Conferência

Eliminar as armas nucleares é um desafio e um imperativo, diz cardeal

Secretário de Estado do Vaticano pronunciou-se na conferência sobre desarmamento promovida em Assis pelo “Comitê por uma civilização do amor”

Da redação, com Vatican News

Foto: Johannes Daleng via Unsplash

A pandemia “está nos ensinando uma lição valiosa”, ou seja, que “é necessário reconsiderar nosso conceito de segurança”, que “não pode se basear na ameaça de destruição recíproca e no medo, mas deve encontrar seu fundamento na justiça, no desenvolvimento humano integral, no respeito aos direitos humanos, no cuidado com a criação, na promoção de estruturas educacionais e de saúde, no diálogo e na solidariedade”.

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Foi o que afirmou o cardeal secretário de Estado Pietro Parolin, abrindo com uma mensagem de vídeo a conferência “A conversão das armas nucleares? Convém!”. O evento é organizado pelo “Comitê por uma civilização do amor”. Ele foi realizado na manhã desta quarta-feira, 17, na Sala de Imprensa do Sagrado Convento em Assis, na região italiana da Úmbria.

Confiança real e duradoura entre as Nações

O encontro reuniu diferentes realidades empenhadas em promover o desarmamento, a eliminação dos arsenais nucleares e sua conversão em iniciativas de paz. Estas realidades foram elogiadas pelo cardeal secretário de Estado.

Segundo o purpurado, os esforços estão em consonância com a visão da Santa Sé de uma comunidade internacional baseada no desenvolvimento e no fortalecimento da “confiança real e duradoura” entre as Nações. Na busca do bem comum é, portanto, urgente adotar estratégias perspicazes, explica ainda o cardeal Parolin.

Para além do medo e do isolacionismo

“O objetivo final da eliminação total das armas nucleares é tanto um desafio quanto um imperativo moral e humanitário”, afirma o cardeal secretário de Estado, e “uma abordagem concreta deve promover uma reflexão sobre uma ética da paz e da segurança multilateral e cooperativa, que vá além do medo e do isolacionismo que permeiam muitos debates atuais”.

Neste sentido, há dois momentos nos próximos meses em que a comunidade internacional tem a possibilidade de refletir sobre estas questões.

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Secretário de estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin / Foto: Bohumil Petrik/CNA

Os eventos diplomáticos do próximo ano

Em janeiro próximo, de fato, vai se realizar a décima conferência de Revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, que, recorda o cardeal Parolin, será “um momento crucial para a comunidade internacional e em particular para as potências nucleares” para “demonstrar claramente sua capacidade de compreender os desafios atuais, enfrentá-los e resolvê-los”.

Em março, por sua vez, haverá a primeira reunião entre os signatários do recente Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares, que não foi aderido pelas potências nucleares e os Estados seus aliados militares (com exceção da Holanda) e entrou em vigor em janeiro passado.

O purpurado definiu o acordo como “um sucesso da diplomacia multilateral” e lembrou que “sua negociação e entrada em vigor não teriam sido possíveis sem a ação das muitas Associações da sociedade civil comprometidas com a promoção contínua do desarmamento e da paz”.

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As palavras do Papa sobre o desarmamento

Na conclusão, o cardeal secretário de Estado recordou as palavras do Papa Francisco para o 54º Dia Mundial da Paz em 1º de janeiro passado. Segundo o purpurado, elas devem ser consideradas como um guia para os próximos passos rumo ao desarmamento.

“Quanta dispersão de recursos para armas, em particular para as armas nucleares? – se pergunta o Papa. A resposta é destinar esses recursos para a promoção da paz e do desenvolvimento humano e da saúde, através da instituição de um “Fundo mundial para poder eliminar definitivamente a fome e contribuir para o desenvolvimento dos países mais pobres!”

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