autossuficientes. Pelo contrário, é formar homens que sigam humildemente o processo escolhido pelo Filho de Deus, que é o caminho da Encarnação.
“A dimensão humana da formação sacerdotal não é, portanto, uma mera escola de virtudes, de crescimento da personalidade ou de desenvolvimento pessoal, mas implica também e sobretudo um amadurecimento integral da pessoa fortalecida pela graça de Deus que, levando em conta os condicionamentos biológicos, psicológicos e sociais de cada um, é capaz de transformá-los e elevá-los, especialmente quando a pessoa e as comunidades se esforçam para colaborar com ela de forma transparente e verdadeira.”
A leitura da própria história no processo de formação
Segundo o Papa, “uma das tarefas mais importantes no processo de formação de um sacerdote é a leitura gradual e religiosa de sua própria história”. Francisco destacou a necessidade da consciência do impacto formativo que a vida e o ministério dos formadores exercem sobre os seminaristas. “Os formadores educam com suas vidas, mais do que com suas palavras.”
De acordo com Francisco, um dos indicadores de maturidade humana e espiritual é o desenvolvimento e a consolidação da capacidade de escuta e da arte do diálogo. Isso está ancorado em uma vida de oração, onde o sacerdote dialoga com o Senhor todos os dias, mesmo nos momentos de aridez e confusão.
Por fim, o Papa ressaltou que a formação sacerdotal tem como instrumento privilegiado o acompanhamento formativo e espiritual dos seminaristas. Além de padres de diferentes idades, também contribuem outras pessoas que ajudem os seminaristas em seu crescimento humano e espiritual.