SANTOS E BEATOS

Em visita à Canção Nova, postulador explica trabalho na causa dos santos

Paolo Vilotta é postulador de diversos processos de beatificação e canonização no Brasil, e conduz cerca de 40 causas atualmente e analisa a beatificação de Padre Leo

Paolo Vilotta / Foto: Daniel Xavier (CN)

Kelen Galvan
Da redação, com colaboração de Thiago Coutinho

Em viagem ao Brasil, o postulador de diversos processos de beatificação e canonização na Igreja, Paolo Vilotta, visitou a Canção Nova nesta quinta-feira, 18.

Vilotta conta que conheceu a Canção Nova há muitos anos, em Roma, por meio do trabalho realizado pelo jornalismo no Vaticano. E tem conhecido mais atualmente, sendo postulador da causa de beatificação do Padre Léo, SCJ, fundador da Comunidade Bethânia.

“Agora que estou imerso na vida do Padre Léo, indiretamente estou aprendendo sobre Padre Jonas”, conta Vilotta. O fundador da Comunidade Bethânia frequentou a Canção Nova por muitos anos, fazendo pregações e programas de televisão e tinha uma profunda amizade com Padre Jonas Abib, fundador da Canção Nova.

O postulador comenta que, ao analisar a vida do Padre Léo, algo que o impressiona é seu “impacto social”, com seu “modo único de ser e de falar”.

“A Canção Nova, naquilo que já tenho nos documentos e testemunhos do Padre Léo, contribuiu também mostrando suas pregações”, explica Vilotta. Ainda hoje, 17 anos após sua morte, a TV Canção Nova exibe as pregações de Padre Leo e muitas pessoas são alcançadas por sua evangelização.

“Com isso é confirmado que, muita gente que nunca o conheceu, somente olhando essas pregações, seu modo de falar, começaram sua conversão. Quando a informação é utilizada, feita de uma forma na linha do Evangelho, dá frutos. Com isso há uma grande responsabilidade de vocês [Canção Nova] e uma grande riqueza, que saiu daqui. Essa fórmula necessita também daquela linguagem que vocês estão contribuindo muito mostrando a todo mundo. E um grande trabalho vai ser também colocar, naquilo que se pode, legendas em outras línguas”.

Buscamos a verdade, explica o postulador Paollo Vilotta / Foto: Daniel Xavier (CN)

“Advogado” dos santos

Comumente, o postulador é identificado como um “advogado” porque representa o promotor da causa. Na terminologia de uma causa dos santos, o postulador é chamado de “autor da causa”, detalha Vilotta.

O postulador apresenta essa causa às instituições, seja eclesiástica, civil ou em Roma. diferente do trabalho de um advogado, porém, que, muitas vezes defende alguém que assumiu uma culpa, na causa dos santos, o postulador tem aquela responsabilidade de chegar também à verdade.

“Durante o inquérito de uma causa, a finalidade é a verdade. Nós temos a grande responsabilidade de levar até o Papa, porque ele é o último que vai decidir, uma figura que, possivelmente pode ser canonizada. Há todo um percurso, de mostrar que ele [o candidato a santo] viveu sua vida em grau heroico ou que viveu o martírio ]ofereceu sua vida]”, esclarece.

Vilotta conta ainda que, entende sua atuação como um trabalho de condução. “Há uma equipe e cada um tem o próprio encargo. Não é entregar nas mãos do postulador, mas estar de mãos unidas. Eu conduzo porque conheço as regras, as práticas atualizadas, mas há uma responsabilidade de cada um. É um caminho. A palavra causa pode enganar, parecendo um processo jurídico, mas fazer uma causa de um santo é ‘abraçar’ toda aquela motivação que ele criou”, diz.

Realidade no Brasil

Paolo Vilotta é o postulador de cerca de 40 causas de beatificação ou canonização aqui no Brasil. Ele destaca que a Igreja pede atualidade de cada causa e aqui no país há diferentes tipologias. Para ele, o desafio, muitas vezes, é ser o mais claro possível no contexto de cada candidado a santo.

“Eu me ocupei da causa do Guido Schaffer, o surfista, apresentar uma figura como ele, até uma monja contemplativa como a Madre Carminha, de Tremembé”, exemplifica.

O postulador explica que a Igreja pede um trabalho muito profissional e minucioso, e, às vezes demora anos. Trata-se, em suas palavras, de tempo oportuno. “Muitas vezes é importante chamar vários profissionais, seja um teólogo daquela área, historiador, sociólogo, com pareceres diferentes”.

Vilotta lembra que às vezes há uma crítica à Igreja alegando que a instituição lança mão de muito sigilo em torno do processo de beatificaçã de um santo. “O trabalho é reservado, para que desta forma chegue mais próximo da verdade. E se chega, porque a responsabilidade é grande”, declara.

Vilotta afirma que a Igreja no Brasil tem respondido ao antigo apelo do Papa João Paulo II, que disse: “O Brasil precisa de santos”. Ele contou que foi criada uma comissão na CNBB para tentar reunir as causas de todo o Brasil, pois é um modo de torná-las conhecidas no País e também no exterior.

Aprovações recentes

Vilotta expressa sua gratidão a Deus por ter conduzido muitos dos recentes processos da causa dos santos aprovados pelo Papa Francisco nesses últimos anos. Do Brasil, recorda que o último foi no mês de março, quando foi declarado venerável o padre Libério Rodrigues Moreira, da diocese de Divinópolis. “Isso é importante evidenciar, o reconhecimento das virtudes é fundamental no percurso da santidade. A beatificação e canonização depende muito de Deus”, destaca.

Mas a mais recente, foi a italiana Beata Elena Guerra, cuja canonização foi autorizada pelo Papa Francisco no sábado, 13. “Fui postulador dela e foi aprovado o milagre que acontece no Brasil, na Diocese de Uberlândia. E agora vamos aguardar o anúncio do Papa de quando será a canonização”, destaca.

Paolo Vilotta lembra ainda que Elena Guerra é muito venerada não só na América do Sul, mas no Brasil e também pelo movimento da Renovação Carismática Católica. “[Essa aprovação] Foi uma alegria muito grande não só para mim, mas para muitas pessoas”, conclui.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

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