No Dia dos Namorados, missionário e conselheiro encarregado dos casais da Comunidade Canção Nova reflete sobre o tempo do namoro segundo a visão cristã
Julia Beck
Da redação

Foto: Canva
Flores, bombons e muitas declarações de amor. Esses são alguns dos presentes trocados pelos namorados nesse 12 de junho – dia dedicado a eles. Na visão cristã, o namoro é um tempo de conhecimento e de discernimento – guiado pela inteligência e pelo Espírito Santo, explica o missionário e conselheiro encarregado dos casais da Comunidade Canção Nova, diácono Waldir Rodrigues. “Conviver para poder discernir”, resume.
Rodrigues explica que é no namoro que se deve questionar: “É essa pessoa que eu quero? Eu aceito essa pessoa com as suas qualidades e limitações? Consigo viver com ela mesmo se ela não mudar no decorrer dos anos? O amor que sinto por ela é suficiente para suportar – no sentido de ser suporte – e construir algo por uma vida inteira?”. O sentido do namoro é de conhecer outro para além das aparências, prossegue o diácono.
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Ter a oportunidade de conhecer a fundo uma pessoa, afirma o missionário, gera decisões mais sólidas e concretas. Ele acrescenta que esse período também proporciona a construção de uma amizade que será muito importante no decorrer da vida conjugal. “Partilhar coisas com a pessoa amada, descobrir pontos em comum, são vivências próprias do tempo do namoro: conversas importantes que serão a base para uma vida matrimonial”, complementa.
Como escolher um companheiro de vida
Escolher um companheiro de vida não é uma decisão tão simples e o namoro é esse tempo para descobrir se a relação irá avançar para um noivado e, posteriormente, um casamento. O conselheiro encarregado dos casais da Comunidade Canção Nova indica alguns fatores importantes que precisam ser levados em conta em um namoro cristão e católico:
“O primeiro deles seria comunhão de fé. Compartilhar a mesma fé é um fator muito importante, muito positivo, útil para a relação, porque tendo uma base comum, as decisões, a visão de mundo, visão de futuro, tudo isso vai ser vivido na ótica da mesma fé. (…). Então, comunhão de fé eu colocaria como um valor importante na escolha de um companheiro e de uma companheira”.
Rodrigues enfatiza que a centralidade de Cristo e o reconhecimento dela ajuda o casal a construir a vida, o namoro em torno de Cristo. “Com isso, nos unimos em torno de Cristo quando estamos felizes, nos unimos em torno de Cristo quando temos problemas, dificuldades, nos desafios próprios da vida a dois”, sublinha.
A importância do perdão
Outros pontos levantados pelo diácono é a pureza e o respeito dentro do relacionamento. Ele frisa a importância de os namorados respeitarem um ao outro e também se respeitarem de forma individualizada. Esse é um fator que o missionário defende que, assim como os outros, deve ser carregado do namoro para o matrimônio.
“O perdão é muito importante para se construir uma relação duradoura”, pontua. Se nós não somos capazes de perdoar, em algum momento isso vai explodir em discussões difíceis”, explica. Segundo ele, se não há perdão, muitas situações não têm solução. A generosidade é outro ponto abordado por Rodrigues. “A vida a dois exige bastante generosidade, pois é exigente, os filhos vêm e são muitas coisas a serem feitas, muitas decisões a serem tomadas”.
Honestidade, princípios e caráter são outros fatores importantes de acordo com o missionário, assim como o comprometimento com o crescimento espiritual. “Se nós caminhamos em Cristo, é importante crescer”. A questão financeira também é pontuada, assim como a boa relação com a família do outro. Ele explica que são muitas as virtudes a serem buscadas no outro, mas essas são algumas fundamentais.
Conflitos
Muitos conflitos já são vividos durante o namoro, no entanto, a forma como lidar com eles é determinante para manter a relação saudável. Diácono Waldir enfatiza que o relacionamento é composto por duas pessoas diferentes e que o diálogo é importante para a chegada de uma posição comum em uma discussão, uma posição que não suprima o outro.
Rodrigues acredita que, em uma divergência, é preciso renúncia de ambos os lados. “Não pode somente um lado renunciar para que um conflito seja resolvido. Nunca um erra sozinho. Sempre tem ou a contribuição ativa do outro no erro ou na omissão. É sempre preciso uma boa conversa para resolver os conflitos. Eles, quando bem administrados, são uma ótima oportunidade de crescimento. A crise, ela nos ajuda a crescer”, complementa.
A humildade, a caridade, a mansidão e a boa comunicação não podem falta na administração de um conflito, reforça o diácono.
Todo namoro precisa acabar
Todo namoro precisa acabar. Rodrigues esclarece que o namoro é uma etapa de preparação para o matrimônio e ele deve terminar porque depois dele, vem outra etapa, que é a do noivado, que é quando o casal já decidiu que quer se casar e agora vai se preparar para isso com conversas mais sérias e profundas.
Depois do fim do noivado, inicia a etapa do casamento, que é toda uma vida vivida em conjunto. “Agora, aquilo que se vive enquanto namoro, a comunhão, a partilha, os momentos juntos, (…) isso não precisa acabar. É por isso que muitas vezes usam a expressão ‘eternos namorados’, porque aquilo que era cultivado enquanto namorados continua”, reflete.
Deste modo, o missionário incentiva os casais que vivem o matrimônio a serem eternos namorados e prosseguirem com a vivência de belos momentos, agora mais maduros.